"Eu estava em uma reunião de alto escalão no trabalho e senti que não entendia nada do que as pessoas estavam dizendo. Achei que eles estivessem falando uma língua diferente", lembra a enfermeira e mãe de três britânica de 43 anos. Entenda
Lucy foi diagnosticada aoas 43 anos — Foto: Reprodução/The Sun |
Uma mãe que achou que seus colegas de trabalho tinham começado a falar uma língua diferente durante uma reunião de trabalho foi diagnosticada com um tumor cerebral. Lucy Woodhouse, 43 anos, disse que também sentia fortes dores de cabeça que "pareciam ressacas" e tinha dificuldade para ler em voz alta. Mas foi somente após a reunião de trabalho que a enfermeira ficou preocupada. Ela percebeu que não conseguia entender o que eles estavam dizendo.
Risco aumentado
Os exames revelaram que ela tinha um tumor do tamanho de uma bola de golfe, chamado meningioma, no cérebro. Lucy, mãe de três filhos de Hereford, na Inglaterra, acredita que seu tumor esteja relacionado aos tratamentos hormonais que ela fez ao longo dos anos, incluindo as injeções anticoncepcionais, sessões de fertilização in vitro e terapia de reposição hormonal (TRH) para sintomas da menopausa.
Meningiomas, o tipo mais comum de tumor cerebral, são tumores cerebrais em sua maioria não cancerígenos e são quase duas vezes mais comuns em mulheres do que em homens. Em 2013, cientistas do Centro Dinamarquês de Pesquisa do Câncer descobriram uma ligação entre o tratamento hormonal pós-menopausa (TRH) e o meningioma. Meningiomas também foram encontrados entre mulheres grávidas ou em tratamento de fertilidade, pois o estrogênio pode interagir com o tumor e potencialmente fazê-lo crescer mais rápido, de acordo com um estudo de 2012.
E um estudo publicado no British Medical Journal este ano descobriu que o uso prolongado de certos medicamentos de progesterona — como injeções contraceptivas com acetato de medroxiprogesterona e alguns TRH — estava associado a um risco maior de meningioma. De acordo com o site do NHS, a TRH não causa efeitos colaterais na maioria das pessoas, e o risco de efeitos colaterais graves é muito baixo. Mas tem sido associado a um pequeno aumento no risco de câncer de mama. "Se você tem menos de 60 anos, tem sintomas da menopausa e não corre alto risco de câncer de mama ou coágulos sanguíneos, os benefícios da TRH provavelmente superam os riscos", observa o NHS.
Primeiros sintomas
"Eu estava em uma reunião de alto escalão no trabalho e senti que não entendia nada do que as pessoas estavam dizendo. Geralmente sou muito informada, mas eles poderiam muito bem estar falando chinês. Achei que eles estivessem falando uma língua diferente", lembra a enfermeira sobre o momento em que percebeu que não estava entendendo a fala das pessoas à sua volta.
"Uma noite, eu estava lendo uma história para meu filho de 5 anos e conseguia ler as palavras, mas não conseguia dizê-las, havia algo errado entre meus olhos e minha boca. Comecei a TRH dois anos antes do diagnóstico do meu tumor cerebral. Acho que o meningioma estava se alimentando do estrogênio e da progesterona. Toda vez que eu tinha dor de cabeça, isso acontecia uma hora depois de eu adormecer e ela persistia até o dia seguinte. Parecia que eu tinha bebido seis garrafas de vinho. Eram dores de cabeça incapacitantes — eu ficava de quatro na cama, tentando me livrar delas", descreve.
Lucy percebeu os primeiros sintomas em dezembro de 2023 e foi ao médico em fevereiro deste ano, depois de ter tido uma dor de cabeça particularmente forte durante uma visita a Londres. Ela disse que, em retrospecto, houve sintomas seis meses antes, mas atribuiu isso ao fato de ser uma mãe cansada. Lucy pediu para experimentar comprimidos para enxaqueca, mas a enfermeira do consultório médico percebeu que ela estava piscando de forma irregular, então ela foi encaminhada ao hospital local para fazer uma tomografia computadorizada.
Tumor do tamanho de uma bola de golfe — Foto: Reprodução/The Sun |
Lucy tem três filhos — Foto: Reprodução/The Sun |
Após o exame, os médicos disseram que haviam encontrado algo preocupante e ela foi encaminhada para o The Grange, em Cwmbran, onde foi informada que ela tinha um tumor cerebral após uma ressonância magnética. Ela foi, então, enviada ao Hospital Universitário de Gales, em Cardiff, onde um médico lhe disse que seria adotada uma abordagem de "observar e esperar". No entanto, Lucy conta que procurou uma segunda opinião, de um neurocirurgião particular, em Londres, que decidiu a operar imediatamente. Em maio, ela passou por uma grande cirurgia para remover o tumor que estava crescendo apenas três milímetros em seu nervo óptico e poderia tê-la deixado cega.
Agora, Lucy diz que está se recuperando bem, mas ainda tem problemas de memória. "Tenho uma cicatriz agora, mas estou muito bem", disse ela. "Tenho algumas áreas calvas e minha memória não é das melhores. Quando fui diagnosticada, fiquei fora de mim e uma das coisas mais difíceis foi contar para as crianças. Foi muito difícil. Meu risco de convulsão era muito alto. O que me preocupava era que eu poderia estar dirigindo na rodovia com meus filhos no carro e ter uma convulsão", disse.
Desde então, Lucy tem alertado outras pessoas sobre o sintomas da doença. "Vá fazer um exame de vista. Dependendo de onde estiver, os oftalmologistas podem detectar. Se você está tendo dores de cabeça que normalmente não tem, precisa dar uma olhada. E se você é uma mulher que passou por muitos tratamentos hormonais, várias rodadas de fertilização in vitro ou TRH ou foi injetada com hormônios por qualquer motivo, dada essa forte ligação, você deve fazer um exame", finaliza.
Fonte: Crescer