“Somos corpos sem almas”, diz moradora após um ano de guerra


Ataques israelenses deixaram mais de 42 mil mortos e provocaram crise humanitária sem precedentes

Um palestino caminha entre escombros de edifícios, destruídos durante a ofensiva militar de Israel em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza • 12/06/2024REUTERS/Mahmoud Issa

Um clima de desespero consome muitos palestinos na Faixa de Gaza que vivem em condições humanitárias terríveis, tendo sofrido 12 meses do bombardeio do enclave por parte de Israel.

“Passamos um ano em guerra”, disse à CNN na cidade de Deir al-Balah, no centro de Gaza, Abdallah Hmeida, um paciente de câncer deslocado de Beit Lahia. Hmeida perdeu os pais, o irmão e as irmãs no conflito , disse.

“É um tormento. Não sabemos para onde ir, e vivemos em tendas.”

Nabila Shunnar, uma mulher deslocada de Sheikh Radwan, disse que passou o último ano “em medo, terror, fome e tragédia.”

Moradores de Gaza disseram à CNN que não esperavam que os combates se arrastassem por um ano e alguns agora temem que possam ser intermináveis, pois eles não veem esforços concretos para consolidar um cessar-fogo.

Alguns moradores dizem que estão esperando meses para que a guerra termine apenas para enterrar seus mortos ou recuperar seus restos mortais.

Um Fadi, uma mulher deslocada do norte de Gaza que agora se abriga em Deir al-Balah, disse ter perdido a esperança na capacidade do mundo para agir diante do derramamento de sangue. Vivendo em tendas com o marido e cinco filhos, Fadi teme o inverno que se aproxima, dizendo que sua família não tem roupas que possam protegê-los do frio.

Para os habitantes de Gaza, foram 365 dias “de sofrimento, pobreza, fome, doença, instabilidade e falta de segurança”, disse ela à CNN.

“Somos corpos sem almas,” ela acrescentou.


Entenda o conflito na Faixa de Gaza

Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns. O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.

Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada.

A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.

Após cerca de um ano do conflito, a população israelense saiu às ruas em protestos contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertados.

Fonte: CNN Brasil




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