Polícia do RJ investiga casal filmado imitando macacos em roda de samba em Santa Teresa, região central do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução
'A dança imitando macaco remete a todo um racismo que é histórico, uma comparação que é feita entre animais e pessoas negras, no sentido de desumanizá-las', explicou a delegada. Inquérito foi encaminhado para o Ministério Público.
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) indiciou por racismo o professor Thiago Martins Maranhão, de 41 anos, e a argentina Carolina de Palma, filmados imitando macacos durante uma roda de samba no Centro do Rio de Janeiro.
“Concluímos que houve uma discriminação racial no evento. A dança imitando macaco remete a todo um racismo que é histórico, uma comparação que é feita entre animais e pessoas negras, no sentido de desumanizá-las”, ressaltou a delegada Rita Salim, titular da Decradi.
Thiago mora em São Paulo e estava no Rio para participar de um fórum de educação musical. Em depoimento, Thiago alegou que ele e Carolina “imitaram vários bichos, entre eles, caranguejo, pássaros, elefante e macaco, além de uma árvore”.
"Isso não é permitido nem em tom de brincadeira, porque racismo recreativo é punido pela lei, é considerado crime e não é admitido. liberdade de expressão encontra limite no direito do outro e, no caso feriou a dignidade da pessoa humana”, destacou a delegada.
O inquérito foi encaminhado para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). A pena prevista para o crime é de 3 a 5 anos de prisão.
A argentina também deu um argumento semelhante através da sua defesa. Os advogados disseram que a dança realizada por ela "não tinha sentido discriminatório, tendo sido inclusive imitado movimentos de outros animais durante a dança, tais como pássaros e caranguejos".
Thiago disse que conhecia Carolina de Palma desde 2023, quando ambos fizeram um curso de música e movimento em São Francisco, na Califórnia.
O professor afirmou que “durante a dança criativa, imitaram vários bichos, e que não foram interrompidos ou abordados por ninguém durante todas as danças”.
Segundo Thiago, eles só pararam de dançar por volta das 2h [do sábado, 20 de julho], quando “perceberam que o celular de uma amiga havia sido furtado da bolsa”. Em seguida, após falarem com os seguranças, foram embora.
Thiago afirmou que na manhã do sábado entrou no perfil da roda de samba e “viu o vídeo recortado, que apenas mostrava o momento em que imitavam um macaco e uma árvore”.
Ainda de acordo com Thiago, a jornalista Jackeline Oliveira — que fez as imagens — agiu de “forma leviana e mentirosa, como se fosse um ato de racismo, tão somente divulgou imagens de uma mínima dança”.
Fonte: G1 RJ