Avanço de uma frente fria na região é consequência de um ciclone extratropical formado na Argentina. Condições de instabilidade devem permanecer ao menos até o fim de semana.
Imagem de satélite feita nesta segunda-feira (6) mostra região de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, tomada pela enchente — Foto: European Union/Copernicus Sentinel-2 via Reuters |
Com a aproximação de uma frente fria, o tempo no Rio Grande do Sul deve continuar instável nesta quarta-feira (8). De acordo com os meteorologistas, a chuva deve se concentrar na metade sul do estado, região que também deve registrar as menores temperaturas nos próximos dias.
O avanço desta nova frente fria é consequência de um ciclone extratropical formado próximo à costa da Argentina. Segundo a Climatempo, o sistema não vai passar pelo Rio Grande do Sul, mas favorece a intensidade dos ventos na região Sul do país – além de provocar o retorno da chuva ao estado.
Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, explica que as condições de instabilidade devem continuar até o fim de semana, com a chuva se espalhando novamente por boa parte do estado.
"A partir de quinta a chuva deve avançar mais para o norte do estado. As previsões indicam que sexta e sábado devem ser os piores dias nas regiões já mais afetadas pelos temporais, como o Vale do Taquari e a região metropolitana de Porto Alegre", projeta Luengo.
O Rio Grande do Sul já contabiliza 95 mortos e mais de 130 desaparecidos por conta das chuvas. Há 207,8 mil pessoas fora de casa e estima-se que mais de 1,4 milhão de pessoas já foram afetadas.
Alertas devido aos temporais
Por conta do grande volume de chuva previsto para os próximos dias, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu dois avisos meteorológicos.
O primeiro alerta, de "grande perigo", engloba o extremo sul do estado. Nas regiões sob esse aviso, o volume de chuva pode superar os 100 milímetros por dia, com ventos superiores a 100 km/h e queda de granizo.
Extremo sul do estado deve ter o maior volume de chuva nesta quarta (8). — Foto: Inmet |
Já o segundo alerta, de "perigo", abrange a parte mais central do Rio Grande do Sul. Nesses locais, os volumes podem chegar a 100 milímetros de chuva, com ventos intensos, entre 60 km/h e 100 km/h.
Parte central do estado está sob alerta de "perigo" por causa das chuvas. — Foto: Inmet |
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden) também mantém os alertas de risco hidrológicos, especialmente para a metade sul do estado.
Segundo o órgão, os grandes volumes de chuva contribuem para a permanência das inundações e para a saturação do solo, deixando as bacias da região com níveis elevados.
Quando termina o bloqueio atmosférico?
O bloqueio atmosférico vivido pelo país, que contribui para que as chuvas se concentrem no Sul, ainda deve durar ao menos mais uma semana.
O sistema é responsável por deixar o ar quente e seco na áreas do Centro-Sul do país, dificultando a formação de nuvens nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Além disso, ele impede que as frentes frias avancem para o interior do país.
Segundo Luengo, é difícil prever com antecedência quando os bloqueios serão quebrados, mas os modelos indicam que as condições meteorológicas devem mudar a partir da segunda quinzena do mês.
"Mas isso não quer dizer que a chuva para no Sul. Ela só deve diminuir em relação ao que estamos observando nos últimos dias", comenta o meteorologista.
Fonte: G1