Israel encontra corpo do brasileiro feito refém pelo grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza

 

Corpo do brasileiro Michel Nisembaum, morto pelo Hamas em 7 de outubro, foi recuperado em uma operação das Forças de Defesa de Israel nesta sexta-feira (24).

Michel Nisembaum, o único brasileiro feito refém pelo Hamas, foi encontrado morto nesta sexta-feira (24), segundo anunciaram as Forças Armadas de Israel.

As forças israelenses afirmaram ter encontrado o corpo de Nisembaum durante uma operação militar em Jabalia, cidade do norte da Faixa de Gaza.

De acordo com os militares israelenses, Michel Nisembaum foi morto em 7 de outubro, quando terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel, mataram mais de 1.200 pessoas e sequestraram outras cerca de 250.

Até a operação desta sexta, a família acreditava que ele pudesse ter sido sequestrado, e ainda nutria esperanças de encontrá-lo vivo.

Na operação desta sexta, Israel disse que soldados recuperaram também o corpo de outros dois reféns e entraram em confronto com o Hamas durante a operação, sem divulgar mais detalhes.

A informação sobre a localização dos corpos se deu a partir dos trabalhos de inteligência e foi analisada ao longo dos últimos dias. Os dados foram compartilhados entre o Exército e o Serviço de Informações.

O brasileiro Michel Nisembaum, que morreu após ser sequestrado pelo Hamas em 7 de outubro, com suas duas filhas, em imagem de arquivo. — Foto: Reprodução/ Redes Sociais

As famílias das três vítimas já foram informadas sobre a localização dos corpos, segundo os militares israelenses.

Michel tinha 59 anos, nasceu em Niterói (RJ) e morava perto de Gaza havia mais 40 anos.

Em uma publicação em suas redes sociais, uma de suas filhas, Hen Mahlouf, disse estar "de coração partido".

"Quem diria que essa seria nossa história, que esse seria seu fim. Nosso papi, o coração está partido", publicou Mahlouf. Em dezembro, ela contou ao g1 que seus filhos perguntavam pelo avô todos os dias desde que ele foi levado pelos Hamas.


Dia dos ataques

Família de Michel Nisembaum, Mary Shohat e Hen Mahluf, a irmã dele — Foto: Ricardo Stuckert/ PR

No dia 7 de outubro, Michel estava dirigindo enquanto fazia uma ligação para conversar com familiares, quando o sinal caiu.

Quando a família no Brasil tentou reestabelecer o contato, alguém atendeu o celular e disse duas vezes a palavra "Hamas". Esta era a última informação que os parentes tinham sobre o paradeiro de Michel.

"Às 7h06 ele já não atendeu mais o telefone. Até que às 07h23 atenderam o celular dele e começaram a gritar 'Hamas, hamas' e fecharam o telefone. Nós vimos um vídeo onde os terroristas mostraram a carta de motorista do Michel", disse a irmã, Mary Shohat.

O Exército de Israel disse ainda que foram recuperados os corpos dos israelenses Hanan Yablonka e Orion Hernandez.

As famílias das vítimas foram informadas após um procedimento de identificação realizado por médicos do Instituto Forense Nacional de Israel e agentes da polícia israelense.

O brasileiro Michel Nisembaum, morto após ser sequestrado pelo Hamas, com duas de suas nestas. — Foto: Divulgação/ Governo de Israel


Quem são as outras vítimas

Oryon Hernandez Radoux, 30 anos, era um cidadão franco-mexicano que havia sido sequestrado no festival de música Nova, ao qual compareceu com sua parceira Shani Louk. O corpo de Louk foi um dos encontrados pelas Forças de Defesa de Israel na semana passada.

Yablonka, 42 anos, pai de dois filhos, também foi retirado do festival de música. Sua família disse à agência de notícias AP em dezembro que ele adorava música. A família de Yablonka não teve notícias dele durante depois de ter sido levado, e também não sabia se ele estava vivo ou morto.


Incursão militar em Gaza

Os ataques terroristas de 7 de outubro, perpetrados pelo Hamas em Israel, deixaram mais de 1.200 mortos. Outras cerca de 250 pessoas foram sequestradas e levadas para a Faixa de Gaza.

De acordo com Israel, cerca de 100 permanecem em poder dos terroristas, e 30 corpos ainda não foram recuperados.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu aniquilar o Hamas e trazer todos os reféns de volta, mas tem feito pouco progresso em relação aos cidadãos israelenses ainda em poder do grupo terrorista.

A atitude de seu governo em relação aos reféns tem causado atritos internos e uma onda de protestos. Externamente, a campanha militar em Gaza, que já deixou mais de 35 mil palestinos mortos, segundo o Hamas, tem recebido críticas de violações dos direitos humanos, e Netanyahu tem sofrido pressão até de aliados históricos como os EUA.

Na última segunda-feira (20), a Procuradoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, pediu a prisão de Netanyahu e dos três principais líderes do Hamas. Netanyahu afirmou que o pedido do procurador é "absurdo" e que tem o propósito de atingir o país.

O pedido é o primeiro trâmite internacional contra Netanyahu e aprofunda o isolamento de Israel.

Israel também aguarda nesta sexta uma decisão do Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, sobre um pedido urgente da África do Sul para que o órgão ordene a suspensão imediata da incursão militar e os bombardeios no território palestino.


Governo lamenta

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou uma nota de pesar pela confirmação da morte de Nisembaum. "Sei do amor imenso que sua família tinha por ele. Minha solidariedade aos familiares e amigos de Michel. O Brasil continuará lutando, e seguiremos engajados nos esforços para que todos os reféns sejam libertados", diz o comunicado.

Já o Itamaraty disse que o governo que tomou conhecimento "com profunda tristeza e consternação", e que "o Brasil reitera sua veemente condenação aos atos terroristas praticados pelo Hamas e volta a exortar pela libertação imediata de todos os reféns e por negociações que levem à cessação de hostilidades em Gaza".


Leia a íntegra da nota de Lula:

Soube, com imensa tristeza, da morte de Michel Nisembaum, brasileiro mantido refém pelo Hamas. Conheci sua irmã e filha, e sei do amor imenso que sua família tinha por ele. Minha solidariedade aos familiares e amigos de Michel. O Brasil continuará lutando, e seguiremos engajados nos esforços para que todos os reféns sejam libertados, para que tenhamos um cessar-fogo e a paz para os povos de Israel e da Palestina.


Fonte: G1 Mundo



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