Norovírus: vacina em pílula tem bom desempenho nos primeiros testes


Estudo foi direcionado a idosos, que correm risco de complicações graves devido à infecção

Norovírus — Foto: Reprodução/NIAID

Uma vacina contra o norovírus, vírus causador de gastroenterite, pode estar mais perto do que você imagina: os primeiros ensaios clínicos apresentaram resultados positivos para uma candidata a vacina que é tomada oralmente como uma pílula, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista científica Science Translational Medicine. O ensaio teve como alvo idosos, que estão particularmente em risco de complicações graves da infecção.

A pílula preventiva, chamada VXA-G1.1-NN, foi projetada para fornecer um vetor viral inofensivo carregando uma proteína de norovírus diretamente para o intestino delgado. Esta não é a única vacina contra norovírus atualmente em testes — por exemplo, um teste de uma vacina de mRNA foi lançado no Reino Unido no ano passado — mas os desenvolvedores Vaxart acreditam que há muitas vantagens em seu formato de pílula.

De acordo com a empresa, a plataforma é adaptável a doenças existentes e emergentes, evita problemas com armazenamento, elimina o risco de ferimentos por agulhas e promove fortes respostas imunológicas em superfícies de barreira mucosa.Isso significa que, em resposta à vacina, o corpo constrói suas defesas exatamente nos lugares onde o vírus provavelmente tentará entrar – o revestimento do nariz e da boca, por exemplo.

“Dado que o norovírus é transmitido por vias mucosas, uma vacina que provoque imunidade protetora em superfícies de barreira seria desejável”, escrevem os autores.

Os surtos de norovírus são muito difíceis de controlar porque apenas 10 partículas virais são suficientes para desencadear uma infecção. O vírus não é facilmente morto por higienizadores de mãos, então sabão e água comuns e limpadores de superfície com alvejante são as melhores ferramentas que temos para pará-lo.

No entanto, dado que alguém que foi atingido pela doença pode permanecer infeccioso por semanas após seus sintomas terem desaparecido, é fácil ver como o vírus pode se espalhar. Esse foi o vírus responsável pelo surto de diarreia, vômitos, náuseas e cólicas no litoral de São Paulo no início do ano.

A maioria das pessoas se recupera da infecção em poucos dias, mas as consequências podem ser muito mais sérias em idosos. Vômitos e diarreia intensos trazem risco de desidratação, que pode ser mortal se não for tratada.

No teste, 65 adultos com idades entre 55 e 80 anos foram divididos em quatro grupos - baixa, média e alta dose - e um grupo placebo. Eles foram divididos em grupos etários mais jovens (55-65) e mais velhos (66-80).

Cada grupo de tratamento recebeu duas pílulas, com a segunda 28 dias após a primeira como reforço. A vacina foi considerada segura, sem eventos adversos graves ocorrendo.

Melhor ainda, foi eficaz. A equipe descobriu que as pílulas provocaram uma forte resposta de anticorpos no sangue, saliva e secreções nasais. A imunidade da mucosa durou 210 dias, mostrando que não foi uma resposta de curto prazo.

"A resposta da mucosa induzida por VXA-G1.1-NN tem o potencial de inibir infecção, eliminação viral e transmissão", concluem os autores. Embora ensaios adicionais maiores sejam necessários agora, eles acreditam que é um primeiro passo positivo. Tanto que a Vaxart acaba de anunciar que está lançando um ensaio de Fase 1 para uma pílula de vacina contra norovírus de segunda geração, a ser executado simultaneamente.

Fonte: O Globo





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