Pai diz que deu sedativo e depois matou filho asfixiado


Bernardo Souza Nascimento, de 6 anos, encontrado morto dentro de apartamento no último dia 30; Polícia Civil falou sobre as investigações após pai ser preso e confessar crime

Bernardo Souza Nasicmento, de 6 anos, foi encontrado morto em Vila Velha. (Reprodução Redes Sociais)

A Polícia Civil divulgou, nesta segunda-feira (3), detalhes das investigações sobre a morte de Bernardo Souza Nascimento, de 6 anos, encontrado sem vida no último dia 30 em um apartamento no bairro Jabaeté, em Vila Velha. O pai da criança, Fernando Nelson Neves Nascimento, de 37 anos, confessou o homicídio após ser preso no sábado (1º), em Vitória. Segundo a corporação, ele afirmou, em depoimento, que deu ao filho um sedativo misturado a um achocolatado e depois asfixiou o menino.

No dia do crime, Fernando pegou o filho para dar um passeio na praia e, ao retornarem para casa, a criança mencionou que a mãe planejava se mudar com os três filhos. Segundo o delegado Adriano Fernandes, titular da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, esse foi o possível gatilho para a decisão de Fernando de cometer o homicídio: a intenção de atingir a ex-esposa. Ele disse que o homem confessou à polícia que teria misturado um sedativo a um achocolatado e deu para o menino beber. Depois, segundo o pai, quando o filho já estava dormindo, ele esganou Bernardo.

O pai, que tem o dever legal de proteger e cuidar do filho, matou Bernardo em uma tentativa de atingir a ex-companheira

Delegado Adriano Fernandes•Adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha

Segundo o delegado, Fernando revelou que passou o dia com o filho na praia. "No dia 30, Fernando ligou para a ex-companheira e pediu para visitar o Bernardo, demonstrando o seu interesse de prestar assistência como pai. Eles (Fernando e Bernardo) foram à praia e passaram o dia lá. Quando estavam retornando para casa, o Bernardo, de forma inocente, falou que a mãe, juntamente com as crianças, iria se mudar", disse o delegado, durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (3).

A polícia investiga se a morte do menino foi premeditada ou se Fernando decidiu matá-lo após a notícia da mudança. "Quando o casal terminava, ele passava a perseguir a ex-companheira. Tinha uma violência psicológica. Ele passava a procurá-la no local de trabalho dela, até em igreja", disse o delegado ao descrever o comportamento de Fernando.

Após o assassinato, ele ainda publicou um vídeo íntimo da ex-companheira nas redes sociais, reforçando, segundo a polícia, a hipótese de que ele tinha a intenção de causar a ela dano emocional. Fernando foi preso em flagrante no sábado (1º) no bairro República, em Vitória, após buscas policiais.


Causa exata da morte ainda é investigada

O perito oficial criminal Gabriel Alipio, da Seção de Perícia em Crimes Contra a Pessoa (SECPE) da Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES, disse que a corporação coletou material para investigar o que, exatamente, o menino ingeriu antes de ser morto. “Começamos a coletar vestígios que pudessem levar à hipótese de intoxicação. Na cozinha, em cima da pia, tinha uma caneca contendo um pó semelhante a um achocolatado com a colação compatível com a que nós também achamos proveniente do escorrimento da boca da criança”, afirmou.

A médica-legista Jeane Pissarra Teixeira Monteiro, da PCIES, disse que a polícia ainda busca por elementos para determinar com precisão a causa da morte, mas os indícios apontam para a possibilidade de envenenamento ou asfixia.

“O achado principal no exame externo foi a presença de um cogumelo de espuma, que é a formação de espuma esbranquiçada, e esponjosa, que é comumente encontrada em casos de afogamento e em casos de envenenamentos por alguns agentes específicos que causam o encharcamento dos pulmões”, explicou.

Ainda segundo a médica, uma asfixia também poderia causar o encharcamento (presença de muito líquido nos pulmões), mesmo sem lesões aparentes já que o menino poderia estar sedado na hora em que morreu.

A hipótese de que o pai teria misturado alguma substância em um chocolate e dado ao menino Bernardo também é a suspeita da família. Em entrevista à TV Gazeta, na sexta-feira (31), (veja abaixo) Thales Souza Ramos, 26 anos, irmão do menino de 6 anos, contou que Bernando era apegado ao pai, mas que os outros irmãos já haviam se afastado devido ao comportamento do homem.

“Ele dizia que eu era o irmão favorito” diz irmão mais velho de menino encontrado morto em Vila Velha


Captura de Fernando Nelson

Após cometer o crime, Fernando fugiu de motocicleta e seguiu para a região de Vitória. A polícia conseguiu rastrear a moto através do cerco eletrônico. No sábado (1º), ele foi localizado perambulando pelo bairro República e preso. Na delegacia, confessou o crime, alegando estar em depressão e não aceitar o fim do relacionamento com a ex-companheira.

Segundo o delegado, na sexta-feira (31), uma equipe foi até a casa da mãe de Fernando Nelson. Enquanto os agentes estavam lá, ele tentou contato com ela por telefone. Os agentes conversaram com ele e pediram para que ele se entregasse.

"Tentamos conversar, pedir para ele se entregar, até por causa da repercussão do crime. Nas redes sociais, haviam pessoas dizendo que iriam matá-lo caso o encontrasse. Mesmo assim, ele desligou o telefone", contou o delegado Adriano.

Depois, os agentes tornaram a ligar para o mesmo número em que ele havia feito contato com a mãe. Quem atendeu, foi um morador de Bairro República, que informou aos policiais que só havia emprestado o aparelho. Com as coordenadas, a polícia passou a fazer buscas nos bairros República e Mata da Praia até que o localizaram no sábado (1º).


Possível histórico de comportamento violento

Fernando já tinha um histórico de ameaças contra a ex-mulher. Segundo a polícia, foram registrados boletins de ocorrência em 2018, 2022 e 2024. Em dezembro do ano passado, a vítima solicitou medida protetiva, relatando que ele ameaçava tanto ela quanto os filhos.

"Quando o casal terminava, ele passava a perseguir a ex-companheira. Tinha uma violência psicológica. Ele passava a procurá-la no local de trabalho dela, até em igreja", disse o delegado ao descrever o comportamento de Fernando. Após o assassinato, ele ainda publicou um vídeo íntimo da ex-companheira nas redes sociais, reforçando, segundo a polícia, a hipótese de que ele tinha a intenção de causar a ela dano emocional.


Fonte: A Gazeta



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