Tesouro IPCA+ 6% ao ano: veja como investir e riscos de um dos títulos mais vantajosos do momento

Investimento pode ser feito por uma conta em banco ou corretora de valores. Especialistas ouvidos explicam que um retorno neste nível é um evento raro na renda fixa pelo mundo e dão dicas de como aproveitar a oportunidade, tomando cuidado com os riscos.

Juros mais altos nos Estados Unidos impactam a economia brasileira — Foto: Freepik

Os títulos públicos do Tesouro Nacional indexados à inflação brasileira — chamados de Tesouro IPCA+ — estão oferecendo uma rentabilidade quase imperdível: além da correção pela inflação acumulada no período do investimento, pagam taxas de mais de 6% ao ano.

O Tesouro Direto é a plataforma em que o cidadão comum tem acesso aos títulos públicos. O Tesouro IPCA+ é um dos chamados pós-fixados. Isso porque ele rende o valor acumulado da inflação mais uma taxa prefixada.

Outro pós-fixado é o Tesouro Selic, que acompanha a variação da taxa básica de juros da economia brasileira. Por fim, há o Tesouro Prefixado, que, como diz o nome, entrega uma taxa acordada já no momento do investimento.


Mas por que o Tesouro IPCA+ está tão vantajoso? Nesta reportagem, você vai ver:


📈 Porque o Tesouro IPCA+ está com rentabilidade alta
🔎 Quais as vantagens e riscos desse investimento
📑 Cuidado com a marcação a mercado
🫵 Como escolher o melhor título para você
💻 Como investir no Tesouro Direto


📈 Porque o Tesouro IPCA+ está com rentabilidade alta

O governo federal tem demonstrado dificuldades de diminuir os gastos públicos e atingir a meta de zerar do déficit das contas públicas. Isso faz com que os investidores desconfiem da capacidade do governo de controlar a dívida pública — em que estão inseridos também os títulos do Tesouro, por exemplo.

Com essa incerteza sobre a trajetória da dívida e a capacidade de o governo pagar os compromissos, os investidores passam a exigir uma rentabilidade maior para emprestar seu dinheiro para a União.

Assim, o Tesouro precisou subir as taxas de rendimento, levando o Tesouro IPCA+ a entregar uma rentabilidade que é rara na renda fixa em nível global.

"Se você pegar os últimos 15 anos no Brasil, em menos de 10% desse tempo a gente encontrou taxas tão atrativas, acima de 6% ao ano", comenta Beto Saadia, economista e diretor de investimentos da Nomos.

O especialista explica que, geralmente, quando o país oferece taxas muito atrativas na renda fixa, não é por bons motivos na economia. "A partir do momento que os investidores, locais e estrangeiros, enxergam o país como mais arriscado para se investir, o Tesouro tem que remunerar melhor esse dinheiro que fica aqui para que eles queiram investir aqui", pontua.

O analista de investimentos Vitor Miziara compartilha do mesmo ponto de vista e complementa: "se você tem dois amigos, um que paga tudo certinho e o outro que está sempre endividado, para compensar emprestar dinheiro para o endividado, só se cobrar um juro maior".


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Quais os riscos e vantagens desse investimento

Os especialistas ouvidos explicam que o único risco de investir em qualquer título público é o governo quebrar e dar calote em suas dívidas, não pagando a remuneração de quem colocou seu dinheiro no Tesouro.

Mas é consenso no mercado que essa é uma possiblidade é praticamente nula no Brasil, o que faz dos títulos do Tesouro uma opção muito segura.

Vitor Miziara comenta que, historicamente e independentemente de qual era o governo no comando, o país sempre honrou com suas dívidas e os investidores nunca tiveram problemas com o Tesouro.

"Para o governo quebrar, muita coisa já quebrou antes. Bancos e outras instituições financeiras, praticamente toda a economia", diz o analista.

