É FAKE que William Bonner fez propaganda de candidatos a vereadores para eleições de 2024


Trata-se de uma deepfake: um áudio simulando a voz do apresentador foi produzido por inteligência artificial.

É #FAKE que William Bonner fez propaganda de candidatos a vereadores para eleições de 2024 — Foto: Montagem g1/Reprodução

Viralizou nas redes sociais um vídeo no qual supostamente o jornalista William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, aparece fazendo propaganda de candidatos a vereadores para as eleições municipais de 2024. É #FAKE.

selo fake — Foto: g1

No início do vídeo fraudulento, a voz que imita a do jornalista diz: "Encontramos o melhor candidato a vereador de 2024. A foto dele você está vendo agora na tela. Grave este nome e este número para o dia 6 de outubro". Em seguida, aparece a foto e o número de algum candidato a vereador.

Levantamento do Fato ou Fake encontrou ao menos 40 candidatos a vereador em 16 estados usando o vídeo falso nas redes sociais. Eles estão distribuídos nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo.

A maioria está no Tiktok. O Fato ou Fake encontrou ainda vídeos usados como sátira, feitos por não candidatos.

Bonner nunca fez propaganda para nenhum candidato. A imagem é verdadeira, embora não seja atual: o apresentador aparece no vídeo sem barba; ele passou a adotá-la em 17 de maio de 2021. Portanto, o vídeo não tem relação com as eleições de 2024.

Já o áudio é falso e fruto de uma deepfake — técnica que utiliza inteligência artificial (AI) para simular a voz de uma pessoa.

Um dos vídeos falsos foi submetido à ferramenta TrueMedia.org, capaz de detectar deepfakes, que apontou com 100% de confiança que o áudio foi produzido por AI.

O perito em crimes digitais Wanderson Castilho também analisou as imagens e concluiu que não há "nenhuma dúvida" de que se trata de uma deepfake pelos seguintes indícios:
  • o movimento dos lábios e a fala do Bonner estão dessincronizados;
  • as frequências e timbre de voz do apresentador (original) e da criada por AI são completamente diferentes, segundo a análise da ferramenta Maztr;
  • a voz do vídeo falso apresenta "tremidas".
Por meio de uma busca na própria plataforma do TikTok, o Fato ou Fake ainda descobriu que os usuários e candidatos utilizaram um modelo disponibilizado por um perfil no CapCut— aplicativo de edição de vídeos — para produzir a deepfake.

Qualquer um podia acessá-lo e fazer sua própria montagem, inserindo uma foto e os números. Após o Fato ou Fake procurar o Tiktok, o modelo foi retirado do ar. Veja como funcionava: 
Deepfake de William Bonner é usada em propagandas de vereadores — Foto: Reprodução/Montagem


Deepfake é proibida nas eleições

Nas Eleições Municipais de 2024, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabeleceu regras para o uso de AI na propaganda de partidos, coligações, federações partidárias e candidatos e proibiu o uso das deepfakes.

Procurado, o TSE informou que a deepfake que imita a voz de Bonner "já foi inserido no Sistema de Alerta de Desinformação Eleitoral (SIADE) e encaminhado às plataformas e aos órgãos parceiros para demais providências".

O descumprimento das regras pode levar à cassação do registro ou mandato dos vereadores. "Em eleições municipais, os pedidos de registro de candidatura, impugnações, representações e outras ações eleitorais são analisados, inicialmente, pelas juízas e pelos juízes eleitorais, nas Zonas Eleitorais. Em grau de recurso, podem chegar ao TRE e, posteriormente, ao TSE", explicou a instituição.

O TikTok também afirmou que os vídeos indicados pelo Fato ou Fake foram revisados e removidos por violarem as diretrizes da plataforma, que "proíbem conteúdo gerado por inteligência artificial para falsamente retratar figuras públicas endossando visões políticas".

A empresa ainda esclareceu que usa tecnologia e revisão humana para identificar e remover esses conteúdos. "Além disso, aplicamos Credenciais de Conteúdo para rotular automaticamente materiais de IA carregados de fontes externas e exigimos que os criadores rotulem seus próprios conteúdos. Também incentivamos os usuários a denunciar conteúdos de IA não devidamente rotulados".

Fonte: G1





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