Bruno Leonardo é dono da Igreja Batista Avivamento Mundial e é um fenômeno nas redes, onde acumula 50 milhões de inscritos no YouTube

Um relatório elaborado pela Polícia Federal (PF) no curso de investigação sobre tráfico internacional de drogas cita uma figura conhecida nas redes: o bispo Bruno Leonardo, dono da Igreja Batista Avivamento Mundial e que se tornou um fenômeno pop nas redes.
Só no YouTube, onde o bispo publica diariamente mensagens a seus seguidores, ele acumula 50,9 milhões de inscritos. Suas publicações costumam chegar a milhões de visualizações.
Segundo a plataforma Social Blade, que compara métricas de perfis em redes sociais, o bispo está em terceiro lugar no ranking. Perde apenas para o canal KondZilla, produtora de funk, e o youtuber Luccas Neto, irmão mais novo de Felipe Neto e que faz sucesso entre o público infantil.
O vídeo mais recente, por exemplo, foi publicado no início desta quinta-feira (27/3) com a oração do dia. Menos de 10 horas depois, já tinha quase 3 milhões de visualizações e centenas de milhares de comentários – um deles do próprio bispo informando o Pix da igreja para aqueles que desejam contribuir.
Já no Instagram o bispo tem 9,8 milhões de seguidores e também compartilha seus conteúdos por lá. A diferença é larga até mesmo se comparado ao perfil da própria igreja, que atualmente acumula pouco mais de 550 mil seguidores.
Em um dos vídeos, ele aparece num evento, em cima do palco, anunciando uma doação de R$ 2 milhões a um hospital. Segundo ele, o valor é proveniente do dízimo pago à igreja pelas “ovelhas queridas”, como ele chama os fiéis.
Ele também costuma visitar diferentes cidades do Brasil, onde reúne os fiéis em grandes eventos, inclusive em estádios, como ocorreu em Minas Gerais no final de 2024. O mais recente, divulgado por ele na rede social há 4 dias, foi em Salvador (BA), onde a igreja está localizada.
No final de janeiro, em São Luis, ele também anunciou, durante um desses eventos, a doação de R$ 500 mil a um hospital do câncer, momento em que foi aplaudido pela plateia.
Citação pela PF
Como mostrou a coluna, a PF e o Ministério Público Federal (MPF) citam em relatórios transações suspeitas entre a igreja do bispo Bruno Leonardo Santos Cerqueira e uma empresa investigada por relação com o concierge da cúpula do Primeiro Comando da Capital, Wilian Barile Agati.
As informações sobre suas transações estão em documentos da operação Mafiusi, que mira Agati, apontado como uma espécie de faz-tudo da cúpula do PCC e integrante de um grupo envolvido no tráfico internacional de drogas.
A apuração cita que fazia parte da logística do esquema uma rede de empresas utilizada para a lavagem de dinheiro. Uma delas é a Starway Locação de Veículos, que, segundo a PF, recebeu sete transferências da Igreja Batista Avivamento Mundial, no valor total de R$ 2,2 milhões.
De acordo com os investigadores, muito embora as transações somem mais de R$ 2 milhões e tenham sido efetuadas ao longo de oito meses, entre 2021 e 2022, não foram localizadas quaisquer notas fiscais para justificar as transferências.
Apesar da citação ao bispo, ele não é formalmente investigado na operação, apenas teve seu nome citado no relatório da investigação.

Defesa
A coluna fez contato com a defesa de Bruno Leonardo desde a segunda-feira (24/3). Em um primeiro momento, o advogado do bispo disse que as transações estão relacionadas a compra de veículos, que possuem notas fiscais e que encaminharia uma posição oficial sobre o tema.
O advogado, no entanto, não enviou posteriormente a posição oficial da defesa do bispo.
Após a veiculação da reportagem, o bispo publicou um vídeo em que afirma que a Igreja comprou automóveis da empresa em 2021 e que as notas existem. Ele afirma ainda estar sendo perseguido.
Ele também fez um paralelo do caso da compra de veículos com uma doação que fez ao Rio Grande do Sul em 2024.
“Ano passado, nós compramos R$ 2 milhões de alimentos para enviar ao Rio Grande do Sul. Eu também não conheço os donos da loja. A nossa equipe foi, olhou, comprou e nós enviamos. Se, daqui a alguns anos, essa distribuidora estiver com algum envolvimento com coisas ilícitas, nós também estamos envolvidos porque somos clientes?”, questionou.
Fonte: Metrópoles