Quem é o político que vai receber pensão vitalícia após ter governado por 33 dias


Moisés Feltrin foi ao STF contra decisão que suspendeu pagamentos

Feltrin governou Mato Grosso por 33 dias em 1991 • Arquivo - Reprodução/Facebook

O ex-governador de Mato Grosso Moisés Feltrin, de 82 anos, vai receber uma pensão vitalícia por ter comandado o estado por 33 dias em 1991.

A decisão foi dos ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal.

Hoje, o salário do atual governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), é de R$ 30.862,79. Feltrin vai receber R$ 33 mil.


Por que ele foi governador?

Feltrin assumiu o governo em 10 de fevereiro de 1991 porque o governador Carlos Bezerra renunciou ao cargo para disputar uma vaga de senador. Ao mesmo tempo, o vice Edison Freitas de Oliveira entrou em licença médica.

Por estar na presidência da Assembleia Legislativa de Mato Grosso na ocasião, Moisés Feltrin ficou com o cargo, já que era o próximo na linha de sucessão.

Após pouco mais de um mês, em 15 de março de 1991, acabou o mandato de Feltrin com a posse de Jayme Campos, eleito no pleito de 1990.


Quem é Moisés Feltrin?

Moisés Feltrin nasceu em 25 de dezembro de 1941, em Martinópolis (SP), cidade a cerca de 540 quilômetros da capital paulista. Ele é formado em Direito e iniciou a carreira política como vereador e depois se tornou deputado estadual.

Feltrin foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1979 e foi reeleito em 1982 e 1986.

Em 1991, quando assumiu o governo de Mato Grosso, ele focou nas questões administrativas e políticas públicas já em andamento.


Entenda a decisão

No Brasil, alguns governadores recebem pensão após deixarem o cargo devido a leis estaduais que garantem essa remuneração como uma forma de reconhecimento pelo serviço público.

Um exemplo é a Lei Complementar nº 200, de 2009, que estabelece o regime de aposentadoria dos governadores e outros altos cargos do executivo. Em muitos estados, como em Mato Grosso, essa pensão é equivalente ao salário do governador ativo.

Em 2018, o STF havia decidido suspender o pagamento da pensão, mas Feltrin apresentou um recurso contra. O relator, ministro Edson Fachin, votou por rejeitá-lo, mas sua posição foi derrotada.

O decano Gilmar Mendes votou a favor do recurso e foi seguido pelos ministros Dias Toffoli, André Mendonça e Kassio Nunes Marques.


Não é “privilégio”, mas “benefício”

Mendes argumentou que a pensão não seria um “privilégio odioso”, mas um “benefício de caráter alimentar recebido há anos por indivíduo que, tendo confiado na legislação e na administração, já não mais tem condições de suprir, em razão da avançada idade, suas necessidades no mercado de trabalho”.

De acordo com o advogado de Feltrin, Artur Osti, o ex-governador recebeu aproximadamente R$ 13 mil por 21 anos. Agora, ele passa a receber R$ 33 mil.

Na decisão, a Corte Eleitoral também determinou o pagamento retroativo referentes aos anos nos quais a pensão foi suspensa.

Ao votar contra o recurso, Fachin justificou que “a jurisprudência desta Corte possui entendimento de há muito sedimentado no sentido de que é incabível a reclamação cujo ato apontado como reclamado seja decisão proferida por ministros”.

“A adesão do Supremo Tribunal Federal apenas segue um padrão que já vinha sendo adotado e não tem nada de novo especificamente em relação ao caso dele”, disse a defesa de Feltrin à CNN.


Fonte: CNN Brasil



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