Defesa de empresário, que foi preso na quinta (11), afirma que acusações são 'armação política'.
Mulher que denunciou Rodrigo Carvalheira por estupro diz que empresário 'enfiou comprimido' na boca dela
Ao menos três mulheres denunciaram à polícia terem sido estupradas pelo empresário Rodrigo Dib Carvalheira, de 34 anos, preso preventivamente na quinta-feira (12). Uma delas disse à TV Globo que o suspeito, preso por estupro de vulnerável, enfiou um comprimido na boca dela, e afirmou que passou anos sentindo medo e vergonha (veja vídeo acima).
"Ele já estava com um copo de bebida na mão, enfiou um comprimido na minha boca, que eu não vi nem a cor nem nada, enfiou e, antes de eu poder pensar ou falar qualquer coisa, ele já virou a bebida dele na minha boca", disse a mulher.
Outras vítimas também disseram ter sido dopadas antes de serem estupradas. O crime, de acordo com a vítima, aconteceu em 2019, quando ela tinha 31 anos.
O combinado era que Rodrigo passasse na casa dela para que eles fossem juntos para uma festa. No entanto, ela foi surpreendida quando o empresário apareceu com bebida e comprimidos. Ela contou que já tinha bebido e que engoliu o comprimido porque estava vulnerável e sonolenta.
"Ele disse que era uma droga, disse que era um ecstasy. [...] A partir daí, eu não tenho mais lembrança nenhuma, minha memória apagou completamente", afirma.
No dia seguinte ao fato, ela diz que se assustou ao acordar e ver Rodrigo em cima dela, tendo usado um travesseiro para colocar no rosto do empresário.
"Acordei e tinha mancha de sangue em vários locais da casa. [...] Só entendi de fato o que aconteceu uns quatro dias depois, quando fui conversar com ele. [...] Ele disse que a gente tinha transado em vários lugares da casa, eu disse que tinha ficado muito triste com tudo que tinha acontecido, que ele sabia que eu não queria ficar com ele, e ele pediu desculpas", relata.
A mulher também conta que, após a conversa com Rodrigo, guardou a história em segredo e passou quase cinco anos sentindo culpa e vergonha. Tudo mudou após ela descobrir que ele tinha espalhado a história para conhecidos dela.
"Pessoas aleatórias vieram falar comigo dizendo que também tinham sido vítimas e a gente rapidamente chegou num número de quase 20 mulheres, entre abusos, tentativas e estupros consumados, muitos da mesma forma, onde ele deu a droga e outros onde a pessoa já estava muito embriagada e ele se aproveitou essa situação", afirma.
Outra vítima
Outras duas mulheres denunciaram o empresário. Uma delas era menor de idade na época do crime, que aconteceu em 2011. Outra tinha 18 anos e relatou que o abuso aconteceu em 2009.
As denúncias têm similaridades: elas conheciam Rodrigo, estavam em uma festa, ele ofereceu um comprimido, elas tomaram, começaram a se sentir mal, e, então, ele ofereceu uma carona.
Uma delas contou à TV Globo que, quando acordou, estava numa cama com manchas de sangue e sentindo dor. A mulher também relata que teve dificuldades para lidar com o assunto e só teve coragem de denunciar o empresário quando soube que outras mulheres tinham procurado a polícia.
"Toda vez que esse assunto vem à tona eu sinto as dores físicas, sabe? eu tenho cólica, eu sangro, choro... é como se eu revivesse tudo, como se eu voltasse ser aquela menina que eu era, sabe? com muito medo, muita vergonha, é muito difícil você ser violada assim", disse.
Para ela, uma das maiores dificuldades era o medo de lidar com o julgamento alheio e a culpa.
"Eu tenho essa insegurança, sabe, das pessoas falarem 'ah, não devia ter bebido, não devia ter aceitado'. Enfim, porque isso não dava direito de ele fazer o que fez comigo", afirma.
O que diz a defesa
A advogada Graciele Queiroz, que defende Rodrigo Carvalheira, disse que as acusações contra o cliente são falsas e foram uma "armação política".
Em entrevista, na tarde da quinta-feira (11), ela foi questionada sobre qual teria sido a motivação política por trás das acusações, mas respondeu que vai "descobrir agora" e falará sobre isso "em breve".
Horas depois, em entrevista coletiva à noite em um hotel na capital pernambucana, a advogada afirmou que uma das mulheres que denunciaram Carvalheira mantém um relacionamento com um adversário político do empresário e ameaçou denunciá-lo por estupro caso ele se candidatasse nas eleições deste ano.
Ainda segundo ela, a prisão foi decretada por conta de uma ligação que o empresário fez para uma delegada, de quem seria amigo, e não pelas denúncias das vítimas. De acordo com Graciele, Rodrigo Carvalheira tinha avisado à polícia que ia se apresentar para prestar depoimento em 25 de abril, mas uma delegada do caso não teria aceitado.
Fonte: G1