Para superar a depressão, artesã compra fusca e personaliza carro com peças de crochê


Fusca foi batizado de 'Fuxico' e faz sucesso por onde passa. Lucinha Vergetti tem 66 anos e diz ter curado a depressão ao realizar dois sonhos: comprar um fusca e divulgar sua arte.

Aposentada Lucinha Vergetti e o fusca Fuxico — Foto: Arquivo pessoal

Não tem como passar despercebido. Dá pra ver de longe quando o fusca verde, batizado de "Fuxico", se aproxima, desfilando pelas ruas da zona rural da cidade de União dos Palmares, interior de Alagoas. Ele é todo coberto por um trabalho minucioso de crochê, que levou cerca de 7 meses para ficar pronto. No volante, Lucinha Vergetti, uma artesã de 66 anos que aprendeu a crochetar ainda criança e, anos depois, conseguiu ficar curada de uma depressão graças às linhas, agulhas e ao Fuxico!

Lucinha contou que aos 10 anos conheceu uma senhora chamada Dona Tutu, que tinha 99 anos, no caminho para padaria onde comprava pão todos os dias. Foi ela quem lhe apresentou o crochê. Na época, a família não tinha dinheiro para comprar o material.

"Ela me incentivou a guardar os barbantes que vinham na embalagem de pão naquela época. Depois de ver que já havia barbante suficiente fui até ela [para me ensinar] e daí por diante até os dias de hoje o crochê se tornou minha paixão e terapia", relembrou a artesã.

Anos depois, Lucinha entrou em depressão. Ela conta que foi uma fase difícil. "Não via graça e nem sentido para minha vida". Foi quando ela encontrou um fusca na rua, com placa de venda.

"Consegui comprar, já me sentindo um pouco melhor das minhas angústias. Mas aí veio o desafio que eu teria que pintá-lo. Pensei em plastificar com o desenho de crochê. Aí um grande amigo meu, Marcos, me deu a dica: por que não colocar seu trabalho nele? E daí deu início a essa minha grande paixão. Meu Fuxico. Meu sonho realizado e minha cura da alma", diz emocionada.

Artesão levou 7 meses para terminar o trabalho — Foto: Arquivo pessoal


Foram sete meses até o fusca virar "Fuxico"

Foram 7 meses para concluir o trabalho e deixar o Fuxico pronto, com a cara de Lucinha. Uma terapia, que ajudou a curar de vez a depressão que sofria. Devidamente crochetado e todo colorido, ela começou a desfilar com o Fuxico pelas ruas da cidade, levando sua arte e contando sua história de vida.

"No início as pessoas se espantavam e não entendiam qual o sentido de estar vendo um fusca vestido de crochê. Então a cada saída com ele o encanto e a magia do Fuxico foi contagiando tudo e todos a sua volta", diz ela feliz.

A aposentada recebe encomendas de crochê e o carro ajuda a divulgar o trabalho. Mas o objetivo maior é levar a mensagem de que é possível realizar sonhos e mostrar que fazer o que se gosta pode salvar vidas.

"Me vejo feliz, realizada em ter minhas paixões juntas, o crochê e o fusca. Sigo empolgada a cada dia que se passa. E hoje venho incentivar cada um que sonha. Porque sonho pode se tornar realidade, basta querer", relata.

E pensa que o guarda-roupas do Fuxico parou por aí? Em janeiro ela começou a crochetar a roupa nova do fusca. O objetivo é terminar até o primeiro semestre de junho porque o Fuxico vai sair de Alagoas e participar de uma exposição artesanal em São Paulo. "Ele tem que estar bem vestido pra este evento", brinca a aposentada.

E sim, ela vai dirigindo o Fuxico até São Paulo! "Vou dirigindo e me divertindo bastante! Quem chama atenção é ele [risos] Vocês não tem ideia da emoção!", finalizou.

Fuxico vai ganhar roupa nova e participar de exposição — Foto: Arquivo pessoal


Fonte: g1 AL



Postagem Anterior Próxima Postagem