244 cidades no país têm umidade menor ou igual à do Saara; 1 delas é capixaba

Altas temperaturas pioram o tempo seco e umidade chega a nível de deserto — Foto: FÁBIO VIEIRA/FOTORUA/ESTADÃO CONTEÚDO

Com o tempo seco e as altas temperaturas, está difícil respirar no país. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ao menos 244 cidades registraram umidade relativa do ar menor ou igual à do deserto do Saara nesta terça-feira (3), e a previsão é de que nesta quarta-feira (4) os índices possam ser ainda piores.

O mês de setembro, o último do inverno, começou com uma onda de calor que fez subir as temperaturas. Nesta terça-feira, no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul as máximas chegaram aos 40°C. No interior de São Paulo e Minas Gerais, as cidades chegaram a 39°C. A subida do termômetro levou especialistas a debaterem até mesmo se o Brasil é o país mais quente do mundo nesta semana.

🔴 O calor se somou à seca, a maior e mais extensa já enfrentada pelo país, com cidades sem chuva há mais de cem dias. A falta de chuva e a alta temperatura faz com que a umidade, literalmente, evapore, chegando a níveis desérticos.

No deserto do Saara, por exemplo, no norte da África, a umidade do ar varia de 14% a 20%. No Brasil, 244 cidades registraram índices menores ou iguais a esse nesta terça-feira.

No caso do deserto do Atacama, no Chile, o deserto mais seco do mundo, foi registrada umidade de 5%. Dez cidades no país chegaram próximas desse índice, com 7%.

Os dados são das estações de monitoramento do Inmet, que estão em todas as regiões do país, mas não cobrem todos os municípios do Brasil.

Coberta pela Mata Atlântica, Santa Teresa é a única cidade do Espírito Santo entre as 244 do país que registraram umidade relativa do ar menor ou igual à do deserto do Saara nesta terça-feira (3). Estava ruim, pode ficar pior: , segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de que nesta quarta-feira (4) os índices possam ser ainda piores.

Santa Teresa, de acordo com o Inmet, atingiu apenas 8% de umidade do ar, ficando entre as mais baixas do Brasil. O menor índice foi de 7% presente em dez cidades. É um nível extremo, haja vista que no Deserto do Saara, na África, a umidade relativa do ar varia de 14% a 20%.

Rua de Lazer em Santa Teresa. Crédito: Rodrigo Borçato/Divulgação

Por que isso está acontecendo?

O primeiro ponto é que estamos na estação seca, consequentemente, é um período com menos chuva e isso impacta na umidade relativa do ar que se estende até outubro. No entanto, a situação ficou mais grave por três fatores:

☀️ Seca histórica: o Brasil vive a maior e mais intensa seca de sua história recente. Todos os estados, com exceção do Rio Grande do Sul, estão passando pelo pior período seco já visto. Segundo os dados do Cemaden, em dez estados além do Distrito Federal não chove há mais de cem dias.
🥵 Calor intenso: setembro começou com uma onda de calor que vai levar cidades a níveis recordes de calor. Com a temperatura alta e menos chuva, a umidade acaba se dissipando.
❌ Bloqueios Atmosféricos: o bloqueio é uma configuração dos ventos que impede o avanço de frentes frias e, consequentemente, das chuvas. Com menos nuvens e chuva, a umidade vai ficando cada vez mais baixa.

Quanto maior a temperatura, menor a umidade do ar. A gente está enfrentando um período extremamente seco com calor, isso faz com que a situação no país fique ainda mais grave. — Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo.

E o que pode acontecer nos próximos dias?

➡️ Segundo os meteorologistas, a situação é grave e pode piorar ainda nesta quarta-feira. Isso porque estamos em mais um dia com altas temperaturas. A umidade vai caindo ao longo do dia, conforme a temperatura vai aumentando. A previsão é a de que, até o fim desta quarta, os níveis sejam baixos.

🔴 O Inmet emitiu um aviso de sinal vermelho para Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal porque a umidade deve ficar abaixo de 12%.

🟡 Para o restante do país, há um alerta amarelo, com a umidade ficando em até 30%.

Impactos na saúde

➡️ De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a faixa de umidade ideal para o organismo humano fica entre 40% e 70%. Quando essa taxa cai para 30%, já se configura uma situação de alerta, com prejuízos evidentes para a saúde.

O tempo seco pode levar a problemas respiratórios, cansaço, dor de cabeça, narinas e olhos ressecados. O desconforto é ainda maior para pessoas que já têm doenças respiratórias, como asma, rinite alérgica ou bronquite crônica, que ficam propensas ao agravamento dos quadros.

😷 Isso acontece porque um dos mecanismos de defesa que temos para as vias aéreas é o muco. Com o ar seco, esse muco também seca e isso piora a obstrução.

Dicas para enfrentar o tempo seco
  • Beba bastante água (cerca de dois litros por dia ou 10 copos de água de 200 ml). Ela hidrata todos os órgãos, inclusive pele e mucosa.
  • Se puder, tenha um umidificador de ar em casa. Você também pode colocar uma bacia com água no ambiente ou uma toalha umedecida para minimizar os efeitos do ar seco, do ar poluído.
  • Hidrate bem as mucosas com soro fisiológico - pelo menos duas vezes ao dia.
  • Lave os olhos com soro fisiológico ou com colírio de lágrima artificial.
  • Cuidado com bebidas alcoólicas. Elas podem refrescar, mas também desidratam.
  • Mantenha a casa limpa, evitando o acúmulo de poeira.
  • Evite praticar exercícios físicos das 11h às 17h.
  • Proteja-se ao máximo do sol e evite o ressecamento das mucosas e pele.
Fonte: G1


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