Raquel Cattani: filha de deputado foi morta pelo cunhado a mando do ex-marido, diz polícia

 Romero Xavier, planejou o crime e o irmão dele, Rodrigo, matou a vítima e montou a cena na residência para que parecesse um crime patrimonial; os dois estão presos

Raquel Cattani, de 26 anos, foi encontrada morta com ferimento de facada — Foto: Reprodução Redes Sociais

A Polícia Civil de Mato Grosso esclareceu o assassinato da produtora rural Raquel Cattani, de 26 anos, filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL). O ex-marido da vítima e o irmão dele foram presos nesta quarta-feira, pouco mais de uma semana após a morte.

Segundo a Polícia, o ex-marido de Raquel, Romero Xavier, planejou o crime e o irmão dele, Rodrigo Xavier, matou a vítima e montou a cena na residência para que parecesse um crime patrimonial. Romero é pai dos dois filhos da vítima. No começo das investigações, ele chegou a se apresentar espontaneamente para prestar depoimento e, na ocasião, os investigadores descartaram sua participação no crime.

A polícia informou que um dos pontos investigados foi que Romero, até antes do término da relação, se mantinha distante do irmão. Contudo, após o fim do casamento, ambos passaram a se encontrar e trocar mensagens. Rodrigo tinha diversas passagens por furtos e outros crimes, além de ter sido usuário de entorpecentes no passado.

Rodrigo foi preso nesta quarta-feira em Nova Mutum. "Após horas de vigilância, ele chegou na residência e, ao ser entrevistado, apresentou muito nervosismo com a presença dos policiais", informou a corporação. Pouco depois ele confessou o assassinato, a mando do irmão, e que levou objetos da casa da vítima para simular um latrocínio e atrapalhar as investigações.

Na casa de Rodrigo foram encontrados frascos de perfume, um aparelho de som, um cinto, um porta-celular e uma faca. Esses objetos, segundo a polícia, pertenciam à vítima. O delegado Guilherme Pompeo acrescentou que, com Rodrigo, havia uma bota com pegadas semelhantes às encontradas na casa da vítima.


Álibi

De acordo com a investigação, Romero trouxe o irmão no próprio carro e o deixou escondido perto do sítio que pertencia à Raquel. O "autor intelectual" do crime depois almoçou com o ex-sogro, o deputado estadual Gilberto Cattani e teria chorado na frente dos familiares da vítima. Após confraternizar com a família da ex-mulher, Romero os filhos do casal foram para Tapurah. A retirada das crianças para uma cidade vizinha seria uma forma de criar álibi.

O plano de Romero também contemplou uma bebedeira com churrasco no dia do crime. "No período da noite, foi a três boates em Tapurah para reforçar o álibi de que estaria da cidade e, assim, não seria considerado o principal suspeito", explicou a polícia.

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Enquanto passava pelas boates, Rodrigo aguardava o momento de investir contra a vítima no sítio. Ele já sabia da rotina de Raquel e planejou o assassinato. "Ao chegar no sítio por volta de 20 horas da quinta-feira, a vítima foi atacada com uma faca e foi a óbito no local", disse a polícia.

A moto, o celular e a faca do crime foram jogador em um rio da região.

O corpo a produtora foi encontrado por um familiar em um dos quartos da residência, com ferimentos semelhantes ao de uma facada. Na residência, havia sinais de violência, como uma televisão quebrada. Uma moto que pertencia à Raquel foi levada do local.


Quem é Gilberto Cattani

Produtor rural e apoiador de Jair Bolsonaro, o deputado estadual Gilberto Cattani (PL) protagonizou polêmicas recentes. Em fevereiro, ele protocolou um projeto de lei para transformar o presidente Lula em persona non grata no estado. O parlamentar defendeu a medida pelas falas do presidente, à época, sobre os ataques de Israel contra Gaza, com referências ao Holocausto, e também por discursos antigos referentes ao agronegócio e críticas políticas. O projeto foi rejeitado em plenária, em placar apertado.

Ano passado, ele foi alvo de processo de cassação por ter comparado a gravidez de mulheres com a gestação de vacas em ao menos três ocasiões. As falas tiveram repercussão nacional e foi repudiada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).


A principal ocorreu em maio deste ano em sessão na Frente Parlamentar contra o Aborto:

— Quando minha vaca entra no cio, está no período fértil, e o touro cobre minha vaca, então ela está prenha. Isso é natural. Agora, eu pergunto a qualquer pessoa: o que tem na barriga da minha vaca? Se você pedir para essas feministas ou para essas pessoas que defendem o assassinato de bebês no ventre das mães, elas vão dizer que lá tem o feto. Não é o bezerro. Assim como eles falam da mulher, que dentro da barriga até a sexta semana é amontoado de células.

Já em 2022, o Ministério Público do Mato Grosso (MP-MT) pediu a investigação do deputado por ter compartilhado uma imagem de uma criança segurando uma arma de fogo. Na ocasião, ele respondeu que o arsenal era de "brinquedo".


Fonte: O Globo


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