Rio em chamas: Estado registra 76 incêndios florestais neste domingo, em três dias bombeiros combateram quase 1,2 mil focos

O Corpo de Bombeiros combate o fogo com equipamentos como aeronaves com capacidade para transportar mais de mil litros de água

Incêndio atinge vegetação perto da Rodovia Presidente Dutra, na altura de Barra Mansa, no interior do RJ — Foto: Domingos Peixoto

O estado do Rio registrou pelo menos 76 novos focos de incêndio em vegetação até as 15h deste domingo (15), segundo informações do Corpo de Bombeiros. Ao todo, desde quinta-feira, quando foi criado o Gabinete de Gestão de Crise para enfrentar o problema, até a tarde deste domingo, foram registrados 1.199 focos de incêndios florestais dos quais 1.162 foram extintos pelos militares. A previsão de mudança no tempo, com possibilidade de chuva, no entanto, surge como esperança de dias melhores no controle das chamas.

— Quando a temperatura cai abaixo dos 30ºC, a umidade do ar aumenta e a intensidade dos ventos é reduzida, isso faz com que os incêndios percam força e, assim, conseguimos contê-los com mais velocidade. Então, sem dúvidas, a possível chegada da chuva vai ajudar bastante o nosso trabalho — avalia o major Fábio Contreiras, porta-voz do Corpo de Bombeiros.

De acordo com o Climatempo, a máxima prevista para este domingo é de 28º, com possibilidade de chuva fraca à noite. Já para segunda (16), as temperaturas devem chegar a 29ºC, com pancadas de chuva à tarde e tempo chuvoso à noite. Já na terça, a máxima sofrerá uma queda brusca para 23ºC, com previsão de chuva de manhã e à tarde.

— Ainda temos ocorrências que permanecem desde quinta-feira, como em Valença, em especial na Serra da Beleza, que é um dos nossos pontos de atenção. Mas posso garantir que os incêndios estão bem distribuídos em todo o estado, incluindo regiões como Cachoeiras de Macacu, Barra Mansa, Petrópolis, com focos na Estrada do Secretário, e a própria capital, com ocorrências em Campo Grande e no Centro — observa Contreiras.


Incêndios em Unidades de Conservação

Dos 15 focos de incêndio em parques estaduais que ainda havia no sábado (14), restavam apenas três, por volta das 13h30 deste domingo: Monumento Natural da Serra da Maria Comprida, em Petrópolia; Monumento Natural da Serra da Beleza, em Valença; Área de Proteção Ambiental de Massambaba, em Saquarema. Entre os incêndios que já foram debelados estão o da Área de Proteção Ambiental da Serra dos Mascates, em Cachoeiras de Macacu, e o do Parque Estadual do Desengano, em Campos dos Goytacazes, de acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que atua em parceria com o Corpo de Bombeiros.

— Pedimos que a população colabore com o nosso trabalho, prevenindo a ocorrência de incêndios. Para isso, a recomendação é não descartar guimbas de cigarro em locais próximos de vegetação e evitar queimadas de lixo e no próprio terreno onde há algum tipo de cultivo ou plantação, além de suspender qualquer atividade com balões e fogos de artifício. Há situações em que pessoas que fazem trilha e camping acendem fogueira pelo caminho. Elas podem perder o controle desse fogo, colaborando com os incêndios. Então, deve-se abolir essa prática. Às vezes, o fogo começa por um lixo descartado incorretamente na vegetação. Portanto, deve-se fazer o descarte correto dos resíduos — orienta Contreiras.


O porta-voz dá dicas ainda para a população se manter segura em um contexto de incêndio florestal:

— Em relação à segurança das pessoas, a orientação é que as pessoas não tentem resolver nenhum incêndio, porque é uma atividade de alto risco. A inexperiência pode fazer com que as pessoas fiquem encurraladas e cercadas pela fumaça. A recomendação é não se aproximar jamais, sair de perto imediatamente ao perceber o fogo e ligar para o 193.


Como os bombeiros atuam

O Corpo de Bombeiros utiliza drones com câmera térmica para monitoramento das áreas afetadas e aeronaves com capacidade para transporte de até 1.200 litros de água para ataque direto aos focos em locais de difícil acesso. Por terra, os agentes dispõem de instrumentos como motobombas portáteis, abafadores, bombas costais, foices, enxadas, enxadões, pás de campanha e tanques flexíveis com capacidade de 25 mil litros, que permitem o abastecimento de água pelos helicópteros da corporação.

— São mais de 1.100 militares à disposição nos quartéis de todo o Estado. Isso é fruto de um investimento maciço, da ordem de R$ 1 bilhão, do Governo do Estado na corporação, sendo R$ 115 milhões diretamente no reforço operacional visando ao combate a incêndios florestais — afirmou o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Tarciso Salles.

No Gabinete de Gestão de Crise, instalado no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Centro do Rio, profissionais da Defesa Civil Estadual e do Corpo de Bombeiros observam, 24 horas por dia, as condições meteorológicas e climáticas no estado e monitoram todos chamados feitos pelo 193.


Parques estaduais fechados

No sábado (14), o secretário de Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Rio, Bernardo Rossi, anunciou o fechamento dos 40 parques estaduais por tempo indeterminado. A decisão visa facilitar esforços no combate aos incêndios que têm sido registrados nos últimos dias, criminosos ou por conta do forte calor. O anúncio aconteceu junto à comunicação de focos de incêndio em 15 parques. Só no sábado, o Corpo de Bombeiros extinguiu 261 incêndios florestais. Desde o início do ano, houve mais 16.500 ocorrências de incêndios florestais no estado.

Os incêndios têm se intensificado em meio a um período de temperaturas altas, em pleno inverno, e baixa umidade do ar, e, nos últimos dias, estão atingindo áreas urbanas tanto da capital quanto de cidades como Niterói.

Fonte: O Globo


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