Os hábitos são seguidos pelos habitantes da ilha de Okinawa, no Japão, conhecida como uma das zonas azuis
Viva 100 anos: Os segredos das zonas azuis (Netflix)
A ilha de Okinawa, no Japão, é uma das áreas do mundo onde os seus habitantes vivem mais tempo. Conhecida como uma das zonas azuis, ela parece esconder o segredo da longevidade. Mas não é coincidência nem segredo, pelo menos não é algo desconhecido. Isso se deve, em parte, ao método Hanasaki, a prática que os faz viver até os 100 anos e felizes.
O escritor Marcos Cartagena explicou em seu livro “O Sistema Hanasaki”, esse método de crescimento pessoal com todas as chaves para uma vida plena e feliz: o mais importante é encontrar a paz interior, um tipo de estado de consciência realista, mas positivo. O especialista garante que é uma “condição em que somos capazes de perceber a realidade sem sermos excessivamente afetados por ela”.
Ou seja, é o que nos permite desfrutar sem nos sentirmos sobrecarregados pelas emoções e que nos dá clareza mental para tomar decisões. E os japoneses sempre encontram a paz interior seguindo cinco passos simples.
1. Comece o dia meditando
Meditar é uma das práticas mais benéficas para reduzir os níveis de estresse e cuidar da saúde mental. E mesmo que pensemos o contrário, como explicou o monge budista Thubten Wangche, não se trata de deixar a mente em branco, mas de refletir. Dedique os primeiros cinco minutos do dia à respiração e reflita sobre pensamentos positivos.
No entanto, a meditação não é para todos. Se decidir começar a meditar, tenha em mente que “se você sofre de doenças crônicas como ansiedade, depressão ou transtorno de estresse pós-traumático, a meditação pode piorar seus sintomas”, conforme explicado no Psychology Today.
2. Pelo menos uma vez por dia, faça algo com atenção
Segundo o Instituto Europeu de Psicologia Positiva, mindfulness é o foco da atenção no momento presente, um método para alcançar a atenção plena, concentrando-se no que está acontecendo “aqui e agora”.
Escolha qualquer atividade, qualquer coisa. Seja comer uma laranja, fazer um café ou ouvir uma música. Coloque todos os seus sentidos nisso: ouça o som da casca da laranja sendo descascada, sinta o cheiro do óleo em seus dedos, saboreie cada mordida se concentrando na textura, não mastigue com pressa. Concentre sua atenção apenas no que está fazendo. O que estamos tentando fazer com isso é fazer algo 100%, com toda a nossa mente e sentidos.
3. Procure por silêncio
Você sabia que o japonês como língua foi estruturado a partir da ideia de comunicar o máximo dizendo o mínimo? O especialista afirma que os japoneses apreciam o silêncio e se esforçam para protegê-lo, e vamos buscá-lo ativamente. Você pode experimentar uma caminhada silenciosa ou simplesmente sentar-se em uma sala vazia, sem distrações, em busca desse silêncio.
Ficar em silêncio não é apenas ficar quieto, é tentar cessar a nossa voz interior e, embora possa não parecer, essa prática ativa de buscar o silêncio nos ajuda. Segundo o Colégio Oficial de Psicologia de Madrid, emocionalmente, o silêncio nos traz paz, tranquilidade e calma, e, em nível cognitivo, facilita e estimula a atenção, a concentração, o pensamento e a escuta.
Além disso, ele “nos ajuda a nos conectarmos de uma maneira diferente com nosso mundo interior, com o mundo exterior e com nossos relacionamentos com os outros”, dizem os especialistas.
4. Relativize suas emoções mais desagradáveis
Cartagena diz em seu livro que “acalmar as águas do nosso espírito nos dará a temperança necessária para enfrentar e superar, com sucesso, os obstáculos que intermitentemente surgem em nosso caminho”. Na psicologia, isso é chamado de gerenciamento de emoções. Como explicou a psicóloga Iria Reguera, as emoções não são positivas ou negativas.
“Todas são emoções válidas e nenhuma delas deve ser evitada. [...] Aprender a reconhecer nossas emoções, valorizá-las pelo que elas são, naturais aos seres humanos, aceitá-las e aprender a gerenciá-las da maneira mais saudável para nós” é fundamental.
Ser o mais específico possível com suas emoções é essencial para aprender a gerenciá-las de forma saudável, o que na psicologia é conhecido como ter ou não ter “granularidade emocional”. Uma vez reconhecida a emoção, é hora de aceitá-la e colocá-la em seu devido lugar, relativizando se for muito intensa. Talvez você não consiga relativizar a emoção, mas talvez consiga relativizar o que a motivou.
Por exemplo, você está no supermercado e alguém entra sorrateiramente na sua frente. Você fica irritado. Muito irritado. Você teve um dia ruim, mas será que vai se lembrar disso daqui a dois dias? Se a resposta for não, a minimize.
De acordo com Cartagena, quando relativizamos “usamos argumentos focados em minimizar o impacto negativo” de uma emoção. Não é que a escondemos, é algo diferente. O que fazemos é tentar “minimizar a importância e a carga emocional de nossa reação”. As emoções são boas e válidas. As reações e ações que surgem são controláveis, adaptáveis e é isso que faremos. Para conseguir isso, podemos usar o método WISER usado em Harvard, que funciona muito bem.
5. Simplifique sua vida e sua maneira de pensar
“Mowgli, olha, tudo o que você tem que fazer é...” Além de ser uma das músicas mais conhecidas da Disney, ela é um reflexo da última das etapas: procure o que é mais vital. Simplifique sua vida.
Você acha que em Okinawa os habitantes se preocupam com as mesmas coisas que você? Não. Como Cartagena explica em seu livro, eles têm uma palavra chamada “tegewa” que, embora seja difícil de traduzir, poderia ser interpretada como “não complique demais, simplifique”.
Eles “simplesmente se limitam a viver uma vida simples, realizando as tarefas em seu jardim, fazendo seu trabalho, desfrutando das pequenas coisas e cuidando de seus amigos e familiares”, e isso lhes serve para viver uma vida plena, feliz e cheia de paz interior.
Fonte: Minha Vida