Projeto social com crianças em Paraisópolis sofre com apagão há 5 dias


O instituto Unidos de Paraisópolis enfrenta estragos estruturais e elétricos após temporal e precisou abrir uma vaquinha para ajudar


O caos se instaurou em São Paulo devido ao intenso apagão que atinge a região metropolitana há cinco dias. A forte chuva e o vendaval, na última sexta-feira (11/10), deixaram estragos em bairros da capital, Cotia, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo. Em Paraisópolis, um projeto social passa por prejuízos estruturais e elétricos.

O instituto Unidos de Paraisópolis, que oferece aulas de música, arte e tecnologia para crianças, ficou sem parte do telhado e com fiação danificada. Para ajudar a solucionar o problema, uma vaquinha on-line está aberta.

A tempestade deixou o recinto — situado dentro de um estacionamento cedido — sem telhado e sem energia. “A estrutura de entrada do instituto caiu por causa da ventania. Com isso, a fiação foi danificada e virou um desastre”, lamenta Reis. “No sábado, haveria um evento de Dia das Crianças, mas precisamos cancelar”.

No dia 11, ainda durante o intenso temporal, pais de alunos formaram um mutirão solidário. Limparam o local e removeram tudo o que oferecia risco imediato.

Com a volta da energia fornecida pela Enel na noite dessa terça-feira (15/10), algumas atividades estão sendo retomadas gradualmente nesta quarta (16/10). No entanto, o ambiente destinado aos ensaios musicais ainda está sem condições de funcionar.

Aulas de percussão, flauta doce e canto coral, assim como oficinas, estão impossibilitadas de ocorrerem. O prejuízo – estimado por Reis é de aproximadamente R$ 50 mil, considerando a reconstrução com mais segurança da estrutura afetada.

Inicialmente, a vaquinha virtual tinha a meta de arrecadar R$ 26 mil, para as ações emergenciais. Desse valor, 97% já foram doados por 49 apoiadores. Camisetas do Unidos de Paraisópolis também estão à venda para somar à verba.


Unidos de Paraisópolis

Criada em 2019, a instituição Unidos de Paraisópolis atualmente tem cerca de 140 alunos, principalmente crianças e adolescentes. O espaço, cedido pela arquiteta Sol Camacho, proporciona capacitação por meio da música, educação e tecnologia.

Com foco em despertar talentos, os participantes têm acesso a cursos de violão, piano, bateria e musicalização, entre outros. Reforço escolar também integra o repertório. Contudo, atualmente, a iniciativa não tem patrocínio; funciona por meio de esforço coletivo e doações.

O fundador, Acacio Reis, teve a própria vida moldada por projetos sociais. Depois de crescer, concluir uma graduação em música e até dar aula de ritmos brasileiros, na Holanda, o percussionista quis retribuir a ajuda à comunidade paulista e fazer a diferença na vida de pessoas em situação de vulnerabilidade.

“Sou morador de Paraisópolis desde os meus 5 anos. Vivia na rua e não tinha opções de lazer; foi um projeto social que me resgatou e descobri que eu tinha talento pra música”, conta. “Foi por isso que consegui prestar uma universidade, me formar e viajar para fora”.

O pontapé para a criação do projeto social foi um “massacre”: o conhecido caso de nove mortos por PMs em um baile funk de Paraisópolis. Reis transformou a dor da comunidade em novas oportunidades.


Paraisópolis

Atrás apenas de Heliópolis, Paraisópolis é a segunda maior favela de São Paulo. Vive constantemente problemas típicos de regiões carentes de infraestrutura. A falta de árvores — decorrente do racismo ambiental —, por exemplo, é um dos motivos que faz a comunidade registrar sensação térmica 10ºC acima do que no Morumbi, apesar de ambos estarem na zona oeste de SP.

Segundo pesquisa do Data Favela e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP), de 2023, o estado de São Paulo tem 3,4 milhões de pessoas e 1,1 milhão de domicílios em favelas. Isso representa 7,7% da população do estado.


Apagão em São Paulo

Nesta quarta-feira (16/10), o quinto dia de apagão, 100 mil imóveis continuam sem energia em São Paulo. A maior parte dos afetados é da capital paulista. De acordo com a Enel, 7,6 mil dos casos enfrentam o problema desde sexta-feira (11/10) e sábado (12/10).

O temporal levou à interrupção no fornecimento de energia para mais de 2 milhões de instalações pela concessionária. O grupo italiano há cerca de seis anos é dono da antiga companhia Eletropaulo, privatizada em 1998.


Fonte: Metrópoles



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