Embutidos como salame e salsicha estão entre os alimentos mais nocivos à saúde — Foto: iStock |
O que comer ou não para ter uma dieta saudável costuma suscitar debates, mas existem alimentos sobre os quais há certo consenso do quanto são prejudiciais à saúde e que, idealmente, não deveriam ser consumidos nunca.
É claro que, se não for possível bani-los do cardápio, ao menos deixe para comê-los bem esporadicamente, pois se tratam de alimentos considerados nocivos, que, se consumidos com regularidade, provocam consequências negativas para o organismo.
— Mesmo que o consumo esporádico de alimentos nocivos não seja ideal, ele pode ser feito sem grandes impactos se houver equilíbrio na dieta geral e um estilo de vida saudável, com base nas recomendações dietéticas de grandes organizações de saúde — esclarece o endocrinologista e médico do esporte Clayton Luiz Dornelles Macedo, presidente do Departamento de Endocrinologia do Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e coordenador do Departamento de Atividade Física da Associação Brasileira de Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).
Confira a seguir quais são os alimentos inimigos da saúde:
Refrigerante e bebida açucarada
Bebidas açucaradas, como o refrigerante, são nocivas à saúde, pois têm relação com sobrepeso, diabetes e doenças cardiovasculares, devido ao excesso de açúcar, normalmente acompanhado de aditivos alimentares diversos, sem qualidade nutricional. E isso inclui os sucos de caixinha, aqueles vendidos com sabores de fruta, mas que, na verdade, são artificiais.
– O consumo excessivo de açúcar está ligado a várias enfermidades, como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas. O açúcar rapidamente se transforma em glicose no sangue, causando picos de energia, seguidos de quedas bruscas. Bebidas açucaradas também fornecem calorias sem nutrientes essenciais, o que pode contribuir para a desnutrição e a falta de vitaminas e minerais – ressalta a nutricionista Débora Palos.
Segundo estudo publicado no Journal of Diabetes Investigation em 2024 (2014), a ingestão elevada de bebidas açucaradas está associada a risco 30% maior de desenvolvimento de diabetes.
Maria Fernanda Barca, doutora em Endocrinologia e integrante da Abeso e da SBEM, não recomenda nem mesmo o suco natural devido ao índice glicêmico elevado, quando comparado com a fruta in natura.
– Tomar açúcar de laranja, por exemplo, é péssimo, mas você comer a fruta não tem problema, porque tem as fibras da própria laranja, que irão segurá-lo.
Salsicha, presunto, bacon e outros embutidos
Salsicha, linguiça, salame, bacon, presunto, mortadela e peito de peru são carnes processadas e embutidas que fazem mal à saúde, associadas a uma desordem gastrointestinal, ao risco aumentado de desenvolvimento de câncer e a problemas cardiovasculares, como a hipertensão. São alimentos muito pobres em nutrientes e muito altos em calorias, gorduras, conservantes e sódio, maléficos à saúde.
– Esses alimentos são prejudiciais porque são ultraprocessados, cheios de aditivos e substâncias sintéticas não saudáveis – explica a nutricionista Ainá Innocencio.
– Carnes processadas são classificadas como potencial carcinogênico. Também estão associadas à hipertensão e doenças cardíacas devido ao alto teor de sódio e conservantes – aponta o endocrinologista e médico do esporte.
Um estudo de revisão publicado na Jama em 2005 relaciona o consumo de carne processada ao risco aumentado em 6% de câncer de mama, 18% de câncer colorretal, 21% de câncer de cólon, 22% de câncer retal e 12% de câncer de pulmão.
Pizza, lasanha, hambúrguer e comidas industrializadas congeladas
Pizza, lasanha, hambúrguer e outros alimentos de caixinha, produzidos industrialmente e vendidos congelados, contêm alto teor de sódio e gorduras, prejudiciais ao organismo, e uma série de aditivos químicos que em nada colaboram para a nutrição necessária da alimentação.
Hambúrgueres e pizzas de fast food são ricos em gorduras saturadas, sódio e açúcares e, consequentemente, o consumo frequente aumenta o risco de hipertensão, obesidade, diabetes e doenças cardíacas.
Um estudo publicado no Journal of Pediatric and Adolescent Gynecology em 2015, realizado com meninas sul-coreanas, apontou que a ingestão frequente de hambúrguer, pizza e outros tipos de fast food teria relação com a elevação do risco de depressão de adolescentes.
