Edison Brittes foi condenado a mais de 42 anos de prisão pela morte do jogador. Filha dele, Allana, e a esposa, Cristiana, foram condenadas por fraude processual, corrupção de menores e coação processual.
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Caso Daniel: veja momento em que juiz anuncia sentenças da família Brittes
As sentenças contra a família Brittes no julgamento sobre o assassinato do jogador Daniel Corrêa Freitas foram definidas a partir de avaliação do Conselho de Sentença, formado por sete pessoas.
O cálculo das penas e a leitura das condenações foram feitas pelo juiz Thiago Flores na noite de quarta-feira (20), após três dias de julgamento no Fórum de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. Assista acima.
De sete acusados de envolvimento na morte, Edison Brittes Júnior, Cristiana Brittes e Allana Brittes foram os únicos condenados.
Edison, réu confesso, teve a pena mais alta: 42 anos, 5 meses e 24 dias de prisão inicialmente em regime fechado por homicídio triplamente qualificado. Ele foi o único responsabilizado especificamente pela morte do jogador.
Edison também foi condenado a 2 anos e 1 meses de detenção, pena que pode ser cumprida em regime em aberto. Antes da condenação, ele já estava preso há mais de cinco anos.
Allana Brittes, filha de Edison, foi condenada a mais de seis anos de prisão em regime fechado. Ela, que estava respondendo ao processo em liberdade, saiu presa do fórum.
A esposa de Edison e mãe de Allana, Cristiana Brittes, foi condenada a seis meses de detenção e um ano de reclusão em regime aberto.
Na hora da leitura das sentenças, Edison, Cristiana e Allana estavam na sessão, mas em uma área em que não podiam ser vistos ou filmados.
Daniel Corrêa Freitas, que tinha 24 anos, foi encontrado morto em outubro de 2018, em São José dos Pinhais. Ele estava parcialmente degolado e com o órgão genital cortado, segundo a polícia. Relembre o caso abaixo.
Confira as condenações da família Brittes:
Edison Luiz Brittes Júnior:
- 42 anos, 5 meses e 24 dias (reclusão/regime fechado);
- 2 anos, 1 mês e oito dias (detenção, que pode ser cumprida em regime aberto);
- Condenado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vitima); ocultação de cadáver; fraude processual; corrupção de menores; coação ao curso do processo.
Cristiana Rodrigues Brittes:
- 6 meses de detenção;
- 1 ano de reclusão (regime aberto);
- Condenada por fraude processual e corrupção de menores;
- Absolvida das acusações de homicídio qualificado e coação ao curso do processo.
Allana Emilly Brittes:
- 6 anos, 5 meses e 6 dias de reclusão (regime fechado);
- 9 meses e 10 dias de detenção;
- Condenada por fraude processual, corrupção de menores e coação ao curso do processo.
Réus absolvidos
No julgamento, o Conselho de Sentença absolveu quatro réus. Confira abaixo:
David Willian Vollero Silva:
Absolvido de todas as acusações (homicídio qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual);
Ygor King:
Absolvido de todas as condenações (homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual);
Eduardo Henrique Ribeiro da Silva:
Absolvido de todas as acusações (homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual);
Evellyn Brisola Perusso:
Absolvida da acusação de fraude processual.
O caso:
Votação dos jurados
Para as sentenças, sete jurados precisaram responder a 140 quesitos (perguntas) sobre os crimes dos quais os réus eram acusados. Para isso, eles foram isolados em uma sala.
Com a decisão dos jurados, o juiz fez a dosimetria (cálculo) da pena dos réus. Com o cálculo concluído, o juiz retornou ao salão do júri e proferiu as sentenças.
Na hora da leitura, o magistrado pediu que os réus fossem até o centro do plenário para a leitura das sentenças, mas só três foram até o local: Eduardo, Ygor e David.
Acusados de envolvimento na morte de Daniel Correa Freitas, em 2018 — Foto: Reprodução/RPC |
O que dizem as defesas
O advogado Nilton Ribeiro, que defende a família de Daniel, avaliou as sentenças como justas.
"Apenas três dias de julgamento. Foi um julgamento muito célere, trabalho muito sério, a imprensa pode acompanhar isso, exercendo um trabalho magnífico [...] Daniel guarda as chuteiras. Acabou o jogo, o árbitro decretou o final do jogo. Daniel agora repousa e a família fica mais tranquila."
A defesa da família Brittes, composta por sete advogados, disse que vai recorrer das sentenças com a finalidade de anular o júri. A defesa alega "diversas nulidades ocorridas no curso do julgamento e, alternativamente, para revisão do cálculo da pena aplicada ao acusado Edison Brittes".
"Dos cinco acusados pelo homicídio, quatro foram absolvidos. Quanto a pena aplicada para Alana Brittes, além de exagerada, não autorizaria prisão", finaliza a nota.
A advogada Clarissa Taques, defesa de Eduardo Henrique da Silva, disse que "a absolvição de Eduardo foi consequência de um julgamento justo".
O advogado Rodrigo Faucz, defesa de David Willian Silva Ygor King, afirmou que as absolvições dos dois significam "uma vida nova".
A advogada Thayse Pozzobon, defesa de Evellyn, disse que a absolvição dela era o resultado esperado, e afirmou que ela "agora ela vai poder retomar a vida".
Relembre o crime
Relembre o assassinato do jogador de futebol Daniel Correa Freitas
O jogador de futebol Daniel Correa Freitas, 24 anos, foi encontrado morto na área rural de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, em 27 de outubro de 2018. Ele estava parcialmente degolado e com o órgão genital cortado, segundo a polícia.
O empresário Edison Luiz Brittes Júnior confessou em entrevista à RPC e em depoimento à polícia ter assassinado Daniel.
Tudo aconteceu depois da festa de aniversário de 18 anos da filha de Edison Brittes, Allana, na noite de 26 de outubro de 2018, na qual também estava Daniel, em uma casa noturna de Curitiba.
A festa continuou na manhã do dia seguinte na casa dos Brittes.
Edison Brittes alegou, em depoimento à polícia, que Daniel tentou estuprar a esposa dele, Cristiana Brittes, e que matou o jogador "sob forte emoção".
Antes de ser agredido e morto, o jogador Daniel trocou mensagens e fotos com um amigo em que ele aparecia deitado ao lado de Cristiana Brittes.
Dois dias após o crime, Edison Brittes marcou um encontrou em um shopping de São José dos Pinhais para, segundo a denúncia, coagir testemunhas.
A reunião foi registrada por câmeras de segurança.
No inquérito concluído pela Polícia Civil, o delegado Amadeu Trevisan afirmou que não houve tentativa de estupro por parte do jogador Daniel contra Cristiana.
Além disso, o delegado disse que Cristiana e a filha Allana mentiram em depoimento prestado à polícia.
O delegado disse também que o jogador não teve como reagir à agressão que sofreu dentro da casa, pois Daniel estava embriagado. De acordo com um laudo pericial, o jogador apresentava 13,4 decigramas de álcool por litro de sangue e não estava sob efeito de drogas.
Fonte: G1