Gabriel do Nascimento Barros, de 17 anos, o Chinaide, é conhecido como "puxador de guerra"
Gabriel do Nascimento Barros, de 17 anos, morava no Complexo da Penha — Foto: Reprodução
Gabriel do Nascimento Barros, de 17 anos, conhecido como Chinaide, foi morto na noite de domingo, em confronto com policiais do 14º BPM (Bangu). Integrante da "Equipe do Ódio", ligada ao Comando Vermelho, o adolescente é identificado pela polícia como "puxador de guerra". Na ocasião, ele tentava invadir, junto a comparsas, a comunidade do Catiri, na Zona Oeste, área de milícia.
Em vídeos que circulam nas redes sociais, Gabriel, de cabelo longo, aparece saindo de um carro branco e atirando em direção a milicianos. Ele usava uma camiseta e segurava um fuzil.
No registro de ocorrência, consta que Gabriel foi encontrado já sem vida pelos agentes. Ele estava em posse de um fuzil AK-47 e de uma pistola. Outro suspeito foi baleado no confronto e levado com vida para o Hospital Albert Schweitzer.
O adolescente também é apontado como "puxador" de uma disputada territorial que aconteceu no Catiri, em 9 de novembro. Naquele dia, um grupo de traficantes do CV matou o miliciano Leandro de Carvalho Braz, de 21 anos, chamado de "Jamal do Catiri". Ele foi encurralado, a luz do dia, na Estrada da Cancela Preta.
"Equipe do Ódio"
Segundo a Polícia Civil, os integrantes da "Equipe do Ódio" residem no Complexo da Penha e são especializados no roubo de veículos. A maioria deles é adolescente ou novato no tráfico, o que justificaria essa atuação mais arriscada nas ruas. Os delitos acontecem em diferentes regiões da cidade, em especial nos bairros de Madureira, Quintino, Cascadura, Brás de Pina e Vila da Penha, na Zona Norte, e na Barra da Tijuca, Zona Oeste. Além disso, parte deles também atua em guerras pela expansão territorial da facção.
De acordo com a polícia, o aumento de roubo de carros e motos é observado desde 2022, ano que coincide com o início do projeto expansionista do CV. Naquele ano, 25.198 veículos foram roubados em todo estado, como revelam dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Agora, somente de janeiro a outubro, já foram 24.654.
O destino de grande parte dos roubos, conforme investigações, é a comunidade Nova Holanda, no Complexo da Maré. Nela, há depósitos de produtos roubados, escondidos em áreas de difícil acesso devido à presença de traficantes. No caso dos veículos, muitos são clonados para serem vendidos com preço similar ao de mercado, gerando mais lucro para a facção.
Fontes da polícia comentam que a apreensão de adolescentes é rotina. Eles são maioria nas ruas, cometendo crimes de maior exposição, como roubo e furto. Um levantamento do Departamento Geral de Ações Sócio Educativas aponta que, somente em novembro, 79 deles entraram no sistema.
— Os adolescentes preenchem uma mão de obra para o tráfico que não precisa ser qualificada. Os mais velhos conseguem entrar facilmente na cabeça dos mais novos, garantindo um monte de coisa, seja dinheiro, poder, proteção. Se beneficiam do espírito de aventura, da coragem e da disposição que é bem comum nessa fase da vida — disse um policial.
Fonte: O Globo