Festa comemorada em Vitória reuniu cerca de três mil pessoas e contou com uma representação do navio italiano 'La Sofia'.
Há 150 anos, o navio 'La Sofia' atracava no Porto de Vitória, no Espírito Santo, com os primeiros imigrantes italianos. Para celebrar a data, uma programação especial foi realizada na capital, com cortejo marítimo, tombo da polenta e meia tonelada de macarronada que foram distribuídos de forma gratuita em Vitória.
A Associação da Imigração Italiana estima que mais de três mil pessoas participaram de toda a festa no último sábado (17).
A comemoração foi marcada por trajes de época, música e muita dança, reunindo descendentes representantes de várias cidades do Espírito Santo para marcar a data.
Gente como o Seu José, em que a história da família começou com a chegada dos avós em 1913.
"A gente usa muitos costumes ainda da época. Por exemplo, a polenta, a gente come quase todo o dia. A polenta veio com os imigrantes, era o que tinha para comer na época", disse José Cauz, aposentado.
Uma comitiva de alma e coração de italianos e brasileiros embarcou na Praça do Papa em direção ao Porto de Vitória.
O Daniel e a Magali vieram para cantar.
"Minha família tem uma tradição italiana de muitos anos. A gente tem pratos típicos da nossa família, faz festa, a gente preserva um pouco das nossas raízes", contou o cantor Daniel Maioli.
A ideia durante a comemoração é tentar recriar com o máximo de detalhes possível a vinda dos primeiros imigrantes italianos para o Brasil. Tem até entrega de bilhete escrito em italiano para embarcar no navio La Sofia, mostrando a saída de Genova, na Itália, para Vitória no Brasil em 1874.
"Não dá para falar o sentimento desse evento que nós estamos fazendo hoje. Porque na verdade é uma encenação. Nós estamos hoje representando e homenageando 80 famílias de imigrantes que vieram do Porto de Gênova para o brasil há 150 anos. Eu tenho certeza que lá tinha alguém da minha família. Eu estou muito emocionada em saber que estou podendo representar uma daquelas famílias", relatou Rosa Maioli, da Associação da Imigração Italiana.
Até quem não tem família de descendente de italiano se sentiu em casa.
"É uma honra participar disso aqui. Eu não sou descendente de italiano, mas eu acho que eu sou mais italiana do que muita gente. Eu participei de alguns musicais italianos, então isso aqui está no meu coração", comentou a cantora Magali Santos.
Depois do cortejo e da caminhada até a Catedral Metropolitana de Vitória, meia tonelada de macarrão a bolonhesa com muito manjericão foram servidos.
Teve até um tombo da polenta e uma tradição italiana conhecida como "Tavolata", que é o famoso "junta prato" no Brasil, onde pessoas levam pratos de comida para ajudar na festa.
Conexão Itália x Espírito Santo
O Espírito Santo é considerado, oficialmente, o berço da imigração italiana no Brasil, pois foi em território capixaba que teve início a grande epopeia da imigração italiana para o país.
A inauguração desse processo imigratório se deu em 1874 com a chegada da Expedição Tabacchi, composta por 388 camponeses norte-italianos (trentinos e vênetos).
Até o ano de 1900 verificou-se a entrada de 34.925 imigrantes italianos para os portos do estado.
Encontram-se no Espírito Santo representantes de todas as regiões da Itália, mas a preponderância é para aquelas do norte (Vêneto, Lombardia, Trentino-Alto Ádige, Emilia-Romagna, Piemonte, Friuli-Venezia Giulia, Liguria e Vale d'Aosta), que, juntas, forneceram 92% dos imigrantes. As regiões do centro contribuíram com 6% e as do sul, com 2% dos italianos.
Da Redação/Com informações do G1 ES