Tïu França, como era conhecido, deixou sua cidade em Santa Catarina após problemas familiares. Parentes temiam suicídio
A dona de casa Sônia Regina, de 66 anos, conta que seu irmão caçula, Francisco Wanderley, de 59 anos e chaveiro, era uma pessoa aventureira e obcecada pelo que queria. Ele tentou diversos tipos de negócios em busca de realização pessoal, sem se preocupar com a opinião alheia.
“Ele sempre esteve em busca de realizações, mas também não escutava conselhos da gente”, resume a irmã, em entrevista ao Metrópoles.
Tïu França, como era conhecido, se explodiu na frente da escultura da Justiça, na praça em que fica o Supremo Tribunal Federal (STF), na noite da última quarta-feira (13/11). Nas redes sociais, ele manifestava opiniões extremistas e anunciou que cometeria um atentado contra autoridades, que ele chamava de “comunistas”.
Nos últimos anos, o chaveiro de Rio do Sul (SC) se envolveu muito na política, se transformando em um apoiador ferrenho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), participou de acampamentos golpistas contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Ele viajava muito para Brasília, tirava fotos abraçando o Bolsonaro e outros políticos”, lembra a irmã mais velha, que atualmente vive no Paraná.
Família suspeitava
O radicalismo político de França se intensificou depois de ele viver problemas financeiros e amorosos. Ele teria perdido dinheiro por causa de uma enchente que destruiu um imóvel seu e, além disso, se separou da segunda esposa. Durante um aniversário com familiares, teria chegado ao ponto de sugerir que poderia se matar.
Familiares já temiam que ele tentasse tirar a própria vida, mas a forma como aconteceu chocou a todos. “Não foi surpresa para nós, mas jamais imaginei que ele ia fazer da maneira que foi. Minha irmã já estava preocupada, porque ele deixou no ar a intenção de suicídio”, explica Sônia. “Eu dormi chorando. Eu acho que a gente estava semi-preparado. Eu acabei acreditando que era verdade, que não foi um sonho”.
O corpo de França foi recolhido pelo Instituto Médico Legal (IML) após vários testes de segurança anti-bomba, que incluíam o uso de robôs. Era por volta das 19h30 quando ele arremessou um objeto contra a escultura e em seguida explodiu a própria cabeça. O carro dele, que também explodiu, e um trailer com explosivos foram deixados em estacionamentos da Esplanada dos Ministérios.
Familiares já estão sendo ouvidos pela Polícia Federal (PF), que investiga o caso. Uma das linhas de apuração é a ligação entre o atentado e os atos golpistas de 8 de janeiro, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e destruíram as sedes dos Três Poderes.
Fonte: Metrópoles