VÍDEO: Ex-deputado e secretário do ES Felipe Rigoni divulga que sofre de esclerose múltipla


Rigoni comunicou que foi diagnosticado em 2023 após sentir uma dormência na perna e faz tratamento até hoje. Secretário de Meio Ambiente publicou relato nas redes sociais.

Felipe Rigoni, ex-deputado federal e atual Secretário de Meio Ambiente do Espírito Santo, tem esclerose múltipla — Foto: Reprodução/Redes sociais

O ex-deputado federal e atual Secretário de Meio Ambiente do Espírito Santo, Felipe Rigoni, de 33 anos, anunciou nas redes sociais que está fazendo tratamento contra a esclerose múltipla. O político fez o relato na sexta-feira (30), Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla e contou que foi diagnosticado em 2023.

A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) define a esclerose múltipla como uma "doença neurológica, crônica e autoimune". Ou seja, quando "as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares". A esclerose compromete a função do sistema nervoso e não tem cura e seu tratamento consiste em atenuar os sintomas e desacelerar sua progressão.

A atriz Guta Stresser, que interpretou a personagem Bebel, em "A Grande Família", também foi diagnosticada com a doença e falou em 2022 sobre a descoberta na época.

"Perdi o chão na mesma hora. Nem sabia direito o que era aquilo, só que afetava o cérebro, e só isso me soou aterrorizante", disse. O maior medo, segundo ela, era ficar incapacitada. "Com a ajuda do neurologista, entendi que diagnóstico não é sentença e que, apesar da doença não ter cura, ela tem, sim, tratamento", disse.

Em Guta, primeiros sintomas surgiram quando participou de "Dança dos Famosos", em 2020. Segundo a atriz, durante os ensaios, começou a esquecer as coreografias assim que terminava, apesar de sempre ter tido facilidade em memorizar movimentos.

Guta Stresser — Foto: Reprodução/Instagram

Rigoni não escondeu o medo ao descobrir o diagnóstico, mas relatou que depois de entender melhor a doença e como seria o tratamento, se sentiu mais seguro.

"Eu fiquei alguns meses bem mal, mas hoje tenho uma vida 100% normal e é importante ser dito isso. Porque muita gente tem um estigma, um preconceito, de que o paciente de esclerose não vai conseguir fazer nada, vai parar de ter sensações, movimentos, degenerar o cérebro. Isso pode acontecer se você não tratar. Mas hoje, a maioria dos pacientes de esclerose vivem 100% normais. Tem medicamentos que estão no SUS e fazem o controle da doença de forma quase que perfeita", destacou.


Descoberta



No vídeo, o secretário narrou que descobriu a doença quando estava na fila para comprar um sorvete no shopping com a namorada Laís Barbosa e sentiu uma dormência na perna.

"No dia do diagnóstico, fui ao shopping comprar um sorvete e senti que a minha perna esquerda toda ficou muito dormente. Fiquei meio desesperado porque achei que estava tendo um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Em 15 minutos melhorou um pouco, mas também estava me sentindo muito tonto", comentou.

Depois dos sintomas, Rigoni foi com a namorada até um hospital de Cariacica, para o plantão neurológico.

Durante a consulta, a médica descartou a possibilidade de um AVC, mas pediu para que Rigoni fizesse uma ressonância magnética. O resultado do exame constatou que o político estava com esclerose múltipla.

"O doutor falou que acha que de fato eu podia estar com esclerose e queriam me internar no mesmo dia para ficar 5 dias, porque eles queriam tratar o que eu estava sentindo como um surto. Porque a esclerose pode se manifestar em surtos. Aí ela pode dar tonturas muito fortes, dormências muito fortes e isso é tratado com bombas de corticoide. Seria para estancar o que pode estar acontecendo. Aí eu fiquei desesperado, porque eu não fazia ideia de que eu poderia ter algo nesse sentido", relatou.

Em 2022, durante a campanha eleitoral para vice reeleição para deputado federal, Rigoni comentou que já vinha sentindo uma dormência na mão esquerda que não o deixavam mais tocar violão.

