Evidências apontam que este tempo já é suficiente para gerar alterações benéficas no organismo
Bebidas alcoólicas — Foto: Freepik
Fora do Brasil, campanhas como "Sober October", "Dry January" e "Dry July", que significam "Outubro sóbrio", "Janeiro seco" e "Julho seco", em tradução livre, ganham cada vez mais visibilidade. Essas iniciativas incentivam as pessoas a ficarem sem beber por um mês. Pode parecer inútil não beber por tão pouco tempo, mas evidências apontam que isso já é suficiente para gerar alterações benéficas no organismo.
Segundo especialistas, os benefícios vão variar de acordo com o padrão de consumo de cada um. Por exemplo, para pessoas que bebem pouco, abster-se totalmente do consumo de álcool por um mês pode trazer uma sensação de controle sobre sua própria saúde ou de realização ao atingir uma meta definida. Já para pessoas com um padrão de consumo problemático, as alterações fisiológicas da iniciativa podem ser mais impactantes.
O consumo exagerado de álcool está associado a diversos riscos à saúde. Entretanto, estudos recentes mostram que baixas doses já são suficientes para aumentar o risco de alguns tipos de câncer, por exemplo. O consumo moderado de álcool é definido como até duas por dia para homens e uma para mulheres. Uma dose de álcool equivale a 14 gramas de álcool puro ou uma lata de 350 ml de cerveja, uma taça de 150 ml de vinho ou uma dose de 45 ml bebida destilada.
Para aqueles que consomem uma quantidade maior que essa, ficar sem consumir álcool mesmo que por apenas 30 dias pode ajudar o corpo da seguinte forma: alívio do fígado, redução do risco de doenças cardiovasculares, redução do risco de câncer, perda de peso, melhor no sono e na capacidade cerebral. Além disso, esse período pode ser apenas o início de uma mudança duradoura para pessoas que têm um padrão abusivo de consumo.
Um estudo de 2015 descobriu que pessoas que pararam de beber por um período de cinco semanas tiveram um risco reduzido de danos ao fígado, melhor equilíbrio da glicose e melhores esforços para perda de peso. Um mês sem álcool também demonstrou diminuir as proteínas promotoras de câncer no sangue.
Outro estudo, publicado na revista científica Canadian Medical Association Journal descobriu que adultos – especialmente mulheres – que pararam de beber apresentaram aumento em seu bem-estar mental geral. Além disso, o consumo de álcool prejudica o sono. Você pode achar que é o contrário porque o álcool ajuda a induzir o sono mais rápido. No entanto, isso interfere no seu ciclo do sono, deixando-o menos reparador. Dormir mal de forma crônica, por si só, prejudica a saúde. Quando isso é causado pelo excesso de álcool, os danos da falta de sono se somam aos causados pela bebida.
Parar de beber também deixa a pele mais bonita. O álcool desidrata a pele e reduz as reservas de antioxidantes, aumentando o risco de danos causados pelos radicais livres. Cortar o álcool ajuda a aumentar a hidratação da pele e a produção de colágeno, levando a uma aparência mais radiante e firme.
Outro fator impactado positivamente é o peso. As bebidas alcoólicas são calóricas e, além disso, a ressaca predispõe a escolhas alimentares pouco saudáveis. Dessa forma, cortar o álcool contribui com a silhueta. Um estudo publicado na revista Obesity mostrou que pessoas que diminuíram ou eliminaram as calorias do álcool perderam mais peso.
Por fim, não é segredo que o consumo de álcool altera o funcionamento do cérebro. Um estudo publicado em 2015 na revista científica BioMed Research International mostrou que os efeitos de curto prazo da bebida alcoólica incluem mais emotividade, redução do controle motor, lapsos de memória e aumento da impulsividade.
A boa notícia é que um curto período de abstinência já ajuda o cérebro a se recuperar. Outro estudo, publicado na revista científica Alcoholism: Clinical and Experimental Research mostrou que pessoas com transtorno de uso de álcool recuperaram o volume de massa cinzenta no cérebro em apenas duas semanas sem beber. Isso melhora o processamento de emoções, previsão de consequências de decisões e a concentração.
Fonte: O Globo