Foto: divulgação FortAC – Campus de Alegre |
Apesar de ser produzido há vários anos no Brasil, em Estados como São Paulo, Paraná e Espírito Santo, o gengibre não possuía o Registro de Proteção de Cultivar (RPC) no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Mas essa realidade mudou.
O primeiro Registro de Proteção de Cultivar de gengibre no Brasil foi obtido a partir de estudos desenvolvidos por pesquisadores capixabas. O RPC foi concedido no último dia seis de junho pelo Mapa.
A variedade registrada, batizada de Imigrante, apresenta rizomas grandes, com dedos não emaranhados facilitando a limpeza e maior qualidade no aspecto visual, apresenta cor de polpa amarela e tem alto rendimento que chega a 145 toneladas por hectare no manejo orgânico.
“Disponibilizar essa cultivar para os nossos agricultores capixabas é de muita importância. Significa que de agora em diante terão acesso a mudas de qualidade que foram avaliadas com rigor científico que compravam a capacidade produtiva, o manejo mais adequado e a qualidade dos rizomas colhidos, isso aumenta as chances de o produtor alcançar maiores lucros na venda do seu produto”, explica Ana Paula Candido Gabriel Berilli, professora do Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Alegre, que coordenou o estudo.
A pesquisadora disse ainda que a pesquisa surgiu para atender uma demanda do setor produtivo do gengibre. “Grande parte dos agricultores enfrentam graves perdas em suas lavouras por conta de ocorrências de doenças, como a fusariose.
Iniciamos o projeto de coleta e avaliação de diferentes materiais genéticos buscando conhecer melhor o potencial produtivo e de resposta ao ataque de doenças nas lavouras. Durante esse trabalho conhecemos o agricultor Alexandre Lemke que ao longo dos últimos 15 anos realizava a seleção de suas próprias matrizes para o plantio de suas lavouras, a partir daí começamos os ensaios in loco“.
O registro da cultivar é resultado de uma dissertação do Programa de Mestrado em Agroecologia do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) Campus Alegre, que realizou, por meio do melhoramento genético participativo, com o agricultor Alexandre Lemke, de Santa Leopoldina, a caracterização genética de diferentes plantas de gengibre selecionadas ao longo dos anos pelo agricultor.
A pesquisa foi realizada com os recursos projeto Fortalecimento da Agricultura Capixaba (FortAC), do Ifes e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), em parceria com o Incaper, a Cooperativa dos Produtores de Gengibre da Região Serrana do Espírito Santo (CoopGinger) e as Secretarias Municipais de Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá. Além do registro já concedido, Ana Paula conta que “ainda aguardam retorno de mais cinco pedidos de registro feitos ao Mapa, de outras cultivares da especiaria“.
Fonte: Conexão Safra