Análise confirma que ao menos três disparos atingiram o jovem de baixo para cima, reforçando relatos de testemunhas de que ele foi alvejado no chão
![](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/3u/ve/n3/3uven39manwse6igh31yv1j76.jpg)
Gregory Ribeiro Vasconcelos (17 anos) foi morto com ao menos oito tiros durante uma abordagem policial na noite de 5 de novembro, no Morro São Bento , em Santos . Ele estava de moto com outro adolescente, de 15 anos, quando foi atingido. Na mesma ação, Ryan da Silva Andrade Santos , (4 anos) foi baleado e também não resistiu.
O laudo do Instituto Médico Legal ( IML ) detalhou sete ferimentos compatíveis com disparos de arma de fogo no corpo de Gregory , além de uma queimadura na região abdominal. Entre os ferimentos, estão tiros nas costas, na região do pescoço e no braço.
A análise confirma que ao menos três disparos atingiram Gregory de baixo para cima, reforçando relatos de testemunhas de que os adolescentes foram alvejados enquanto estavam no chão.
No dia do velório, a família de Gregory enfrentou transtornos devido à conservação inadequada do corpo, que teria ficado fora da refrigeração por mais de 24 horas. Por isso, o velório e o cortejo previstos foram cancelados. Já o funeral de Ryan teve bloqueios por parte da Polícia Militar , e uma abordagem gerou discussões entre manifestantes e policiais.
Contradições nas versões
Segundo o boletim de ocorrência, Gregory e o outro adolescente teriam participado de um confronto armado com policiais da Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas). Os PMs relataram que, após uma perseguição, houve troca de tiros. Moradores, no entanto, afirmam que os adolescentes estavam desarmados e foram atingidos pelas costas.
Os policiais envolvidos não utilizavam câmeras corporais, e os depoimentos oficiais apresentam inconsistências. Dois PMs relataram os fatos em textos idênticos, enquanto outros seis optaram por permanecer em silêncio até constituírem defesa.
O coronel Emerson Massera, porta-voz da PM, afirmou que houve mais de cem disparos no local, mas nenhum policial ficou ferido e não há registros de viaturas ou equipamentos da corporação atingidos.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) declarou que o caso está sendo investigado pela Polícia Civil e pela própria PM, mas os detalhes estão sob sigilo judicial. Os policiais envolvidos foram afastados de atividades operacionais.
As mortes de Gregory e Ryan integram uma série de ações policiais questionadas pela população e têm aumentado a pressão sobre o governo estadual. Recentemente, outros casos de violência envolvendo policiais também geraram repercussão, como o assassinato de um estudante de medicina desarmado e a morte de um homem com 11 tiros pelas costas. Outros casos também causaram discusão, como o homem que foi jogado de cima de uma ponte por um PM e uma senhora que foi agredida com um soco no interior de São Paulo.
Fonte: IG