Criança deixada morta em PA, foi estuprada e tinha cocaína no sangue


Davy Lucas Cândido foi deixado morto pelo padrasto em um PA de Alto Lage. Investigação apontou que o garotinho tinha droga no sangue e foi vítima de violência sexual

Davy Lucas Cândido Rodrigues Pedrosa, de quatro anos, chegou morto no PA de Alto Lage, em Cariacica. . (Arquivo Pessoal)

Deixado morto no Pronto Atendimento (PA) de Alto Lage, em Cariacica, Davy Lucas Cândido Rodrigues Pedrosa, de 3 anos e sete meses, tinha cocaína e um derivado da cocaína no corpo, conforme divulgou a Polícia Civil, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (3). Além disso, exames mostraram que Davy foi vítima de violência sexual.

A mãe da vítima, Thais Cândido e o padrasto do menino, Fábio dos Santos Silva, de 28 anos, foram presos e indiciados por homicídio e tentativa de homicídio, além de outros crimes.

Segundo o adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cariacica, delegado Michel Pessoa Fernandes, a cocaína no sangue de Davy indica que: a criança usou de maneira acidental ou foi ministrada por terceiros.

Davy foi deixado no PA pelo padrasto na manhã do dia 17 de setembro. Fábio, na ocasião, disse que o menino estava tendo convulsões e o entregou aos profissionais de saúde, mas fugiu em seguida. Ele foi preso no dia seguinte. Enquanto estava no PA, a irmã de Davy, de um ano e 10 meses, foi encontrada no meio da rua em Cariacica, e levada para o Hospital Infantil, em Vitória. Segundo a assistente social da unidade de saúde, a bebê tinha sido vítima de agressões físicas.

Segundo o adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cariacica, delegado Michel Pessoa Fernandes, a mãe da criança viajou dias antes do crime, 15 de setembro. Inicialmente, ela disse que estava a trabalho, mas durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que ela foi para Rondônia buscar drogas para o companheiro, que era traficante, e para outros dois suspeitos: Matheus Gomes e Lucas Viana — procurados por homicídio.

Mateus Gomes, vulgo "MT" de 27 anos, e Lucas Viana, vulgo "Lucas Bard," de 28 anos, foram indiciados por tráfico de drogas e associação para o tráfico. (Divulgação | Polícia Civil)


Casal se conhecia há quatro meses

Fábio e Thais se conheciam há quatro meses e moravam juntos havia dois meses, em Santa Cecília, Cariacica. No dia que o menino foi deixado no PA, o padrasto da criança disse que iria em casa buscar documentos, mas fugiu.

Foi verificado que a criança apresentava diversos traumatismos no corpo. A mãe alegou que era de uma queda, mas não era verdade.

Michel Pessoa Fernandes•Delegado adjunto da DHPP de Cariacica

Thais Candido, mãe do menino Davy Lucas . (Roberto Pratti)

Durante o dia, antes de levar o menino ao PA, o padrasto ligou para Thais e disse que a criança passou mal. Ela ligou para o pai de Davy, que foi à unidade de atendimento médico e soube que a criança havia morrido. Naquele mesmo dia, a irmã da vítima deu entrada em um hospital apresentando traumas e machucados por dentro da boca. Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu, por meio de exames, que a irmã de Davy, de 1 ano e 10 meses, sofreu violência sexual.

Quando questionados pela polícia, o padrasto acusa a mãe de agredir os filhos, e ela acusa o companheiro. “Mas a gradação das lesões nas crianças (elas tinham lesões de no mínimo 10 dias) mostrava que as agressões ocorreram há dias. Outras testemunhas trouxeram informações que convergiram que a mãe fosse uma das autoras das agressões, pois ela tem histórico de violência”, ressaltou o delegado.


Causa da morte

A causa da morte de Davy foi anemia aguda por laceração do fígado — o órgão estava rompido. Os exames apontaram ainda lesão nas costas com sinais que poderiam ter sido feitas com uma ripa (pedaço de madeira).

Na residência do casal foram encontrados guimba de cigarro e pedra de crack. No quarto das crianças, a polícia localizou um pino de cocaína. “Importante ressaltar que Fábio Santos tinha histórico criminal e autuação no tráfico de drogas”, disse o adjunto da DHPP de Cariacica.

O padrasto foi autuado por homicídio, tentativa de homicídio e estupro de vulnerável — ele já estava preso desde o dia seguinte à morte da criança. Já a mãe foi presa no dia 12 de novembro, autuada por omissão, tentativa de homicídio, homicídio, tráfico de drogas e associação ao tráfico — mas a informação sobre a prisão dela foi divulgada somente nesta terça-feira (3).

Já a mãe da vítima foi indiciada por homicídio consumado, homicídio tentado (por traumatismo a filha), tráfico de drogas e associação para o tráfico. Ela foi presa no dia 12 de novembro, por meio da DHPP de Cariacica, e encontra-se custodiada no Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC).

A reportagem tenta localizar as defesas dos citados. O espaço segue aberto para manifestação.


Fonte: A Gazeta



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