Gastroenterite no verão: veja os cuidados para evitar a doença


Lavar bem as mãos e tomar cuidado com água e alimentos mal conservados ou expostos a temperaturas altas são maneiras de evitar a condição

Água e alimentos contaminados por alguma bactéria estimulam o surgimento de casos de gastroenterite. (Shutterstock)

Vômitos, diarreia, dor abdominal e febre são alguns dos sintomas da gastroenterite, uma inflamação do trato gastrointestinal que afeta principalmente o estômago e o intestino delgado. Causada por infecções virais, bacterianas ou parasitárias, a doença pode se manifestar de forma aguda e repentina. Em alguns casos, a gastroenterite também pode ser provocada por intoxicação alimentar ou reações adversas a medicamentos.

Em épocas como o verão, quando há aglomeração de pessoas e muita oferta de alimentos ao ar livre, a gastroenterite pode surgir em surtos. Isso porque, no caso de infecção viral, o vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa, que costumam se reunir na praia, piscina, cinema... Água e alimentos contaminados por alguma bactéria também estimulam o surgimento de casos. É o que explica o gastroenterologista da Unimed Vitória Bruno Brandão Pavan.

"A gastroenterite ocorre em surtos devido à sua alta contagiosidade, especialmente a viral. Ela é transmitida pelo contato com pessoas infectadas, consumo de água ou alimentos contaminados e superfícies infectadas. Em locais de grande aglomeração, como escolas e hospitais, a disseminação é rápida, facilitando os surtos", destaca.

Também gastroenterologista da Unimed Vitória, o médico Felipe Bertollo Ferreira complementa que a transmissão da gastroenterite é via fecal-oral. Ou seja, é feita através do contato com a toxina ou bactéria que foi eliminada pelas fezes de uma pessoa infectada.

"Por exemplo, o neném está com diarreia e o pai e a mãe foram trocar a frauda e não lavaram bem a mão depois. Ou alguém que vai ao banheiro, não lava a mão depois e contamina a maçaneta, a porta ou cumprimenta alguém. Essas pessoas vão transmitindo o processo infeccioso", explica.


Entenda as diferenças entre os tipos de gastroenterite

Viral

Causada por rotavírus, norovírus ou adenovírus. É altamente contagiosa e comum em surtos, especialmente em creches, escolas e cruzeiros.

Bacteriana

Pode ser causada por Salmonella, Campylobacter, E. coli e outras bactérias. Está frequentemente associada ao consumo de alimentos mal cozidos ou contaminados, como: carnes mal cozidas, ovos crus ou mal cozidos, leite e laticínios não pasteurizados, frutos do mar contaminados (como ostras e mariscos consumidos crus), vegetais e frutas crus (lavados inadequadamente ou irrigados com água contaminada), alimentos prontos armazenados de forma inadequada (maionese caseira, saladas, sanduíches e outros pratos que ficam expostos por longos períodos à temperatura ambiente).

Parasitária

É menos comum e ocorre com a ingestão de água contaminada por parasitas como Giardia ou Cryptosporidium.


Prevenção e tratamento

Os médicos ressaltam que a melhor maneira de prevenir a gastroenterite é evitando a transmissão da doença. O que pode ser feito nutrindo hábitos simples, como lavar bem as mãos e tomar cuidado com água e alimentos mal conservados ou expostos a altas temperaturas.

Já o tratamento é elaborado de acordo com o agente infeccioso, mas, basicamente, consiste em três pilares: alimentação, hidratação e medicamentos. Por se tratar de um quadro autolimitado, a gastroenterite costuma se resolver entre dois e três dias através da ingestão de bastante líquido.

No caso da rotina alimentar, após o diagnóstico da doença, o ideal é investir em alimentos ricos em água, como frutas e verduras. "Desde que o paciente tolere e não vomite, são o principal para que a pessoa possa se recuperar da gastroenterite", destaca Felipe Bertollo Ferreira.

A hidratação também é um ponto de atenção. Isso porque, com os vômitos e diarreias, o paciente pode sofrer de desidratação. "Talvez a informação mais importante seja a hidratação, em virtude que o vômito, a náusea, a incapacidade de se alimentar direito, de ingerir água, a diarreia importante", chama a atenção.

Em alguns casos, porém, quadros infecciosos podem surgir após o aparecimento da gastroenterite, o que pode ocasionar em calafrios, diarreia com sangue e baixa pressão. Nestes casos o recomendado é procurar por ajuda médica. "Do mesmo modo, é importante buscar um médico caso haja sintomas de desidratação, como sede excessiva, redução do volume do xixi, dificuldade para se alimentar ou tomar líquidos por conta dos vômitos recorrentes", finaliza.



Hidratação

A reposição de líquidos e eletrólitos é fundamental, podendo ser feita por via oral ou intravenosa nos casos graves.

Dieta

Uma alimentação leve, como sopas, arroz, frutas cozidas, purê de batata, legumes bem cozidos (como cenoura e abobrinha), caldos, carnes magras grelhadas ou cozidas (como frango ou peixe), torradas, pães brancos, macarrão simples, mingaus, gelatina e água de coco, ajuda na recuperação. Esses alimentos são de fácil digestão e auxiliam na reposição de nutrientes sem sobrecarregar o sistema digestivo.

Medicamentos

Em alguns casos, podem ser utilizados antidiarreicos, analgésicos e antipiréticos para aliviar os sintomas. Antibióticos e antiparasitários são indicados apenas em situações específicas, como infecções confirmadas por bactérias ou parasitas, especialmente quando os sintomas são intensos, prolongados ou não melhoram com o tratamento de suporte. O uso deve sempre ser orientado por um profissional de saúde.


Fonte: A Gazeta



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