O g1 esteve na galeria onde Paulo aparece imóvel em cadeira de rodas. ‘Os pés dele estavam arrastando pelo chão’, contou um funcionário.
Erika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, na delegacia antes de ser presa por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver em agência bancária. — Foto: Reprodução/TV Globo |
O delegado Fábio Luiz da Silva Souza, titular da 34ª DP (Bangu), afirmou que Erika Nunes tentou comprar um celular e chegou a pedir um novo empréstimo com Paulo Roberto Braga, o idoso levado morto a um banco na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
“Há informações de que ela foi na Crefisa, tentou fazer a compra de alguns bens, como telefones”, disse o delegado. Segundo as investigações, essas tratativas foram entre segunda (15) e terça-feira (16), antes do episódio no Itaú do Calçadão de Bangu, onde foi constatada a morte do idoso.
Atendentes da financeira serão chamados para depor.
Souza afirmou ainda que o laudo da morte de Paulo “vai ao encontro de tudo o que está sendo investigado”.
“No laudo diz que ele morreu entre 11h30 e 14h30. O médico do Samu falou que ele morreu pelo menos duas horas antes da chegada dele. Ou seja, ele chegou umas 15h30, então o óbito teria acontecido por volta das 13h30. Está dentro do que foi falado pelo laudo e do que está sendo apurado”, detalhou.
“Naquele momento em que ela comete aquele ato [tentar sacar R$ 17 mil], ele já estava morto há algum tempo, umas horas antes”, emendou.
O laudo de exame de necropsia afirmou não ser possível determinar se o idoso morreu antes ou depois de chegar ao banco.
“Isso não faz diferença nenhuma. O que faz acontecer o crime é ela [Erika] saber que a pessoa está morta e mesmo assim ela continuar com aquela conduta. Então, se eu tivesse morrido um minuto antes e mesmo assim ela continuasse com aquela conduta, fingindo que ele está vivo, o crime se consuma”, pontuou.
Quebra de sigilo bancário
O delegado disse que vai pedir à Justiça do RJ a quebra do sigilo bancário do idoso. O acesso às informações e ao histórico bancário da vítima — como dados pessoais, movimentações financeiras, saldos, extratos e investimentos — vão ajudar a montar um perfil de Paulo Roberto.
Testemunhas ouvidas pela polícia na tarde de quarta-feira (17) disseram que o idoso ficava com os próprios cartões e tinha controle de suas contas bancárias. Um dos depoimentos foi o de Rafaela Souza, irmã de Érika.
"Vamos buscar informações de quantos empréstimos havia, se foram realizados outros em nome dele, outros financiamentos, ou seja, qualquer tipo de movimentação que tenha saído da conta dele."
"Mas, também, vamos buscar ouvir outras testemunhas que corroboram o estado dele dentro do shopping, como ele estava. Por enquanto nenhum parente apareceu. A gente já buscou e não aparece. Qualquer parente que aparece dele é vinculado a Érika", disse Fábio Luiz.
Testemunhas em shopping
O g1 esteve no Real Shopping, galeria para onde Erika levou o tio a fim de pegar uma cadeira de rodas para empurrá-lo até o Itaú.
“A gente ainda alertou a ela que as pernas e os pés dele estavam arrastando pelo chão. Mas, ela disse que, por conta da condição dele, era normal arrastar e que ficava assim mesmo”, contou um funcionário.
“Depois, ela saiu com a cadeira de rodas, que sumiu. Tínhamos duas, agora só temos uma. Não sabemos onde a outra foi parar”, emendou.
Uma atendente do BMG disse que Erika esteve na loja na terça e perguntou sobre empréstimos.
“Ela veio na loja na terça, mas como estava cheia e eu estava atendendo muita gente, eu acabei falando com ela por alto sobre como funciona [o empréstimo], mas não vi ele aqui dentro. Aí, ela foi embora e não voltou mais”, narrou.
Fonte: G1