‘É como se estivéssemos em um cemitério de pessoas vivas’, desabafa Flordelis na prisão


Detenta de Bangu (RJ), a ex-deputada teve a oportunidade de participar de um concurso de canto do presídio; veja detalhes da entrevista concedida a Roberto Cabrini

Flordelis confessa que virou dependente de remédios para suportar a dor do cárcere - Reprodução/RECORD

O Domingo Espetacular passou quatro dias na penitenciária de Bangu, no Rio de Janeiro, para a acompanhar a rotina de mulheres que cometeram crimes graves. Em A Luz do Cárcere, documentário disponível no PlayPlus, Roberto Cabrini conversou com a ex-deputada Flordelis, condenada pelo assassinato do marido, e também mostrou mais 150 mulheres que receberam a oportunidade de mostrar o talento de cantar, como processo de ressocialização dos presídios.

Durante as entrevistas, diversas presas contaram suas impressões sobre a penitenciária. Bárbara dos Santos, condenada por homicídio, disse que escuta muitos gritos, que ficam na mente assombrando os pensamentos. “É como se você estivesse em um lugar que você procura um segundo de silêncio”, afirmou.

Apesar dos pesadelos, Bárbara define as grades que cercam a penitenciária como a porta para sua liberdade: “Tive que passar por aqui, aprender ser menos, para ser mais”.

Outra detenta, revelou que pelas marcas da sua adolescência, se envolveu com o crime. “Fui estuprada quando tinha 15 anos. Eu era uma criança. Isso fez um buraco no meu coração e eu acabei me afundando”, contou, Cassiane Martins, presa por envolvimento no tráfico de drogas.

No presídio feminino de Bangu, um dos maiores da América Latina, está também a ex-deputada Flordelis, acusada de mandar assassinar o próprio marido, Anderson do Carmo morto a tiros em 2019, na garagem da casa, em Niterói (RJ).

Ela revelou que, após meses na prisão, se tornou dependente de medicamentos para suportar o peso de estar do lado de dentro dos muros de uma prisão. “É como se estivéssemos em um cemitério de pessoas vivas”.

Mesmo presas por motivos diferentes, as mulheres compartilham dores semelhantes, que deixaram suas vidas de cabeça para baixo, e hoje passam por um processo de ressocialização, por meio da música e do canto.

Bárbara contou que o cantar ajuda a suportar a dor do cárcere e a não se mutilar e causar dor ao próprio corpo. “Quando eu canto, sinto que levo alegria para quem está ouvindo”.

Desirré Felipe, uma das cinco mulheres trans que também participam do concurso de canto, revelou que o canto faz dela uma pessoa melhor. “A música me inspira a ser quem sou”.

A ideia do concurso surgiu de Aline Camilo, que é coordenadora dos presídios femininos. Ela contou que descobriu os talentos no cárcere e a partir disso criou o projeto de ressocialização por meio da música.

De 150 participantes, 17 se classificam para sonhar ainda mais com uma segunda chance na sociedade por meio da arte. Entre elas, três foram premiadas pelo primeiro, segundo e terceiro lugar, e alimentam a esperança de seguir um caminho diferente quando saírem da penitenciária.

A vencedora do concurso foi Cassiane, que celebrou: “Vou continuar cantando lá fora [do presídio]. Não vou desistir”, disse.


Fonte: Record News



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