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Pesquisadores da Universidade de Hong Kong (China) criaram uma técnica para apagar memórias consideradas negativas, reativando lembranças positivas enquanto se está dormindo.
Verificada com êxito em um estudo publicado em julho de 2024 no periódico PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), a técnica usa a TMR (Reativação da Memória Direcionada), que associa recordações a sinais sensoriais (como odores ou sons) para reativar memórias específicas de forma inconsciente.
O estudo sugere o uso dessa abordagem para tratar traumas e melhorar o bem-estar psicológico.
Como o estudo foi feito
Os cientistas testaram a TMR para apagar memórias negativas em 37 voluntários de cerca de 20 anos. No primeiro dia, mostraram 48 imagens negativas relacionadas a palavras aleatórias, que foram consolidadas durante o sono.
No outro dia, expuseram imagens positivas e buscaram associar algumas das mesmas palavras às novas imagens. A ideia era fazer com que uma mesma palavra estivesse associada igualmente a uma memória negativa como positiva.
Durante a segunda noite, as palavras foram reproduzidas por gravações enquanto os participantes estavam na fase REM do sono, responsável pela consolidação da memória, processamento emocional e restauração mental.
O que se descobriu
Em resposta às gravações, foi notado pelos pesquisadores um aumento na atividade da banda teta no cérebro. Essa banda é um tipo de onda cerebral que tem uma frequência entre 4 e 8 Hz, sendo associada a estados de relaxamento profundo, meditação, sonolência e também ao processamento de memória emocional.
Questionários posteriores revelaram que os voluntários tinham mais dificuldade em recordar as memórias negativas misturadas com as positivas.
O estudo sugeriu que a TMR reativou as memórias positivas, sobrepondo as negativas. Além disso, os resultados indicam que a TMR pode reduzir a intensidade de memórias negativas mais antigas, alterando a forma como as experiências emocionais são armazenadas durante o sono.
Entenda o papel da memória
Definida como a capacidade do cérebro de adquirir, armazenar, conservar e evocar informações, sem a memória é impossível realizar atividades diárias, estabelecer relacionamentos ou aprender e progredir em nossas vidas.
A fase de aquisição das memórias, ou aprendizado, ocorre quando nossos sentidos captam informações através de estímulos. Isso envolve modificações químicas nos disparos entre os neurônios, que são responsáveis pelo processamento de memórias. O cérebro possui cerca de 86 bilhões de neurônios, que se comunicam por meio de suas redes e prolongamentos.
Após o aprendizado, a informação é armazenada como um traço de memória duradouro por meio da consolidação. Uma vez armazenada, ela pode ser recuperada, processo chamado de evocação ou lembrança, confirmando que o aprendizado gerou uma memória. Além disso, existem diferentes tipos de memórias:
Memória de trabalho: é usada para reter informações temporárias, como um número de telefone, e depende das regiões frontais do cérebro.
Memória de curto prazo: armazena informações recém-aprendidas, como um nome, inicialmente no hipocampo, e, com o tempo, se consolida em áreas dispersas do cérebro.
Memória de longo prazo: envolve eventos significativos da vida (memória episódica) ou fatos conhecidos (memória semântica), como a independência do Brasil ou experiências pessoais marcantes.
Fonte: Viva Bem