A esclerose é uma doença neurodegenerativa, potencialmente incapacitante. Ela pode de fato incapacitar uma pessoa completamente se deixar sem cuidado. Eu só conseguia pensar que eu ia virar uma planta. Eu fui embora mas eles não queriam nem me deixar voltar para casa, meu cachorro chegou hoje e eu nem vou ver meu cachorro?", contou.


Tratamento

Depois da descoberta, Rigoni foi para a casa mas voltou para o hospital e ficou internado durante quatro dias.

"Soltou um monte de gatilho na minha cabeça, eu falei então eu tenho que ler sobre o assunto. Eu li duzentas mil coisas que eu podia ler e aí a gente foi escolher onde eu iria fazer o meu tratamento", disse.

O secretário iniciou o tratamento médico com o neurologista capixaba Herval Neto, que trabalha em São Paulo. Foi definido que um novo medicamento imunobiológico, chamado Kesimpta, que possui menos reações, seria utilizado.

Mas o remédio não estava registrado na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e não era aceito pelos planos de saúde. Por isso, foi necessário entrar na Justiça para garantir o tratamento, iniciado em agosto de 2023.

"Todo o mês eu tenho que ir lá na clinica tomar remédio. Eu ainda peguei uma pneumonia junto com a descoberta da esclerose .Mas tá tudo estabilizado, isso é importante dizer. Hoje um ano depois de começar o tratamento, a doença já parou de avançar, começou a regredir um pouquinho, mas não quer dizer que ela vai regredir 100%, a dormência na mão continua", pontuou.


Sobre a doença

A esclerose múltipla atinge, geralmente, pessoas entre 20 e 40 anos de idade, com uma incidência maior entre as mulheres. Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), a doença:
  • Não é mental
  • Não é contagiosa
  • Não é suscetível de prevenção
  • Não tem cura e seu tratamento consiste em atenuar os sintomas e desacelerar a progressão da doença
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lista 4 tipos de esclerose múltipla:
  • Esclerose múltipla recorrente-remitente (EMRR) - É a forma mais comum da doença e representa 85% dos diagnósticos. É caracterizada por surtos (sintomas clínicos em episódios) bem definidos, que duram dias ou semanas, mas depois desaparecem
  • Esclerose múltipla primária progressiva (EMPP) - Afeta cerca de 10% dos pacientes e é caracterizada por um início lento e uma piora constante dos sintomas. Há um acúmulo de déficits e incapacidades que podem se estabilizar ou continuar por meses e até anos
  • Esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP) - Começa com uma doença recorrente-remitente, que vai e volta, seguida pelo desenvolvimento de uma incapacidade progressiva que muitas vezes inclui mais surtos e nenhum período de remissão (fase na qual não há atividade da doença)
  • Esclerose múltipla progressiva recorrente (EMPR) - Tipo mais raro, acomete aproximadamente 5% dos pacientes. Caracteriza-se por declínio neurológico constante desde o início, com surtos agudos claros.
De acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein, os sinais e os sintomas mais comuns são:
  • Fadiga (fraqueza ou cansaço);
  • Parestesias (dormências ou formigamentos); nevralgia do trigêmeo (dor ou queimação na face);
  • Neurite óptica (visão borrada, mancha escura no centro da visão de um olho – escotoma – embaçamento ou perda visual), diplopia (visão dupla);
  • Perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez muscular (espasticidade);
  • Falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e desequilíbrios;
  • Dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou intestino;
  • Problemas de memória, de atenção, do processamento de informações (lentificação);
  • Alterações de humor, depressão e ansiedade.
A Abem explica que os tratamentos medicamentosos disponíveis "buscam reduzir a atividade inflamatória e os surtos ao longo dos anos". O tratamento deve ser feito com o apoio de um médico neurologista.

  • Medicamentos imunomoduladores: são utilizados para reduzir a atividade inflamatória
  • Medicamentos imunossupressores: reduzem a atividade ou eficiência do sistema imunológico que, no caso da esclerose múltipla, está ligado diretamente à doença
  • Pulsoterapia (administração de altas doses por curtos períodos de tempo) com corticoides sintéticos e interferons: utilizados no tratamento para a redução dos surtos




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