Capital do Espírito Santo, Vitória pode ter lei que torna crime e multa quem alimentar o animal que, majoritariamente, é espantado por gavião; entenda caso
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Os pombos são aves que vivem em ambientes urbanos, morando em estruturas como telhados, forros, caixas de ar condicionado, torres de igrejas e marquises.
Associados à paz, muitas pessoas alimentam essas aves com comida como restos de refeições, pão e pipocas. Segundo o Ministério da Saúde, esse ato prejudica a saúde dos animais e pode criar uma certa dependência alimentar.
Por isso, o município de Vitória pode ter uma nova lei para proibir a alimentação de pombos urbanos, que prevê até mesmo o pagamento de uma multa de R$ 200 por parte de quem descumprir, por mais de uma vez, a lei da Capital.
No entanto, por que será que existe toda essa preocupação com essas aves? Eles são tão perigosos assim? Pois é, a população de pombos cresce muito rápido, transformando-se em um sério problema de saúde.
De acordo com informações de Angélica Weise, do portal Drauzio Varella, esses animais podem transmitir doenças aos seres humanos, principalmente através das suas fezes.
Flávio de Queiroz Telles Filho, médico infectologista e professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explicou à jornalista que “o contato com a pele e mucosas pode ocasionar doenças alérgicas, raramente reações anafiláticas (reações alérgicas repentinas) graves”.
Quais são as doenças dos pombos?
Além da alergia, o Ministério da Saúde afirma que os pombos conseguem transmitir várias doenças graves que podem levar à morte ou deixar sequelas.
• Salmonelose (intoxicação alimentar): doença infecciosa provocada por bactérias. A contaminação ao homem ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com fezes animais;
• Criptococose (infecção pulmonar): doença provocada por fungos que vivem no solo, em frutas secas e cereais e nas árvores; e isolado nos excrementos de aves, principalmente pombos;
• Histoplasmose (infecção fúngica): doença provocada por fungos que se proliferam nas fezes de aves e morcegos. A contaminação ao homem ocorre pela inalação dos esporos (células reprodutoras do fungo);
• Ornitose ou Psitacose (febre dos papagaios): doença infecciosa provocada por bactérias. A contaminação ao homem ocorre pelo contato com aves portadoras da bactéria ou com seus dejetos;
• Meningite (inflamação das meninges): inflamação das membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
O especialista explica que “a principal doença transmitida por fezes de pombos é a criptococose, transmitida pela inalação de esporos do Cryptococcus neoformans, que se desenvolvem em fezes de pombos e de outras aves (psitacídeos ou periquitos e papagaios, andorinhas, etc)”.
Por que fezes de pombos podem matar?
Segundo informações de Angélica Weise, existe um motivo para o perigo. As fezes das aves contêm ureia e creatinina, nutrientes propícios para o Cryptococcus.
Dessa forma, quando as fezes se desidratam no ambiente, podem conter uma quantidade significativa de esporos que podem ser inalados por seres humanos e animais, ao serem transportados pela corrente de ar.
Flávio esclarece que a maioria das pessoas infectadas, que inalaram o fungo, não apresenta manifestações clínicas. No entanto, “pacientes imunodeprimidos por aids, HIV, transplantados de órgãos sólidos (rim, fígado, etc), usuários de corticosteroides e imunobiológicos podem ter mais risco de desenvolver criptococose”, explica.
Ainda de acordo com o infectologista, a forma mais comum da doença é a meningite ou meningoencefalite criptocócica, causada pelo Cryptococcus neoformans. Esta doença afeta 250 mil pacientes globalmente a cada ano, resultando em uma taxa de mortalidade de até 20%, dependendo do país.
Além disso, a criptococose pode causar graves sequelas, como alterações na visão ou audição, crises convulsivas, paralisias e até pneumonia.
O que fazer em caso de pegar doença?
Em situações de contato com as fezes das aves, seja por meio da pele, olhos ou boca, Flávio aconselha a “lavar bem o local, apenas com água”, porque também evita a exposição ao pó.
No entanto, se surgir algum desconforto, é essencial procurar atendimento médico, pois os hospitais oferecem tratamentos específicos para algumas das doenças mencionadas ao longo da reportagem.
Segundo Angélica, diversas organizações recomendam parar de alimentar pombos em áreas urbanas como uma medida para reduzir sua população e mitigar o risco de doenças associadas. Ação que pode virar lei na Capital do Espírito Santo.
Veja medidas de controle dos pombos
• retirar ninhos e ovos;
• umedecer as fezes dos pombos com desinfetante antes de varrê-las;
• utilizar luvas e máscara ou pano úmido para cobrir o nariz e a boca ao fazer a limpeza do local onde estão as fezes;
• vedar buracos ou vãos entre paredes, telhados e forros;
• colocar telas em varandas, janelas e caixas de ar condicionado;
• não deixar restos de alimentos que possam servir aos pombos, como ração de cães e gatos;
• utilizar grampos em beirais para evitar que os pombos pousem;
• acondicionar corretamente o lixo em recipientes fechados;
• nunca alimentar os pombos.
De acordo com o Ministério da Saúde, é muito importante para nossa saúde controlar a população desses animais na comunidade.
Eles devem procurar locais mais adequados para viver, com alimentação correta e longe dos perigos das cidades. Um pombo na cidade vive em média 4 anos, enquanto em seu ambiente natural pode viver até 15 anos.
Fonte: Folha Vitória