Segundo a PF, evolução patrimonial do suspeito de mandar matar Marielle coincide com o ingresso na política.
Imagem retirada da internet |
O conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão enriqueceu 2.300% entre 2002 e 2010: seu patrimônio passou de cerca de R$ 209 mil para R$ 5 milhões. A conclusão consta no relatório final da Polícia Federal que aponta Brazão como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.
De acordo com a corporação, a evolução patrimonial coincide com o seu ingresso na política, em 1996.
O relatório da PF cita uma reportagem do Jornal O Globo que mostra a evolução patrimonial entre 2002 e 2010. Também são citados dados de 2006 a 2010 apresentados pelo político à Justiça Eleitoral, que apontam o crescimento patrimonial de aproximadamente 300% (de R$ 1,2 milhão para R$ 5 milhões, em valores não corrigidos pela inflação).
Em 2006, Brazão declarou ter crédito da compra de um apartamento, quatro frações de lotes em locais diversos e dois apartamentos, sendo o bem de mais alto valor declarado uma unidade de R$ 196 mil na avenida Sernambetiba, na Barra da Tijuca.
Já em 2010, ele lista cinco bens imóveis, três terrenos, além de uma casa e um apartamento. O maior valor declarado é referente a um apartamento de R$ 2 milhões na Barra da Tijuca.
"Domingos Brazão e sua família são o exemplo dos muitos casos de sucesso no cotidiano brasileiro que misturam o ingresso na política com a ascensão patrimonial vertiginosa", avalia a PF.
O documento descreve de forma detalhada as empresas criadas e adquiridas pela família Brazão ao longo desses anos. A primeira empresa aberta por Domingos Brazão em 1985, antes do seu ingresso na política, chamava-se Robedom Comércio de Joias e Metais Preciosos LTDA e foi encerrada em 1999.
Concomitante à primeira, o hoje conselheiro do TCE-RJ abriu a Sangue Bom Autopeças LTDA, que em 1993 teve alteração em seu contrato social de "oficina, mecânica e lanternagem" para "comércio de veículos novos, usados e sinistrados". Ela foi encerrada em 2005, quando Brazão já exercia mandato.
Cerca de um mês depois, em abril, segundo narra a PF, o Disque-Denúncia recebeu a informação de um desmanche de veículos roubados na sede da empresa. Em novembro do mesmo ano, houve nova denúncia.
Outra situação relatada pela PF diz respeito a quatro empresas do ramo alimentício que tinham Sylvio Pinheiro como sócio. Embora declare residir em um condomínio de casas na Avenida Sernambetiba, área destinada a casas de alto padrão, Pinheiro recebeu auxílio emergencial o que, para a PF, "denota ser mero laranja".
Em 2007, Domingos Brazão foi autuado por sonegação fiscal pela Receita Federal. O auto de infração foi no valor de R$ 130 mil.
A defesa de Domingos Brazão nega participação no crime.
Fonte: G1 Política