Ao todo, as duas falhas acumulam mais de 600 acidentes no estado. Além delas, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontou outros oito motivos que mais ocasionam acidentes.
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eMBORAS — Foto: Reprodução/TV Gazeta
A ausência de reação e a reação tardia ou ineficiência do condutor estão no topo do ranking das principais causas de acidentes nas rodovias federais que cortam o Espírito Santo. Juntas, essas falhas provocaram mais de 600 ocorrências e 45 mortes no estado em 2024, de acordo com dados da segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo o levantamento, o estado registrou 308 ocorrências ocasionados por reação tardia, o que representa uma queda 4,94% do que o mesmo número de ocorrências do ano anterior, quando foram registrados 16 acidentes a menos.
Por outro lado, o número de acidentes causados por ausência de reação em 2024 (304) teve um aumento de 19,69% ao comparar com 2023, que registrou 50 acidentes a menos em decorrência desta falha. (254).
Fonte: PRF
Em janeiro de 2025 a mesma causa segue em primeiro lugar. Durante todo o mês foram registrados 16 acidentes ocasionados por ausência de reação e 15 por reação tardia.
Outros motivos mais conhecidos também aparecem no ranking, como velocidade incompatível, ingestão de álcool ou mudança de faixa, mas com um número bem menor de ocorrências (veja a lista no final da reportagem).
Entenda as falhas
As falhas têm diferenças entre si. No caso da ausência de reação é quando o condutor não reage a um perigo ou obstáculo na via, o que pode causar um acidente.
Já a reação tardia é quando o condutor não reage de forma adequada a uma situação de perigo ou necessidade de frenagem.
Segundo o chefe de operações da PRF no estado, Cleverton Lopes Silva, as duas falhas estão ligadas a falta de atenção do motorista e o principal vilão que tem desencadeado os acidentes é o aparelho celular.
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BR-101 na Serra, Espírito Santo, é um dos trechos que mais registra acidentes por reação tardia ou falta de reação dos condutores — Foto: Reprodução/TV Gazeta
"Na reação tardia, o uso do celular retarda a reação do condutor. Ou seja, se ele precisa fazer alguma manobra, vai ter o tempo de resposta limitado, uma reação um pouco mais lenta que o normal", explicou o chefe fde operações.
Na ausência de reação, o chefe explicou que ocorre, principalmente, quando a pessoa dorme e acaba não tendo reação nenhuma e o motorista pode invadir a contramão ou provocar outros acidentes.
"Exemplo disso é quando o motorista não tem horas de descanso ao dirigir ou então tem algum mau súbito no volante", acrescentou.
Ao todo, sete rodovias passam pelo Espírito Santo: BR-101; BR-262; BR-447; BR-484; BR-259; BR-393 e BR-342. Segundo o chefe de operações da PRF, a estrada que mais acumula acidentes é a BR-101.
No estado, esta rodovia possui 478 quilômetros, segundo a PRF, e os principais trechos onde são registrados acidentes devido à falta de atenção estão divididos em três cidades:
- Perímetro urbano de Carapina, na Serra
- Perímetro urbano de Linhares
- Contorno de Cariacica
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Trecho urbano da BR-101 em Linhares, no Norte do Espírito Santo, está no ranking entre os pontos em que mais acidentes por falta de atenção são registrados — Foto: Reprodução/TV Gazeta
As principais causas de acidentes nas rodovias federais do estado em 2024 são:
- Reação tardia ou ineficiência do condutor:308
- Ausência de reação do condutor: 304
- Acessar a via sem observar a presença dos outros veículos: 261
- Condutor deixou de manter distância do veículo da frente162
- Velocidade incompatível: 130
- Manobra de mudança de faixa: 118
- Transitar na contramão: 101
- Falhas mecânicas ou elétricas: 98
- Ingestão de álcool pelo condutor:97
- Condutor desrespeitou a iluminação vermelha do semáforo: 81
Os números são um levantamento da PRF para conseguir encontrar os principais motivos de acidente, localizar o problema, diminuir os índices e alertar os motoristas.
As dez causas levantadas não representam o valor total de acidentes registrados em 2023 e 2024, que foram 2.243 e 2.395 respectivamente. Isso porque além dos pontos divulgados, existem diversas outras situações que podem ocasionar um acidente.
Ainda de acordo com o órgão, cada estado possui um ranking diferentes das causas porque depende da geografia das rodovias e do perfil do motorista que passa por cada estado.
As causas dos acidentes são apontadas pelos agentes da PRF que vão até o local e conseguem verificar alguns indícios do que pode ter causado a batida.
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O trecho da BR-101 no Espírito Santo conhecido como Rodovia do Contorno é um dos que mais registra acidentes por falta de atenção — Foto: Reprodução/TV Gazeta
A análise é feita em uma conversa com o próprio motorista, testemunhas ou analisando o ambiente, como, por exemplo, marcas de freio na pista.
Silva alertou que a postura na direção dos motoristas tem mudado, e que a falta de atenção tem feito parte da rotina de quem está no trânsito.
"A pessoa entra no veículo e muitas vezes ela está ali no modo automático, desatenta, alheia ao trânsito e não presta atenção nas coisas ao redor. Não vê que o sinal está fechado. Diante disso, a gente orienta os condutores que ao entrarem na direção do veículo precisam de fato assumir o papel de motorista, respeitando a legislação de trânsito e as normas vigentes", comentou.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o ato de mexer no celular ao dirigir pode gerar três tipos de infração:
- Dirigir falando ao telefone, mesmo que com fone de ouvido: infração médica, perda de quatro pontos na carteira e multa de R$ 130,16;
- Dirigir segurando o celular em uma das mãos: infração gravíssima, perda de sete pontos e multa de R$ 293,47;
- Dirigir manuseando o celular: infração gravíssima, perda de sete pontos e multa de R$ 293,47.
Como melhorar o cenário
Como os agentes de trânsito começaram a perceber mais incidentes envolvendo o celular, o chefe de operações
"As equipes verificam esses indícios e muitas vezes o próprio condutor fala que estava mexendo no celular ou que deu uma cochilada. O celular hoje ele é um mal com relação ao trânsito. Não só os condutores, mas até pedestres. Com a correria do dia a dia, as pessoas querem resolver o problema no trânsito, digitando e dirigindo ao mesmo tempo. São segundos que vão fazer a diferença. E se a gente não coibir de alguma forma com educação no trânsito, a tendência é aumentar", destacou.
Para isso, a PRF tem apostado em ações preventivas e educativas de orientação e também de fiscalização intensa em todas as rodovia e, principalmente, nos locais apontados com o maior número de acidentes.
"Trabalhamos com várias ações preventivas, com o nosso grupo de educação de trânsito que vai diariamente em empresas, escolas, e instituições para dar palestras orientando os passageiros, além da fiscalização, claro. Realizamos esse trabalho sempre em função de números, estatísticas e análises de dados", finalizou.
Fonte: G1 ES