Mulher fratura duas vértebras e perde movimentos após cair em exercício de acroyoga

Lindalva fraturou as vértebras C5 e C6 e realizou uma cirurgia para fusão das vértebras e colocação de parafusos. Vitória, Espírito Santo. — Foto: Reprodução/Redes sociais

Durante uma oficina de acroyoga, a fotógrafa e terapeuta ayurvedica Lindalva Firme Guedes, de 32 anos, sofreu um acidente quando fazia uma atividade em dupla e caiu de uma altura de cerca de 1,5 metro com a cabeça direto no chão. A queda provocou as fraturas em duas das vértebras (C5 e C6), ocasionando tetraparesia e paraplegia.

A tetraparesia significa uma sequela neurológica de dormência e formigamento, com redução da força muscular nos membros. Já a paraplegia é uma condição física quando o paciente não consegue movimentar ou sentir as pernas, geralmente causada por uma lesão na medula espinhal. Nos dois casos, é possível reverter o caso dependendo do grau de comprometimento.

O marceneiro e esposo de Lindalva, Alexandre Brunoro, contou que o casal mora em Domingos Martins, na Região Serrana do Espírito Santo, e que a companheira foi para Vitória no último dia 24 de janeiro para fazer a oficina de acroyoga.

"Quando ela se acidentou, estava com outra aluna, sendo sustentada. A moça segurava os braços e a Lindalva estava de cabeça para baixo, com as pernas na lombar dela. Houve um desequilíbrio, a dupla não conseguiu sustentar o peso e a queda aconteceu", explicou Alexandre.

A fotógrafa bateu com a nuca direto no chão, com o peso todo do corpo. Imediatamente, sentiu dormência e não conseguiu fazer nenhum movimento. Consciente, ela ainda pediu para ninguém encostar em qualquer parte do corpo dela e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado pelos colegas.

Lindalva pratica yoga há oito anos, é recém-formada como instrutora da atividade e se preparava para começar a dar aulas. Ela tem vivência na cultura, já foi para a Índia, estudou medicina ayurveda, mas ainda não havia praticado a acroyoga.

Lindalva Firme Guedes sofreu um acidente quando fazia uma atividade de acroyoga e fraturou duas vértebras. — Foto: Reprodução/Redes Sociais

No dia da queda, a fotógrafa foi levada para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), em Vitória, e encaminhada diretamente para a UTI. No dia 1° de fevereiro foi realizada uma artrodese, procedimento para fundir as vértebras com a colocação de parafusos.

Há dez dias, Lindalva está na casa dos pais de Alexandre e começou o processo de reabilitação.

Segundo Alexandre, apesar das fraturas, os médicos explicaram que a lesão da companheira foi incompleta, sem rompimento da medula e a regeneração da mesma pode acontecer em até dois anos.

Alexandre e Lindalva, quando ela estava internada. — Foto: Arquivo pessoal

"Dentro desse período, não é possível prever qual vai ser a evolução, depende de uma série de fatores e dos estímulos recebidos. De toda forma, seu quadro, até agora, é considerado um milagre pela família", disse o marceneiro

"Ela não perdeu a lucidez em nenhum momento, não precisou ser entubada. Segundo os médicos, normalmente quem tem esse tipo de lesão não consegue respirar, tem algum tipo de sequela respiratória e cardiovascular. No caso dela não teve isso", complementou.

Para a fotógrafa, foi um acidente, e ninguém previa que poderia acontecer. "A instrutora da oficina é experiente na área, o espaço é conhecido, ela confiou no trabalho, apesar dos riscos de qualquer atividade como essa", disse por meio de Alexandre.

Família estima custo de mais de R$ 170 mil para tratamento

Na situação em que está agora, Lindalva precisa de ajuda para tudo, sair da cama, ser colocada na cadeira de rodas, para tomar banho, e se alimentar. Uma cuidadora começou a auxiliá-la nesta semana.

A regeneração está sendo lenta e deve seguir assim, mas a família já percebe uma evolução do quadro.

"Todo dia é uma pequena vitória. Com a fisioterapia ela está conseguindo ter mais força. Já consegue mexer o abdômen, a escápula, um pouco dos braços [...] Ainda não tem controle da bexiga e do intestino, e não faz os movimentos finos".

"Fizemos o levantamento de quanto custaria uma equipe especialista em reabilitação neural em uma clínica de Vitória, com todos os equipamentos, tratamentos, fisioterapia, psicólogo… E chegamos ao valor de R$ 170 mil até o final deste ano", pontuou Alexandre.

O casal não tem renda fixa, o companheiro trabalha no sítio como marceneiro, e, desde o dia do acidente, está parado, acompanhando Lindalva na Capital. Ela não tem plano de saúde. Por isso, uma mobilização está sendo feita nas redes sociais.

Ainda de acordo com a família, o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) demora para ser autorizado e não é tão completo, sem contar que eles têm pressa. "Quanto mais rápido a gente agir, maior e mais rápida pode ser a recuperação", falou Alexandre.

"Ela é muito ativa, muito viva, tem sede de vida. Com certeza vai voltar o mais rápido possível ao que era", disse confiante o companheiro.

O que é acroyoga?

A professora Talita Berlim Reis pratica acroyoga desde 2015 e é uma das responsáveis por divulgar a modalidade no Espírito Santo nos últimos sete anos. Ela explicou que a atividade é uma junção de três práticas: yoga, acrobacia e massagem tailandesa.

Na acroyoga sempre é necessário mais de uma pessoa para participar, geralmente uma faz a sustentação e a base e a outra está erguida, "voando", como é o costume de identificar.

Segundo a professora, muitas vezes uma terceira pessoa fica como "cuidador" - também chamado de "anjo" - dessa dupla que está fazendo o movimento, para minimizar ou auxiliar no caso de queda.

"Como envolve acrobacia algum risco existe na atividade. Mas a ideia é que exista uma progressão dos movimentos. A pessoa começa por posturas mais simples, com alguém que conhece a atividade e vai respeitando os seus limites", falou.

A professora avalia que não são comuns acidentes. "Às vezes, acontecem quedas, mas até elas podem ser calculadas e minimizadas. Uma queda dessa gravidade é uma fatalidade. Em todos esses anos de prática, eu conheci apenas uma pessoa em Brasília que sofreu um acidente delicado", lembrou.

Ela reforça ainda que o risco de queda existe para as duas pessoas, mesmo para quem faz a base. "Até quem pratica há muitos anos, tem coisa que parece simples e na hora de fazer descobre que é difícil. É importante atenção e cuidado, respeitar os limites".

Talita lamentou o ocorrido. "A acroyoga é uma prática bem bonita, que te desafia, trabalha a confiança, comunicação, consentimentos… traz uma metáfora bonita das relações [...] Ficamos sabendo do caso em um grupo de praticantes da atividade e todos ficaram muito tristes".

Fonte: G1


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