Pressão alta pode causar infarto, AVC e até perda de visão; saiba como prevenir


Especialistas alertam que hábitos como sedentarismo e alimentação inadequada fazem com que o problema afete pessoas cada vez mais jovens


Muitas vezes silenciosa, a hipertensão, mais conhecida como pressão alta, atinge cerca de 35% da população do país, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Além de ser responsável por até 80% dos casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e de até 60% dos infartos, a doença também pode provocar insuficiência renal e perda de visão.

No Dia Mundial de Combate à Hipertensão, especialistas alertam que o principal desafio é conscientizar as pessoas sobre a importância da melhora do estilo de vida e do início do tratamento, antes mesmo do surgimento dos sintomas, uma vez que a pressão arterial elevada provoca lesão na parede dos vasos sanguíneos.

“Somos capazes de permanecer por longos períodos sem apresentar nenhum sintoma relacionado à elevação da pressão arterial. O problema é que o surgimento dos sintomas normalmente ocorre quando nossos mecanismos de adaptação já apresentam fragilidades, sendo esses sintomas habitualmente já decorrentes de complicações circulatórias graves e em órgãos muito nobres: coração, cérebro, rins e olhos”, explica o cardiologista Bruno Ceotto, da Cardiodiagnóstico.

Uma pessoa é considerada hipertensa quando a sua pressão arterial apresenta valores iguais ou acima de 14 por 9 (140mmHg X 90mmHg). Para além da genética e do avanço da idade, a condição é o resultado da combinação de vários fatores ligados ao estilo de vida. Entre os principais, estão: sedentarismo, obesidade, exageros no uso de sal e de alimentos processados, uso abusivo de álcool e sono de má qualidade.

Se não for identificada e acompanhada com tratamento adequado, a doença também pode afetar a saúde dos olhos, como é o caso da Retinopatia Hipertensiva. “Quando a pressão do sangue nos vasos fica muito alta, eles se tornam mais finos, o que dificulta a chegada de sangue, nutrientes e oxigênio à retina, causando uma espécie de infarto dessa região, que pode evoluir com várias complicações, inclusive perda da visão em casos mais graves”, explica a oftalmologista Yessa Vervloet, do Hospital de Olhos Vitória..


Maneiras de evitar a pressão alta
  • Reduzir a quantidade geral de sal na alimentação;
  • Combater o sedentarismo. Manter-se fisicamente ativo é fundamental, pois os exercícios físicos regulares, principalmente os aeróbios, são parte do tratamento;
  • Tratar a obesidade e o sobrepeso;
  • Abandonar o tabagismo;
  • Reduzir consumo de bebidas alcoólicas (o álcool aumenta a pressão) e de refrigerantes (estes são ricos em sódio).


Exercícios físicos são aliados

O cardiologista Fabrício Bortolon, da MedSênior, explica que adotar um estilo de vida saudável, incluindo alimentação balanceada e atividade física, são medidas fundamentais para evitar a doença no futuro.


“Boa parte das doenças crônicas podem ser evitadas com adoção de hábitos saudáveis desde cedo. A hipertensão arterial é, talvez, a principal delas. Excluindo os fatores genéticos, que não são mudados, e o avançar da idade, que não controlamos, alguns comportamentos determinantes para o desenvolvimento da doença no futuro podem ser revistos”, diz.

Ter uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes e o mais natural possível, é fundamental. O médico é claro ao recomendar evitar alimentos ricos em sal. “O sódio é um grande vilão para o desenvolvimento e descontrole da pressão arterial. Mais do que reduzir a quantidade de sal na comida, é preciso ficar atento aos alimentos industrializados ricos em sódio e evitá-los também”, orienta. O ideal é consumir até duas gramas de sal por dia. “No Brasil, esse consumo chega a sete gramas de sal diariamente”, comenta.

Fazer exercícios físicos diminui o percentual de gordura corporal, auxilia nos níveis de colesterol e glicemia, fortalece a estrutura óssea e muscular e melhora a condição cardiovascular das pessoas. Hipertensos não só podem, como devem praticar atividades físicas.

“Para reduzir o risco de complicações como infarto do miocárdio e AVC e para auxiliar no controle da pressão. As recomendações principais envolvem iniciar atividades de maior intensidade apenas quando o controle da pressão estiver otimizado e passar pela avaliação do cardiologista para receber orientações específicas, conforme as comorbidades associadas", diz o cardiologista André Cogo Dalmaschio.

O cardiologista André Cogo Dalmaschio fala sobre a importância do exercício físico. (Divulgação)

"Arritmias, problemas de válvulas ou dilatação da aorta exigem cuidados especiais"

André Cogo Dalmaschio • Cardiologista

Por se tratar de um desafio de saúde mundial, Bruno Ceotto afirma que os tratamentos para hipertensão estão sempre em evolução e novos recursos surgem a cada dia. “Existem recursos tanto para controle da pressão arterial, com medicações mais eficazes e com menos efeitos colaterais. Também há inovações para o tratamento das inúmeras complicações decorrentes”, afirma.

O cardiologista pontua que o tratamento deve ser prescrito de forma individualizada por um especialista. “O principal desafio terapêutico segue sendo a conscientização da importância do tratamento iniciado ainda em uma fase em que não surgiram sintomas. Devemos também buscar sempre a melhora em nosso estilo de vida que trará não somente o controle pressórico adequado, mas também promoção de qualidade de vida e longevidade”, finaliza.



Fonte: A gazeta




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