ES entra em nível de atenção para a crise hídrica e governo alerta sobre uso de água; confira as recomendações


Governo publicou decreto com orientações para prefeituras, indústrias e outros órgãos visando economizar água durante a época de estiagem. Norte do estado é região onde os rios estão com a vazão mais baixa.

Rios no Norte do Espírito Santo estão mais baixos que a média para o mês — Foto: Reprodução/TV Gazeta

O Espírito Santo entrou em estado de atenção hídrica devido a situação dos níveis baixos dos rios pela falta de chuva. A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) publicou no Diário Oficial desta terça-feira (16) orientações para o uso racional da água para que os cidadãos, prefeituras, agências reguladoras de serviços de água e esgoto e indústrias fiscalizem o desperdício e penalizem quem não respeitar as recomendações.

O diretor-presidente da Agerh, Fábio Ahnert, disse em uma entrevista ao vivo durante o Bom Dia Espírito Santo que o nível dos rios é mais preocupante no Norte do estado.

A cidade de Aracruz, que fica na região norte, decretou situação de emergência na segunda-feira (15) por causa da seca, que já dura seis meses.

Segundo o relato de agricultores, eles tiveram prejuízos na produção de café na safra deste ano e também na produção de leite e derivados. Sem a chuva, as pastagens secaram e o gado está com pouca água para beber, além das queimadas que pioraram a situação da seca na cidade.

O diretor da Agerh informou que o decreto busca alertar a população e prevenir para que a situação não se agrave no estado.

"O objetivo é chamar a atenção da sociedade, dos setores produtivos, da indústria, do saneamento, da agricultura e dos cidadãos comuns, para que a gente busque de uma maneira mais intensa a economia e o uso racional da água. Estamos passando por um período de estiagem, que é normal. Isso faz com que a vazão dos rios caia de forma significativa", pontuou o diretor-presidente.

As mudanças climáticas também estão interferindo para que a vazão dos rios diminua.

"O que está mudando em relação a outros anos é que nos estamos observando um crescente aumento da intensidade desse período de seca, e do período chuvoso também. Isso é uma consequência do processo de mudança global do clima, que tem gerado muitas anomalias na ocorrência de chuva e consequentemente uma mudança na ocorrência desses extremos", relatou o diretor.

Segundo o instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), atualmente, 40 municípios capixabas encontram-se em uma situação classificada como 'Seca Fraca', e evidências indicam a possibilidade de avanço desse cenário para todo o território capixaba, reflexo do baixo volume de chuvas desde abril e da alta taxa de evapotranspiração causada pelas temperaturas elevadas.

O Incaper indicou ainda que o cenário meteorológico para os próximos meses não é animador. Considerando o pequeno volume médio de precipitação típico dessa época, o volume de chuvas não será suficiente para reverter o déficit hídrico, especialmente no Norte do estado.


Vazão dos rios

Espírito Santo decreta estado de atenção para a crise hídrica por causa da baixa vazão dos rios — Foto: Reprodução/TV Gazeta

De acordo com a informação passada pelo diretor da Agerh, a vazão dos rios no Norte do Espírito Santo está muito abaixo do esperado para o mês de julho, principalmente em Aracruz. Na cidade, o principal rio responsável pelo abastecimento é o Piraquê-Açu.

Já na região da Grande Vitória, a condição é mais controlada.

"Tanto o rio Jucu e o Santa Maria estão com os valores médios muito próximos a média esperada para o mês. Nós temos o reservatório de Rio Bonito que funciona como uma grande poupança de água. Ele está com o volume hoje de 87% da sua capacidade de volume útil do reservatório, e isso acaba dando uma segurança hídrica para a Grande Vitória. E hoje nós também estamos com um sistema de monitoramento mais robusto, e temos uma capacidade de enfrentamento de crises hídricas muito melhor", comentou.


Recomendações

A resolução feita pela Agerh traz um conjunto de recomendações para a população em geral e vários outros órgãos sobre a utilização da água de forma consciente. Por exemplo, tomar banhos mais rápidos, não lavar calçadas com mangueiras, dentre outros cuidados.

Além disso, é recomendado que as indústrias procurem fazer o reuso da água e que as companhias de saneamento intensifiquem o controle de perdas e vazamentos.

Governo do Espírito Santo publicou recomendações para racionar uso de água — Foto: Reprodução/TV Gazeta

A nível estadual, o diretor reforçou que o governo vem fortalecendo o sistema de monitoramento e capacidade de previsão com o uso de novas tecnologias.

"A economia de água é uma atividade que tem que ser feita ao longo de todo o ano. Mas nesse período especificamente, é importante chamarmos a atenção da população para que a gente passe bem o tempo de seca", finalizou.


Confira as recomendações publicadas no decreto

Companhias Públicas e Privadas de serviços Autônomos Municipais de água e esgoto:

  • Desenvolvam e implantem imediatamente medidas necessárias à adaptação a esse novo cenário visando a incentivar a população a reduzir seu consumo médio diário de água, incluindo programas de incentivo à instalação de dispositivos economizadores de água em residências, como redutores de vazão em torneiras e chuveiros, e sanitários de baixo consumo;
  • Implantem medidas e intervenções necessárias à redução dos índices de perdas e do tempo de atendimento às solicitações de reparos e denúncias de vazamento em suas redes;
Agências Reguladoras dos Serviços de Água e Esgoto de abrangência Estadual ou Municipal:

adotem as medidas legais cabíveis visando a incentivar a redução do consumo per capita e a redução de perdas


Prefeituras:

  • adaptem, em regime de urgência, seus Códigos Municipais de Postura visando à proibição e à penalização de atividades notadamente reconhecidas como promotoras de desperdício de água;
  • lavagem de vidraças, fachadas, calçadas, pisos, muros e veículos com o uso de mangueiras, substituindo por métodos de limpeza a seco ou com uso de baldes;
  • rega de gramados e jardins durante o dia, incentivando a rega apenas durante as primeiras horas da manhã ou à noite, quando a evaporação é menor;
  • resfriamento de telhados com umectação ou sistemas abertos de troca de calor;
  • umectação de vias públicas e outras fontes de emissão de poeiras, exceto quando a fonte for o reuso de águas residuais tratadas;

Para conferir todas as recomendações do decreto para todos os órgãos é só acessar a página do Diário Oficial do estado.



Fonte: G1 ES



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