Polícia Civil vai investigar causa da morte. Estúdio de tatuagem diz que paciente teve parada cardiorrespiratória durante processo de sedação e intubação.
O empresário e influenciador Ricardo Godoi, de 46 anos e mais de 200 mil seguidores nas redes sociais, morreu na segunda-feira (20) durante um procedimento em um hospital particular de Itapema, no Litoral Norte de Santa Catarina. Segundo um amigo da família, ele recebeu anestesia geral para fazer uma tatuagem.
A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar a morte. Godoi realizou o procedimento no Hospital Dia Revitalite, de acordo com a investigação. O g1 entrou em contato com o anestesista e com a unidade onde o caso aconteceu, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Segundo o Conselho Regional de Medicina (CRM), não há proibição para que anestesistas apliquem o medicamento em unidades de saúde em pacientes que façam tatuagens (leia mais abaixo).
Nas redes sociais, Godoi chegou a avisar aos seguidores que faria um procedimento cirúrgico.
Procurado, o responsável pelo estúdio de tatuagem informou ao g1 que Godoi morreu durante a sedação e intubação, antes do início do desenho de tatuagem.
Segundo ele, que preferiu não se identificar, a intervenção foi feita em um hospital com acompanhamento de anestesista, que havia solicitado exames prévios ao empresário, e que tiveram bons resultados. Afirmou ainda que a vítima assinou um termo de consentimento.
Em nota, o proprietário do estúdio de tatuagem relatou o episódio:
"O que ocorreu é que, no começo da sedação e da intubação, ele teve uma parada cardiorrespiratória, que ocorreu antes mesmo de começarem a tatuar ele, que foi verificado rapidamente e chamado um cardiologista para tentar reanimar ele, infelizmente sem sucesso", diz a nota (leia a íntegra no fim do texto).
Godoi é conhecido por vender e comprar veículos de luxo no Litoral Norte de Santa Catarina. O velório e o enterro ocorrem nesta terça, na Capela do Vaticano em Itajaí.
Influenciador e empresário do ramo de carros morre após anestesia geral para fazer tatuagem — Foto: Reprodução/Redes Sociais |
Despedida
Amigo do empresário, Ricardo Portes conta que Godoi o ajudou a entrar no mercado de luxo do estado. Segundo ele, o empresário teve uma carreira de sucesso na área e foi eleito o maior vendedor de uma marca alemã por anos, além de ter importado veículos de luxo e exclusivos para o Brasil.
"Era um ótimo pai, marido exemplar, transbordava energia aonde chegava, muito amado pelas crianças", conta o amigo.
Influenciador e empresário do ramo de carros morre após anestesia geral para fazer tatuagem em SC — Foto: Reprodução/Redes Sociais |
O que diz o Conselho Regional de Medicina
Até a manhã desta terça, o caso do empresário não havia sido encaminhado ao CRM de Santa Catarina.
Ao ser questionado, no entanto, o órgão afirmou que há um parecer que orienta os profissionais sobre procedimentos de tatuagens.
Conforme o documento, assinado em 6 de junho de 2024, não há regra que proíba o profissional especializado de ministrar anestesia antes de uma tatuagem.
"É necessária a obtenção de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), assinado pelo paciente ou responsável legal, contendo os principais riscos da anestesia, bem como a identificação do médico responsável pela sua realização. Como sugestão, um TCLE direcionado para o procedimento, informando que o paciente não será capaz de opinar/interagir como profissional durante a sedação/anestesia", diz o documento do CRM.
O que diz o estúdio de tatuagem
"Primeiramente o Studio de Tatuagem lamenta profundamente o falecimento do Ricardo, que além de cliente era um grande amigo do proprietário do Studio. Esclarecemos que o Ricardo iria fazer conosco um fechamento de costas com anestesia geral, sedação e intubação. Para isso contratamos um hospital particular com toda equipe, equipamentos e drogas anestésicas necessárias para a segurança do procedimento. Contratamos também um médico com especialização em anestesiologia e experiência em intubação, que teve sua documentação aprovada pelo hospital.
Foram solicitados previamente exames de sangue, que não apontaram nenhum risco explícito [para] a realização do procedimento. O Ricardo assinou o termo de consentimento de risco do procedimento. O que ocorreu é que no começo da sedação e intubação ele teve uma parada cardiorrespiratória, que ocorreu antes mesmo de começarem a tatuarem ele, que foi verificado rapidamente e chamado um cardiologista para tentar reanimar ele, infelizmente sem sucesso."
Fonte: SC