Salgadinhos de pacote
Salgadinhos de pacote geralmente são ricos em gorduras do tipo vegetal hidrogenada (gordura trans). Embora seja produzida a partir de óleos vegetais, a gordura trans é tão ou mais prejudicial à saúde do que as gorduras saturadas.
Também contêm muito sódio, o que os torna mais palatáveis e atrativos. Entretanto, o consumo habitual e contínuo traz riscos para a saúde, favorecendo a incidência de doenças do coração e sobrepeso.
Bolacha recheada
Bolachas doces ou recheadas são ricas em açúcar simples. O açúcar é utilizado para adoçar e preservar alimentos e bebidas industrializados (processados e ultraprocessados), mas não é necessário ao organismo humano, pois a energia que fornece pode ser facilmente adquirida pelos grupos de alimentos fonte de carboidratos complexos (amidos). Biscoitos recheados também são ricos em gorduras, em geral do tipo trans, o que agrega ainda mais risco ao consumo exagerado e contínuo.
– Bolachas costumam ter muitas calorias devido à adição de açúcares, gorduras e sódio, o que pode levar ao ganho de peso e à obesidade. Esses alimentos ainda são baixos em nutrientes essenciais, como fibras, vitaminas e minerais, e contêm conservantes, corantes e aromatizantes que podem ter efeitos negativos sobre a saúde e estão associados a alergias e intolerâncias. O sódio também é frequentemente adicionado para melhorar o sabor e aumentar a durabilidade, contribuindo para hipertensão e problemas cardiovasculares – pondera Débora.
Um artigo de 2015 da revista Cellular Physiology and Biochemistry ainda relaciona bolachas, lanches e doces ao risco aumentado de depressão.
Macarrão instantâneo
Miojo e macarrão instantâneo são extremamente prejudiciais à saúde, principalmente devido ao alto teor de sódio e à presença de diversos aditivos alimentares.
Colocar tais alimentos na rotina alimentar é ruim para o organismo, embora possam quebrar o galho em determinadas situações de uma rotina corrida.
Caldos e temperos prontos
Sabe aqueles caldos e temperos de sachê ou caixinha? São muito ruins para a saúde. Eles têm diversos aditivos químicos, que servem para dar o sabor desejado na comida, mas que são maléficos para o organismo. Eles ainda são ricos em sódio, o que não é nada bom para a saúde.
Dê preferências, ao fazer a comida, a temperos naturais, sem serem os industrializados.
Batata frita e frituras
Frituras ricas em gorduras trans são nocivas à saúde, e por isso consumir batata frica com regularidade não é uma boa ideia para quem deseja manter uma dieta saudável. Frituras em geral, aliás, não devem fazer parte do cardápio rotineiro.
– Frituras tendem a ser muito calóricas, o que pode contribuir para o ganho de peso e para a obesidade, se o consumo for em excesso. Alimentos fritos geralmente absorvem uma grande quantidade de gordura durante o processo de fritura, especialmente óleos saturados ou trans, que podem aumentar o risco de doenças cardíacas. Além disso, quando os alimentos são fritos a altas temperaturas, podem se formar compostos prejudiciais, como acrilamida e produtos de oxidação lipídica, que estão associados a um maior risco de câncer – alerta Débora.
O consumo frequente de alimentos como batata frita, por exemplo, estaria relacionado ao aumento do risco de câncer de próstata, segundo artigo do periódico The Prostate publicado em 2013.
Fontes:
Ainá Innocencio é nutricionista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Nutrição Humana e doutora em Ciências Nutricionais.
Clayton Luiz Dornelles Macedo é endocrinologista, médico do esporte e presidente do Departamento de Endocrinologia do Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e coordenador do Departamento de Atividade Física da Associação Brasileira de Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). É especialista em Medicina do Esporte e doutor em Endocrinologia Clínica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Trabalha no Hospital Israelita Albert Einstein e no Instituto Cohen e é coordenador do Núcleo de Endocrinologia do Exercício junto ao Serviço de Medicina do Esporte da Unifesp.
Débora Palos é nutricionista clínica graduada pelo Centro Universitário São Camilo (SP), com especialização em Terapia Nutricional e Nutrição Clínica pelo Ganep Nutrição Humana (SP), pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP Consultoria Nutricional (SP). É nutricionista da Clínica Dra. Maria Fernanda Barca e do Check-up do Alta Excelência Diagnóstica (Dasa).
Maria Fernanda Barca é doutora em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com especialização em tireoide. É membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), da European Society of Endocrinology (ESE), da European Thyroid Association (ETA) e da Endocrine Society.