Segundo o pai do pequeno Gustavo Brunow, o próprio Hemocentro se surpreendeu com a quantidade de cadastros para doação
A cidade de São Gabriel da Palha, na região Noroeste do Espírito Santo, se mobilizou por uma causa nobre: encontrar um doador de medula óssea compatível com o pequeno Gustavo Colombi Brunow, de 9 anos, diagnosticado com leucemia em outubro de 2023.
A programação aconteceu no município nos dias 31 de janeiro, 6 e 7 de fevereiro. Doadores foram até a Igreja Adventista de São Gabriel da Palha, onde estava um ônibus de coleta externa do Hemoes para realizar a coleta.
A ação foi feita em parceria com a igreja a pedido do pai de Gustavo, o agricultor Lucas Martins Brunow.
"Lá tem o pessoal da Igreja Adventista, que tem um projeto de doação de sangue. Eu entrei em contato com eles e pedi para fazerem uma campanha de doação de medula. Fizemos uma vídeo campanha e tudo aconteceu na última sexta, ontem e hoje, graças a Deus teve bastante cadastro", contou.
Segundo o pai de Gustavo, os próprios voluntários se surpreenderam com a quantidade de cadastros para doação durante a campanha no local.
De acordo com ele, todos ficaram felizes pela doação, muito além do esperado para ajudar a criança e outras pessoas que sofrem de leucemia no Estado.
"Falaram que a mobilização na cidade, na região, foi muito bonita. Teve um movimento muito acima do esperado, porque o pessoal se mobilizou muito para fazer a coleta. Todo mundo junto é muito mais forte", disse.
O agricultor conta que a busca por um diagnóstico para o filho teve início em setembro de 2023, quando Gustavo começou a se queixar com os pais de dores nas pernas e nas costas.
Foi preciso que Gustavo e os pais viessem para Vitória, onde foi cravado o diagnóstico de leucemia.
"Acho que um diagnóstico desses é algo que nem passa pela cabeça, dá um baque não só nos pais, mas na família de maneira geral. É difícil, a barra é muito grande".
A princípio, os médicos acreditavam que Gustavo precisaria apenas passar por sessões de quimioterapia, mas conforme a doença foi se desenvolvendo, a necessidade por um transplante foi ficando cada vez mais evidente.
Acontece que no Espírito Santo, de acordo com o pai do garoto, o transplante de medula óssea não é feito em crianças, e a família terá que viajar para São Paulo para realizar o procedimento assim que um doador compatível foi encontrado.
No momento, Gustavo está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Unimed, em Vitória.
"Ele agora fica hospitalizado e recebendo medicamentos para quando puder receber o transplante. O Instituto Nacional de Câncer está à procura, a equipe médica do Espírito Santo já está alinhada, quando derem o ok e soubermos que temos um doador, vamos para São Paulo na hora", disse o agricultor.
Lucas e a esposa Renata Colombi deixaram o trabalho para trás para cuidar do pequeno na capital e a expectativa é de que o doador seja encontrado o mais rápido possível.
"Nós deixamos o serviço na cidade. A prioridade é cuidar dele, depois corremos atrás do trabalho. A família toda tem fé em Deus, a gente sabe que é difícil, que a cada 100 mil doadores achar um compatível, mas a gente tem fé de que vai achar".
Na UTI, Gustavo conta apenas com a presença constante dos pais, uma vez que as visitas são bastante restritas e não podem acontecer todas as semanas.
O pai do garoto faz ainda um apelo para que as pessoas doem medula óssea no Espírito Santo, para que possam ajudar outros pacientes como o Gustavo a se tratarem da doença.
De acordo com ele, em levantamento feito pelo próprio Hemocentro, apenas 180 mil pessoas são doadoras de medula no Espírito Santo, um número muito abaixo do esperado.
"Para ser sincero, acho que ainda é pouco divulgado. É tão simples doar, é só ir a qualquer hemocentro e vão tirar de 5ml a 10ml de sangue para ver se a pessoa pode doar. No Espírito Santo são só 180 mil doadores e, de novo, são 100 mil para ter um compatível. As pessoas precisam procurar saber como doar. Muitas pessoas ganham até descontos em vários eventos culturais por doarem medula".
Fonte: Folha Vitória