Pontífice está internado desde o fim de semana e, segundo o Vaticano, o quadro é complexo.
O Vaticano informou nesta segunda-feira (17) que o papa Francisco está com uma infecção polimicrobiana das vias respiratórias e que sua situação clínica é "complexa". Ainda segundo a Santa Sé, o tratamento do pontífice, de 88 anos, foi alterado após o diagnóstico e não há previsão de alta. Ele permanecerá no hospital pelo tempo que for necessário.
"Os resultados dos testes realizados nos últimos dias e hoje demonstraram uma infecção polimicrobiana do trato respiratório que levou a uma nova modificação da terapia. Todos os exames realizados até o momento são indicativos de um quadro clínico complexo que exigirá internação hospitalar adequada", diz a íntegra do boletim.
Este é o quarto dia de internação do pontífice, que sofre com a infecção no trato respiratório desde o início do mês. Ele foi internado no hospital Gemelli, em Roma, na manhã de sexta-feira.
Segundo os médicos, o que ele tem é uma evolução do quadro de bronquite anunciado anteriormente e que é "potencialmente grave", principalmente pela idade.
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Papa Francisco na audiência semanal desta quarta-feira (5) — Foto: REUTERS/Remo Casilli |
Infecção polimicrobiana das vias respiratórias
Especialistas explicam o quadro atual do papa e dizem que, quando um indivíduo idoso pega uma infecção viral, como a bronquite, a imunidade do sistema respiratório diminui, o que faz com que ele fique vulnerável.
"O que acontece é que quando temos uma virose, ela é a porta de entrada, e se contamina com bactéria. Esse é um quadro comum em pacientes idosos e é potencialmente grave no caso dele. Principalmente pela idade e pelo histórico de doença pulmonar", explica Margareth Dalcolmo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Dalcolmo explica que o quadro não tem relação, por exemplo, com uma pneumonia, já que as bactérias atingem os brônquios. "A palavra pneumonia tem um peso, mas esse quadro é tão grave quanto", explica.
Fred Fernandes, pneumologista e diretor da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), lembra que uma infecção respiratória não é trivial, já que é a terceira causa de morte no mundo. Em idosos, a letalidade é ainda mais alta.
Sobre prevenção, os especialistas lembram que principalmente os portadores de doenças respiratórias precisam estar com a vacinação em dia, como influenza, pneumonia, Covid e VSR. Outra indicação é manter uma boa saúde, com alimentação adequada e atividade física.
"Hoje em dia nós temos vacinas para o vírus influenza, temos vacinas para o vírus sincicial respiratório (VSR) e temos vacinas também para alguns tipos de bactéria, como os pneumococos. Então, com isso, nós temos a possibilidade de aumentar a prevenção, principalmente em crianças e em idosos", recomenda Marcelo Rabahi, pneumologista do Hospital Albert Einstein.
Histórico de problemas pulmonares
O papa tem um histórico de problemas respiratórios recentes:
Em março de 2023, foi diagnosticado com bronquite infecciosa e chegou a ser hospitalizado. Ele foi tratado com antibióticos e melhorou.
Em novembro do mesmo ano, teve uma inflamação pulmonar associada a dificuldades respiratórias e fez tratamento com antibióticos.
Em fevereiro de 2024, cancelou eventos e fez aparições públicas de cadeira de rodas porque estava com dificuldades respiratórias. À época, informou que tinha uma gripe.
O pontífice não tem a parte superior do pulmão direito desde os 21 anos, quando teve uma pneumonia grave e mais três cistos no pulmão. Ou seja, sua capacidade respiratória é reduzida.
O que os especialistas explicam é que essa sequela e a evolução da idade fazem com que ele se torne vulnerável às doenças respiratórias.
Fonte: G1