Empresa é fechada por golpe do falso consórcio no ES; 'cliente' chegou a ser agredida com arma de choque

Suspeitos vendiam uma propaganda enganosa para levar o consumidor até a empresa. Chegando lá, usando da boa-fé das vítimas, aplicavam o golpe. Elas assinavam o contrato de compra, mas na verdade estavam entrando num consórcio.

Três pessoas são detidas e uma empresa é interditada na Serra, na Grande Vitória, durante 3ª fase da Operação Consórcio Fake no Espírito Santo — Foto: Divulgação/PCES

Três pessoas foram detidas e uma empresa foi interditada na Serra, na Grande Vitória, durante a terceira fase da Operação Consórcio Fake, realizada nesta quinta-feira (2). Durante as buscas policiais, foi apreendida até uma máquina de choque, usada para agredir consumidores que iam ao local reclamar da empresa.

A empresa investigada foi identificada como Santa Clara Investimentos, cuja sede fica no Bairro de Fátima.

A ação faz parte das investigações de uma organização criminosa especializada em fraudes financeiras por meio do chamado "golpe do consórcio", que prejudicou centenas de consumidores.

A operação foi realizada pela Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), em conjunto com o Procon Estadual e a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa.

O titular da Decon, delegado Eduardo Passamani, detalhou que os bens negociados para as vítimas, inclusive, sequer existiam. Os suspeitos presos vão responder por estelionato, associação criminosa e crime contra relação de consumo, por induzir as pessoas ao erro.

Arma de choque usada por golpistas para ameaçar vítimas; Empresa é interditada na Serra, na Grande Vitória, durante 3ª fase da Operação Consórcio Fake no Espírito Santo — Foto: Divulgação/PCES

"Tiram essas imagens da internet, de outro anúncio, e colocam como foto de venda. Nesse anúncio, colocam especificamente que facilitam pessoas negativadas, para induzir o consumidor a achar que aquele bem existe. Coloca um preço mais baixo e a pessoa entra em contato com a empresa. Quando entram em contato, são induzidos até o local, sempre com a promessa de que vai ser um financiamento - eles nunca falam na palavra 'consórcio'. Eles enrolam o cliente e induzem ele a assinar o contrato", explicou.


Agressão à vítima

Uma das vítimas do golpe foi a atendente de farmácia Brunelle Celestino, que alegou à TV Gazeta ter sido agredida por funcionários. Ela foi até a empresa após perceber que havia tido um prejuízo de R$ 4 mil.


"Eu recebi uma ligação, [e percebi] que o meu número estava no contrato de outro rapaz. Nesse dia, me apresentei na empresa deles. Fui lá, disse que queria meu dinheiro. Que queria que o problema fosse resolvido. Eles me ameaçaram tirar a força, me agrediram com um aparelho de choque na minha barriga e nas minhas costas. Em mim e na minha avó que também estava comigo", denunciou.

Além da máquina de choque, na ação desta quinta, foram apreendidos documentos e um notebook.


Fases da operação

Na primeira fase da operação, em julho de 2023, duas empresas de consórcio, em Vila Velha e Vitória, foram interditadas. Quatro pessoas também foram presas em flagrante por induzir o consumidor a erro, além de tentativa de estelionato e organização criminosa; e outras 41 pessoas foram autuadas em flagrante por propaganda enganosa e vão responder em liberdade. A segunda fase foi deflagrada no mês seguinte.


Na ocasião, o titular da Decon, delegado Eduardo Passamani, explicou que empresas faziam anúncios em sites de vendas e redes sociais, induzindo a vítima a acreditar que se tratava de um financiamento. Os suspeitos vendiam uma propaganda enganosa para levar o consumidor até sua empresa e chegando lá, usando da boa-fé das vítimas, aplicavam o golpe.

"Eles dizem que o produto que o consumidor queria já foi vendido, mas que pode pegar uma carta que compra o produto no valor que quiser. Eles vão induzindo a pessoa, que acaba assinando a entrada. Eles prometem que vão entregar o bem, depois o consumidor volta no local, eles revelam que era um consórcio, que não estava assegurado", explicou o delegado, em julho.


Fonte: G1


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