Filhos de produtores modernizam o campo e apostam na sustentabilidade para produção de café especiais

Em Venda Nova do Imigrante, na Região Serrana do Espírito Santo, quatro jovens amigos orientam mais de 300 cafeicultores em todas as etapas de produção de cafés especiais.

Dério Filho, Luiz Henrique Pimenta, João Paulo Malacarne e Phelipe Brioschi fundaram uma empresa que orienta atualmente cafeicultores em todas as etapas de produção de cafés especiais. — Foto: TV Gazeta

Conheça as diferenças em todo o processo de produção dos cafés especiais no ES

Em uma propriedade em Venda Nova do Imigrante, na Região Serrana do Espírito Santo, a família Brioschi cultiva não apenas café, mas uma tradição que se estende por quase um século. O patriarca da família, Dério Brioschi, compartilha a história que chegou da Itália junto com seu bisavô, que começou o plantio. Com os anos, os desafios e as tecnologias mudaram, o plantio passou por gerações, e o foco da produção foi para os cafés especiais.

"A produção de café na nossa região começou há cerca de 100 anos com os imigrantes italianos, incluindo meu bisavô, Giovanni Brioschi. A tradição passou de geração em geração, mas, quando chegou a minha vez, enfrentamos um novo desafio: ‘como melhorar a produção em uma área limitada?’. Resolvemos, então, aprimorar a qualidade", revelou Dério.

A aposta da família foi em descascar o café. "Passou um tempo, a gente viu que era viável produzir o café de qualidade porque se uma saca de café comum valeria hoje R$ 800. Já o café de commodity, esse café de qualidade, seria vendido a R$ 1.000, R$ 1.200".

Atualmente, a propriedade da família abrange quase dez hectares, com cinco variedades de café em diferentes estágios de crescimento, focada na produção de cafés especiais.

Seguindo a tradição da família, Phelipe Brioschi e Dério Filho, filhos de Dério, são a nova geração a tocar a produção na propriedade. Para eles, agora, o desafio apresentado foi outro: a mudança climática e a abordagem inovadora para preservar a qualidade dos frutos.

Phelipe tem formação especializada em café e dá o suporte na parte do manejo. "Com o passar dos anos, os desafios mudam. Hoje, é a questão climática. No nosso caso, utilizamos o abacate como uma segunda cultura para o sombreamento, reduzindo a temperatura média do café. Além disso, introduzimos novas variedades para uma produção mais sustentável, aumentando a qualidade".

Além de introduzir o abacateiro no meio do cafezal, os produtores passaram a inserir novas variedades, mas sem afetar o meio ambiente.

"Aí a gente consegue produzir mais, fazer um manejo diferenciado de solo e de pragas, sendo o mais sustentável possível", pontuou Phelipe.

Entretanto, o trabalho não parou por aí. Os irmãos viram que era possível inovar além da propriedade. Os dois se uniram a João Paulo Malacarne e Luiz Henrique Pimenta, amigos de formação no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), que também são filhos de produtores.

Os quatro fundaram uma empresa que orienta, atualmente, 300 cafeicultores em todas as etapas de produção dos chamados cafés especiais, que precisa de condições específicas para ser assim classificado.

"Desde a época do plantio à escolha da variedade, da época da colheita, nos tratos culturais, no espaçamento, na poda, tudo isso é bem importante", explicou Phelipe.


Tecnologia na separação dos grãos

Depois que sai da propriedade, os grãos de café são levados para um armazém, onde passam por um meticuloso processo de rebenefício, conforme explica Luiz Henrique Pimenta, sócio-criador e responsável pelo espaço. "Desde a remoção de impurezas até a separação por tamanho, formato e cor, garantimos a pureza e qualidade do café".

Uma máquina eletrônica é capaz de separar os grãos de melhor qualidade. "É uma tecnologia mais aperfeiçoada, onde a gente consegue cadastrar cafés e falar para a máquina o que ela tem que fazer", disse Luiz Henrique.

"Cadastramos os grãos bons e depois cadastra os rejeitos (são seis tipos). Ou seja, a gente monta uma receita de cada café para deixar ele sem defeitos e ter o aproveitamento máximo possível do café que entrou no maquinário", falou Luiz Henrique.

Por dia, a produção no maquinário chega a 100 sacas, que corresponde a seis toneladas de café prontas para venda. Se forem para exportação, os grãos são ensacados nas chamadas alfa bags. Mas, caso a venda seja local ou para outro estado, o grão pode ser armazenado em embalagens menores, de 30kg.

"O nosso maquinário foi pensado para fazer microlotes, porque é a realidade da nossa região, com famílias pequenas, produção pequena. Então, a gente montou a estrutura que vai ajudar tanto o pequeno produtor quanto fazer uma prestação de serviço para uma empresa grande. A gente consegue dimensionar e colocar a logística do maquinário de uma forma que fique fluido o processo que vai trazer esse suporte e benefício para os produtores".


Degustação e classificação do café

Café pronto e ensacado, uma amostra vai para empresa que fica no centro de Venda Nova do Imigrante, e chega até o João Paulo Malacarne, degustador de café, responsável por atestar a qualidade da bebida.

Cafés com notas acima de 80 pontos são considerados especiais. — Foto: TV Gazeta

"Realizamos a torra, moagem e infusão para avaliar aroma, sabor e acidez. Cafés com notas acima de 80 pontos são considerados especiais, prontos para serem vendidos por encomenda", explicou.


Fonte: G1


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