O que é a 'supercana' de Eike Batista, a nova aposta para reerguer seu império


Empresário aposta em biocombustíveis e plásticos biodegradáveis para tentar reerguer sua trajetória empresarial

O empresário Eike Batista Crédito:Reprodução/Instagram

Após um longo período afastado do setor empresarial, Eike Batista, ex-bilionário brasileiro, anunciou sua volta ao mundo dos negócios no final de fevereiro, através de suas redes sociais. O empresário compartilhou um investimento de US$ 500 milhões (aproximadamente R$ 2,95 bilhões) destinado a um projeto inovador focado na produção de biocombustíveis e embalagens sustentáveis, utilizando uma nova variedade de cana-de-açúcar, apelidada por ele de “supercana”.


Retorno polêmico e reação nas redes

No post, que rapidamente chamou a atenção, Eike mencionou Elon Musk, insinuando uma conexão entre os dois em um contexto que remete a um encontro anterior em 2008. A declaração gerou uma variedade de reações entre os internautas; enquanto alguns o parabenizaram pelo retorno, outros expressaram ceticismo e críticas contundentes, as quais Eike respondeu com ironia.

A trajetória de Eike Batista é marcada por altos e baixos significativos. Em seu auge, ele foi considerado o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em US$ 34,5 bilhões em 2012. Contudo, seu império desmoronou em meio a escândalos financeiros e operacionais que culminaram em sua prisão em 2017 e condenações subsequentes por crimes contra o mercado de capitais.

Durante uma entrevista à BBC News Brasil, Eike argumentou que parte de seus planos ambiciosos na época anterior não se concretizou devido à falta de paciência do mercado brasileiro. Ele citou o exemplo de Elon Musk como alguém que recebeu suporte durante momentos difíceis nos Estados Unidos. Além disso, ele atribuiu parte das falhas da sua empresa à má gestão por executivos que atuavam sob seu comando.


Supercana divide opiniões entre especialistas

O conceito da supercana promete ser mais eficiente na produção de etanol e bagaço quando comparado à cana-de-açúcar tradicional. Entretanto, essa proposta não veio sem questionamentos. Especialistas da indústria canavieira manifestaram reservas em relação ao projeto. Muitos lembraram que o setor já investiu consideravelmente em pesquisas semelhantes, mas frequentemente abandonou iniciativas que se mostraram economicamente inviáveis.

Rubens Ometto, executivo da Cosan, destacou a dificuldade em criticar Eike mas também apontou que diversas tentativas anteriores na área acabaram sendo abortadas. O agrônomo Sizuo Matsuoka, mencionado como parte essencial da nova empreitada de Eike, tem uma longa carreira no melhoramento genético da cana-de-açúcar, mas sua história recente inclui a falência da Vignis, empresa voltada para esse tipo de pesquisa.

Eike afirmou que o foco do projeto não é apenas a produção de energia através da queima do bagaço da cana, mas sim a utilização deste material para criar plástico biodegradável e combustível sustentável para aviação. O empresário indicou que já existem planos para iniciar o plantio experimental da supercana em breve e que as primeiras produções poderiam ser vistas já em 2026.

Ainda assim, muitos permanecem céticos quanto à viabilidade do projeto diante do histórico conturbado de Eike Batista. Ele conclui sua defesa afirmando que está comprometido com a transparência e inovação no desenvolvimento da supercana e afirma: “Estamos aqui para transformar tudo isso para melhor.”

Fonte: ABCdo ABC



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