Espírito Santo é único Estado com desovas regulares do animal no Brasil; também conhecida como tartaruga-de-couro, espécie está criticamente ameaçada de extinção
Grupo de especialistas em foto com a tartaruga-gigante em Regência, Linhares. (Divulgação | Instituto Marcos Daniel (IMD))
Uma tartaruga-gigante foi vista em processo de desova na praia de Regência, em Linhares, Norte do Espírito Santo, no último domingo (27). O estado é o único do país com desovas regulares da espécie Dermochelys coriacea, conhecida também como tartaruga-de-couro, considerada criticamente ameaçada de extinção no Brasil.
Com 1,5 metro de carapaça, o animal apresentava boas condições físicas e significativa reserva de gordura corporal. Ele também apresentava marcas metálicas de identificação aplicadas pela Fundação Projeto Tamar, indicando que ele já havia frequentado a região anteriormente.
A temporada de reprodução das tartarugas na costa do Espírito Santo se estende de setembro a janeiro e é um importante momento de conservação da espécie. O registro foi realizado por integrantes do Projeto Chelonia Mydas, que realiza o monitoramento do impacto dos poluentes nas tartarugas-marinhas brasileiras.
Segundo Camila Miguel, coordenadora do Projeto Chelonia Mydas, as condições físicas do animal sugeria que estava em sua primeira ou segunda desova desta temporada.
"Essas tartarugas podem desovar até sete vezes durante a temporada, colocando um ninho a cada dez dias. Elas concentram toda a sua energia na reprodução e postura dos ovos, levando a uma perda significativa de peso ao longo da temporada
Camila Miguel•Coordenadora do Projeto Chelonia Mydas"
Riscos e ações para a conservação
Durante o período de reprodução e desova, as tartarugas-de-couro enfrentam riscos como predação dos ovos, desorientação por iluminação artificial, circulação de veículos e pessoas nas praias, pesca acidental e poluição.
"Manter as praias escuras é fundamental, pois as fêmeas e os filhotes se orientam pela luminosidade natural para chegar ao mar. As luzes artificiais podem desorientá-los e comprometer sua sobrevivência", alerta a especialista.
A população também pode contribuir para a preservação da espécie com algumas práticas como manter as praias limpas, preservar a vegetação de restinga, denunciar atividades ilegais que afetem os animais e visitar as praias de forma consciente, respeitando as sinalizações.
"O monitoramento dessas tartarugas é essencial para compreendermos seus padrões de comportamento, abundância e distribuição, e garantir medidas eficazes de conservação. A preservação dessa espécie é um compromisso com nosso patrimônio natural", afirmou Camila Miguel, coordenadora do projeto.
Fonte: A Gazeta