Médica chutada e mordida em assalto tem alta e diz que mudará rotina de 15 anos: 'Agora, tenho medo'


Marília Dalprá, de 67 anos, teve vértebra e costela fraturadas e contusão pulmonar. Ela foi abordada por criminosos quando corria na madrugada de sábado (15) em uma rua da Zona Oeste.

'Todo mundo está sofrendo com essa insegurança absurda', diz médica agredida por criminosos na Zona Oeste de SP

Vítima de um assalto extremamente agressivo durante uma corrida no fim de semana, a médica de 67 anos chutada e mordida pelos criminosos disse estar muito assustada com a criminalidade na cidade de São Paulo e que precisará mudar a sua rotina de 15 anos por causa do medo que sente.

Marília de Godoy Dalprá teve alta do hospital na segunda-feira (17) e agora está em casa. Por conta das agressões, ela chegou a ficar internada na UTI.

Ela teve fratura em uma vértebra e uma costela, além de contusão pulmonar, que resultou num pneumotórax (ar entre as pleuras) e derrame pleural, que é um líquido que fica entre as pleuras dos pulmões.

Em entrevista ao Bom Dia SP, ela contou que há mais de 15 anos corria no Parque Continental, na Zona Oeste de São Paulo, durante as primeiras horas da manhã.

Ela foi abordada pelos dois assaltantes em uma moto numa dessas corridas, às 4h48 da manhã de sábado (15).

Não tenho mais coragem de correr nesse horário. (...) Terei que mudar o meu ritmo de vida porque agora eu tenho medo.

— Marília Dalprá, médica

Sem ter nada para ser roubado, um dos criminosos tentou arrancar a aliança dela com mordidas. Como não conseguiu, os dois começaram a agredi-la com chutes e pontapés.

Com a mão toda machucada, Marília relatou o drama vivido. “Eles me pediram o celular. Mas, como não uso celular para correr, pediram a aliança. Expliquei que a aliança não sai, que não é fácil sair do dedo porque sou casada há 47 anos e ela nunca saiu do dedo. Já tentei tirar algumas vezes, até conseguir, foi com muito custo. Porque ela não sai assim fácil”, contou.

A médica disse que, a partir daí, os assaltantes ficaram muito nervosos e começaram a agredi-la.

“Um deles tentou tirar a aliança a dentadas, mordeu toda a minha mão, mas não conseguiu. Quando viu que não conseguiu, o outro que estava na moto me derrubou e me deu vários chutes”, disse.

A médica Marília de Godoy Dalprá, que foi vítima de ação violenta de criminosos no Parque Continental, em SP. Ela exibiu a mão machucada pelas criminosos. — Foto: Reprodução/TV Globo

A médica reclamou da alta criminalidade na cidade de São Paulo e disse que, depois de 15 anos, vai mudar os hábitos de vida e parar de correr de madrugadaa.

“Se eu for correr, será de dia, quando tiver todo mundo na rua. Eu corria nesse horário porque era bom e aí eu podia depois chegar em casa, tomar banho, tomar café e trabalhar, sem me atrapalhar a rotina do dia”, afirmou.

Segundo ela, as imagens do caso dela precisam servir para "conscientizar todo mundo que tem poder público para poder organizar melhor a segurança de todos. "Espero que, com isso, haja um policiamento mais estruturado pra todo mundo, porque todo mundo está sofrendo com essa insegurança absurda”, desabafou.


1° criminoso preso

Shymada Freitas Rocha, de 23 anos, foi preso nesta segunda-feira (17) por agredir a médica Marília de Godoy Dalprá durante assalto no Parque Continental, Zona Oeste de SP. — Foto: Reprodução/TV Globo

Um dos suspeitos de roubar e espancar a médica foi preso na tarde de segunda-feira (17). Segundo a polícia, Shymada Freitas Rocha, de 23 anos, era quem pilotava a moto e chutou a médica durante o assalto.

A polícia disse que, no domingo (16), ele participou de outro assalto a uma igreja evangélica no Jardim Gilda Maria, perto da Rodovia Raposo Tavares, e foi preso após os investigadores analisarem as imagens de câmeras de monitoramento.

O delegado Fernando César de Souza afirmou que a polícia procura pelo segundo criminoso, que mordeu a médica para arrancar a aliança.

“Ele disse que estava sob o efeito de drogas, que estava transtornado, segundo as próprias palavras dele, e cometeu esse ato bárbaro”, disse o delegado.

Médica tem costela quebrada por ladrão que mordeu seu dedo para roubar aliança — Foto: Reprodução


Antecedentes da dupla

Segundo a polícia, Shymada Rocha já foi condenado por um roubo cometido em 2023, mas cumpria a pena em regime aberto.

Na ocasião, ele e um comparsa foram pegos roubando uma farmácia na mesma região dos últimos delitos. Em depoimento, uma das atendentes da farmácia relatou que Shymada encostou o cano da arma em seu pescoço ao exigir dinheiro.

Uma equipe da Polícia Militar estava em patrulhamento e conseguiu intervir na ocorrência. O assaltante tentou fugir pulando as gôndolas, mas foi detido. O agente disse que ele parecia estar sob efeito de entorpecentes, pois demonstrava sonolência e não respondia quanto questionado.

Em julho de 2023, ele e o parceiro foram condenados a 5 anos e 11 meses de prisão em regime inicial fechado. Em agosto de 2024, houve progressão para o regime aberto.

Fonte: g1 SP





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