Anvisa recolhe cinco marcas de fórmulas infantis com suspeita de contaminação por bactéria letal

Medida foi tomada após investigação de quatro internações de bebês que consumiram produtos de lotes suspeitos das marcas Human Milk Fortifier, Similac PM 60/40, Similac, Alimentum e EleCare, da Abbott
Bernardo Yoneshigue
Sede da Anvisa, em Brasília Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Anvisa determinou o recolhimento de lotes das fórmulas infantis em pó Human Milk Fortifier, Similac PM 60/40, Similac, Alimentum e EleCare, da empresa Abbott Nutrition, que foram fabricados na cidade de Sturgis, nos Estados Unidos. A medida é parte de um alerta internacional feito após a abertura de uma investigação de quatro internações de bebês com menos de seis meses de idade, e um óbito, que consumiram os produtos. Em inspeção da fábrica de Sturgis, que terminou no último dia 18, foi encontrada uma bactéria nociva em superfícies de áreas de produção das fórmulas infantil em pó .

A agência brasileira proibiu ainda a importação, a comercialização, a distribuição, a propaganda e o uso dos lotes das fórmulas suspeitas. De acordo com a Anvisa, três das crianças que ficaram doentes apresentaram infecções pela bactéria Cronobacter sakazakii , e a outra por Salmonella Newport . Na investigação, realizada pela Food and Drugs Administration (FDA), órgão regulatório dos EUA, a bactéria Cronobacter sakazakii , que pode causar graves doenças transmitidas por alimentos principalmente em bebês, foi encontrada na fábrica.

Segundo a FDA, a inspeção na unidade concluiu que, no local, a Abbott não tinha um sistema de controle que abrangesse todas as etapas do processamento para evitar a contaminação microbiana da fórmula infantil, e a equipe que trabalhava com os produtos também não usava roupas de proteção necessárias.

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O alerta para o recolhimento dos produtos foi realizado por meio da Rede Internacional de Autoridades de Segurança Alimentar (Rede Infosan). A Abbott Nutrition também anunciou a medida de forma voluntária em mais de 40 países, entre eles o Brasil. Procurada pelo GLOBO, a representante brasileira da empresa ressaltou que, no momento, nenhum produto nutricional da Abbott vendido no Brasil de forma regular está afetado pelo recolhimento, e que a companhia já começou a implementar “ações corretivas e melhorias na fábrica de Sturgis nos Estados Unidos”.
Como identificar os lotes?

Os lotes com suspeita de contaminação que estão sendo recolhidos no Brasil podem ser identificados pelos dígitos na parte inferior da embalagem. De acordo com orientações da Anvisa, as numerações do lote começam com os dois primeiros dígitos entre 22 e 37, contendo K8, SH ou Z2, e com data de validade para 1º de abril de 2022 ou data posterior.

Como consultar a numeração dos lotes de fórmulas infantis recolhidos pela Anvisa. Foto: Anvisa

No caso de fórmulas com os dígitos acima, a recomendação da agência sanitária é que o produto não seja consumido e que a Abbott seja contatada para a devolução do produto pelo telefone 08008912690 ou pelo e-mail nutricaobrasil@abbott.com.

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O que é fórmula infantil?

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam o aleitamento materno até os dois anos de idade ou mais e de maneira exclusiva até os seis meses de vida. Porém, em casos de impossibilidade, e após recomendação de um profissional de saúde especializado, é utilizada a fórmula infantil como substituto para os lactentes, bebês com menos de seis meses..

Isso porque os bebês não devem ser alimentados com leite de vaca, já que ele tem uma composição diferente que não atende às necessidades do recém-nascido, além de poder prejudicar o seu desenvolvimento.

Segundo orientações da Anvisa, durante o uso da fórmula é preciso diluir o produto na quantidade adequada e na temperatura segura (70ºC), que garante um risco menor de contaminação por microrganismos nocivos, como determinadas bactérias.
O que fazer se a fórmula estava sob suspeita?

Primeiramente, é importante lembrar que, embora graves, foram poucos os casos registrados de infecção pela fórmula contaminada, e nenhum deles no Brasil. Além disso, mesmo fazendo parte do lote produzido na fábrica de Sturgis, nos Estados Unidos, é possível que o produto não tenha sido prejudicado pela bactéria.

O pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Academia Americana de Pediatria (AAP), Odilo Queiroz, explica que, caso a criança tenha ingerido a fórmula sob suspeita, ou qualquer outro alimento que tenha risco de estar contaminado, os responsáveis devem comunicar o médico e ficar atento ao surgimento de sinais.

— Normalmente, em casos de intoxicação alimentar causadas por bactérias, a conduta é que os responsáveis fiquem vigilantes se o bebê vai apresentar ou não algum sintoma, principalmente aqueles gastrointestinais, como náuseas, vômitos, cólicas, diarreias, distensão abdominal. Só em casos de sintomas que é importante se dirigir ao pediatra ou à emergência mais próxima para que o bebê seja avaliado — afirma Queiroz.


Fonte: O Globo 


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