Então, a principal vantagem do Tesouro IPCA+ é sua rentabilidade altíssima, aliado à segurança do investimento. Beto Saadia destaca que, ao investir em um produto que é atrelado ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a pessoa garante o seu poder de compra no decorrer dos anos, enquanto o dinheiro estiver aplicado.

"Se hoje você tem R$ 5 mil e isso compra uma determinada quantidade de coisas, a ideia ao investir num título de inflação é que daqui 10 anos, por exemplo, com esses R$ 5 mil corrigidos pela inflação acumulada no período, você continue conseguindo comprar as mesmas coisas", explica o economista.

Como o IPCA+ tem também uma a taxa de juros prefixada extra, ele garante um retorno real ao investidor, acima da inflação.


 Cuidado com a marcação a mercado

Em contrapartida, um risco indireto pensando na dinâmica desse título, é um mecanismo conhecido como marcação a mercado.


COMO FUNCIONA? 

Cada título do Tesouro IPCA+ tem uma data de vencimento. Ou seja, o investidor colocará seu dinheiro ali e ele renderá conforme o combinado até o prazo informado. No vencimento, o valor investido corrigido pela inflação mais a taxa prefixada serão devolvidos ao investidor.

Porém, se o investidor optar por vender esse título no mercado antes da data de vencimento, ele estará sujeito a receber pelo título o tanto que o mercado quiser pagar no momento, podendo receber um retorno maior ou menor ao que pagou pelo ativo.

Se precisar vender quando o título estiver desvalorizado, é possível ter perda financeira.


 E COMO SABER SE O MERCADO VAI PAGAR MAIS OU MENOS?

 Hoje, tendo em vista as dúvidas sobre as contas públicas do governo, o Tesouro IPCA+ está entregando uma taxa prefixada de 6% ao ano.

Se, em dois anos, a situação piorar, com um aumento expressivo das dívidas, os investidores podem passar a exigir retornos ainda maiores para emprestar dinheiro para o governo e, com isso, o Tesouro pode elevar essa taxa prefixada, para 8% ao ano, por exemplo.

Se um investidor que comprou o título na época em que a rentabilidade era IPCA+ 6% ao ano quiser vendê-lo no mercado nesse momento de taxas maiores, a tendência é que o mercado aceite apenas pagar um valor menor pelo título, o que resultaria em um prejuízo.

Mas o contrário também seja válido: em uma situação de melhora da economia o mercado pode aceitar pagar mais pelo título. E como a taxa de 6% é bem alta, as chances são menores de uma desvalorização futura.

Miziara reforça, contudo, que não tem como saber qual será o cenário dos próximos anos e, por isso, o mais seguro é que o investidor tenha a garantia de que conseguirá deixar o seu dinheiro aplicado no ativo até o fim do prazo do investimento.

Para isso, não tem segredo: é necessário ter uma reserva de emergência para, em meio a qualquer imprevisto, ser possível resolver a vida financeira sem mexer no dinheiro que foi investido no IPCA+.


Como investir no Tesouro Direto

Antes de investir, o primeiro passo é escolher o título em que será aplicado o dinheiro. Para isso, é possível conferir todas as opções disponíveis no próprio site do Tesouro Direto, que também possibilita uma simulação de quanto o dinheiro vai render em cada título.

Depois disso, para investir no Tesouro Direto é necessário ter conta em alguma das instituições financeiras habilitadas. Os diversos bancos e corretora de valores que podem disponibilizar os títulos estão listadas nesta página do Tesouro Direto.

Se o banco ou corretora em que você tiver conta não for habilitado para oferecer os títulos públicos, o processo de cadastramento em outra instituição varia de empresa para empresa. No entanto, num geral, será necessário apresentar documentos para verificação de identidade e responder a algumas perguntas para definição do seu perfil de investidor, tudo de forma online.

Tendo conta em uma instituição habilitada, basta transferir dinheiro para essa conta e, por meio da plataforma de investimento dessa instituição, escolher em qual título e quanto será investido. O Tesouro Direto é acessível a partir de cerca de R$ 30.


Fonte: G1


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