VÍDEO: 'Bomba inteligente': Conheça a arma que Israel usou para derrubar prédio em Beirute


'Bomba inteligente' de Israel momentos antes de atingir e derrubar prédio em Beirute em 22 de outubro de 2024. — Foto: AP Photo/Bilal Hussein

Edificio foi inteiramente derrubado em um ataque registrado por jornalistas na terça-feira (22). Investigação da Associted Press identificou que tipo de bomba usada é uma das mais poderosas do arsenal de Israel.

Entre os vários bombardeios que Israel tem feito em Beirute, no Líbano, um chamou a atenção nesta semana: um prédio desaba inteiramente após ser atingido por uma bomba em um piscar de olhos (veja vídeo abaixo).

Um fotógrafo da agência de notícias Associated Press capturou o momento em que o artefato caiu no edifício antes de detonar para derrubá-lo.

O ataque aéreo ocorreu 40 minutos depois de Israel alertar as pessoas para evacuarem dois prédios na área que, segundo o Exército israelense, estavam localizados perto de armazéns e ativos do Hezbollah.

Por isso, jornalistas estavam posicionados na área e captaram um raro vislumbre do uso de uma das bombas mais poderosas do arsenal de Israel.


Que tipo de arma era?

Um exame feito por pesquisadores de armas independentes sugere que a arma era uma bomba guiada, também conhecida como bomba inteligente, lançada de um jato israelense.

As seções da cauda e do nariz indicam que era uma ogiva de 1 tonelada equipada com um kit de orientação israelense conhecido como "Spice", de acordo o pesquisador sênior de conflitos, crises e armas da Human Rights Watch, Richard Weir.

Os sistemas de orientação Spice —Smart (inteligente), Precise-Impact ("certeira") and Cost-Effective ("custo eficiente")— são feitos pela Rafael Advanced Defense Systems, de propriedade do governo israelense. Eles são acoplados a uma bomba não guiada padrão para direcionar a arma ao seu alvo.

Minutos antes do ataque derrubar o prédio, houve dois ataques menores, no que os militares israelenses costumam chamar de ataque de alerta de "batida no telhado", de acordo com jornalistas da AP no local.

A prática foi observada na campanha militar de Israel em Gaza. Lá, mais de 40.000 foram mortos, de acordo com autoridades locais que não distinguem entre mortes de civis e combatentes, em um dos conflitos mais destrutivos da história recente.

Os militares israelenses se recusaram a comentar sobre o tipo de arma usada.


Por que Israel usa esse tipo de bomba?

A Rafael anuncia os kits Spice como capazes de operar dia ou noite, em condições climáticas adversas e em áreas bloqueadas por GPS. Ela diz que as armas oferecem "alta letalidade e baixo dano colateral" e "precisão de acerto certeira".

Ele também mantém a aeronave atacante fora de perigo. A versão de 2.000 libras pode ser lançada a até 60 quilômetros de seu alvo. A Rafael também faz versões menores.

Uma vez lançada por um avião de guerra israelense atacante, como um F-15 ou F-16 de fabricação americana, a bomba desliza em direção ao alvo, ajustando o curso usando aletas móveis.

Joseph Dempsey, analista de defesa e militar do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, concordou que as fotos indicavam que a arma era uma bomba Spice de 2.000 libras.

Ele disse que o sistema de orientação é pensado para depender de GPS e do que é conhecido como sistemas de orientação eletro-ópticos, que usam câmeras ou sensores para zerar o alvo da bomba. A natureza destrutiva da arma se resume a muitos fatores, incluindo o tamanho da ogiva e a maneira como ela é fundida.

“Este foi claramente um fusível de ação retardada. Ele enterrou-se no chão (e) detonou, o que tem o efeito de limitar a fragmentação e os danos da explosão deste ataque em particular”, disse Weir.

Isso explica por que a destruição foi limitada quase inteiramente ao edifício alvo. Pessoas que estavam a algumas centenas de metros de distância sentiram pouco ou nada da explosão e não viram muita fragmentação.


Onde essa bomba é feita?

A resposta não é direta.

"Os kits de orientação para o Spice 2000 são fabricados pela Rafael em Israel, embora o nível de dependência de subcomponentes estrangeiros não esteja claro", disse Dempsey.

Em 2019, a Rafael e a contratada de defesa dos EUA Lockheed Martin assinaram um acordo para trabalhar juntas para construir e vender kits de orientação Spice nos EUA. À época, as empresas disseram que a produção de mais de 60% do sistema Spice estava espalhada por oito estados dos EUA.

No final de outubro de 2023, semanas após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, o Departamento de Estado dos EUA emitiu uma carta aprovando a exportação de conjuntos adicionais de bombas Spice para Israel.

Essa carta, relatada pela primeira vez pelo jornal "The New York Times", Washington notificou o Congresso que a Rafael USA, uma subsidiária americana da empresa de defesa israelense, estava buscando a remessa de US$ 320 milhões.

Essa solicitação foi uma emenda a uma licença anterior de US$ 403 milhões em 2020.

A ogiva explosiva é uma bomba básica, neste caso provavelmente um explosivo estilo MK-84 de 2.000 libras, onde a seção do nariz e da cauda foram trocadas pelo sistema de orientação.

No início deste ano, os EUA interromperam os embarques dessas bombas poderosas para Israel devido a preocupações com vítimas civis, embora se acredite que Israel ainda tenha suprimentos em estoque.

É difícil saber com certeza onde a parte da bomba foi produzida. Israel depende dos EUA para suprimentos de bombas MK-84, mas ele e outros países também produzem armas semelhantes.

Determinar isso com certeza exigiria recuperar restos com marcações, disse Weir.

Fonte: G1 Mundo





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