Túnel cavado por detentos para fuga em massa é descoberto em presídio no Rio


Escavação foi feita em unidade do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste da capital, que abriga chefes do Comando Vermelho

O túnel encontrado no presídio Vicente Piragibe — Foto: Divulgação

Um plano de fuga em massa de presos do Instituto Vicente Piragibe, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, foi frustrado. Agentes da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) encontraram, nesta segunda-feira, um túnel que seria usado por detentos para escapar. A unidade abriga chefes do Comando Vermelho como Márcio Aurélio Martinez Martelo, o Bolado da Providência; Bruno Eduardo da Silva Procopio, o Piná; Ilan Nogueira Sales, o Capoeira; e Gilberto Soares Alves, o Caveirinha.

Os agentes chegaram à localização do túnel graças a informações obtidas durante um trabalho da Subsecretaria de Gestão Operacional da Seap e da Coordenação de Unidades Prisionais de Gericinó. As equipes identificaram a entrada do túnel em uma área de terra onde funcionava a horta do presídio, já desativada. O local, segundo a secretaria, dá acesso à tubulação de esgoto — mesma utilizada para fuga de 27 detentos em 2013.

Escavação foi feita em unidade do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste da capital, que abriga chefes do Comando Vermelho — Foto: Reprodução

— Trata-se de mais uma ação bem sucedida da Polícia Penal, que tem investido na formação de nossos servidores para atuar na identificação e no combate de ações como essa. No presídio Vicente Piragibe estão criminosos de alta periculosidade. Todos os envolvidos estão sendo identificados e serão isolados — afirmou a secretária da Seap, Maria Rosa Lo Duca Nebel.

De acordo com a unidade, o túnel seria usada para uma fuga em massa de presos do Comando Vermelho, que cumprem pena em regime semiaberto na unidade prisional. A Seap já instaurou sindicância para apuração dos fatos e para tentar identificar os responsáveis.

Por nota, a Polícia Civil informou que o fato foi registrado na 34ª DP (Bangu). Além disso, agentes fizeram a perícia no local e realizam diligências para apurar os fatos. De acordo com fontes da polícia, a identificação dos detentos envolvidos na tentativa de fuga ainda está sendo levantado pelos investigadores.

Bandidos cavam túnel para tentar escapar de presídio em Bangu. Escavação foi feita em unidade do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste da capital, que abriga chefes do Comando Vermelho — Foto: Reprodução


Outras fugas do Complexo de Gericinó

Essa não é a primeira vez que detentos arquitetam um plano para escapar do presídio. Em 2013, vinte e sete presos fugiram do Instituto Penal Vicente Piragibe pela tubulação de esgoto. A ação dos detentos à época mobilizou a Seap e a Polícia Militar a fazer rondas em buscas dos fugitivos. Após mais de um mês de buscas, a polícia conseguiu recapturar o primeiro dos 27 detentos que estão foragidos do instituto penal. Rafael Rodrigues Anacleto estava entre os 31 presos que escaparam pelo túnel no dia 3 de fevereiro. Na ocasião, quatro foram encontrados ainda dentro da tubulação de esgoto: Antônio Luis de França, Rafael Silva Souza, Reginaldo Fernandes da Silva e Rogério Fernando Cunha de Abreu, segundo a Seap.

Túneis usados para fugas não são uma novidade no Complexo de Gericinó. Em outubro de 2002, a PM encontrou um túnel de oito metros na Casa de Custódia Jorge Santana. Meses antes, 105 detentos fugiram do local, que acabou recebendo o apelido de Presídio de Papel.

O policiamento está reforçado, em 2013, na área de Bangu, na Zona Oeste, quando 27 presos fugiram do Instituto Penal Vicente Piragibe, que faz parte do Complexo Penitenciário de Gericinó. — Foto: Bruno Gonzalez/ Agência O GLOBO

De acordo com a Seap, desde outubro de 2011, quando sete detentos armados fugiram da carceragem da Polinter do Grajaú, não havia registros de fuga em grupo das unidades prisionais do Rio. Mas um levantamento feito pela própria secretaria a pedido do GLOBO, em 2011, já mostrava que cerca de 10% dos dez mil detentos que receberam algum tipo de benefício penal entre janeiro e outubro daquele ano não voltaram para a cadeia.

A fuga de um outro detento, que aproveitou a autorização para ir a uma consulta médica no próprio complexo penitenciário, também se tornou notória. Aconteceu em novembro de 2008, quando o ex-policial militar Ricardo Teixeira Cruz, o Batman, fugiu do presídio de segurança máxima Bangu 8 pela porta da frente.

A fuga do miliciano, considerado um dos principais matadores da milícia que atua em Campo Grande, só foi notada durante a contagem de presos, 24 horas depois. Ele foi resgatado por três homens, que usavam coletes da Seap. Imagens do circuito interno de segurança do presídio captaram o momento da fuga, que teria custado R$ 1 milhão. Na época, uma sindicância foi instaurada, mas a investigação não comprovou se a fuga havia sido comprada.


Fonte: O Globo



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