Governo estuda teleférico na Grande Vitória integrado a ônibus e barcas


Pacote de projetos de mobilidade apresentado ao BNDES inclui três linhas de teleférico, sendo duas em Vitória e uma em Vila Velha

Imagens enviadas pelo governo do ES ao BNDES ilustram projeto de transporte via teleférico para a Grande Vitória. (Divulgação)

Já imaginou sair da região da Ilha das Caieiras e de São Pedro, em Vitória, e em 10 minutos estar na Reta da Penha? E chegar à Prainha, em Vila Velha, pelo Aquaviário e de lá rapidamente se deslocar até a Praia da Costa? Essa é a proposta de um novo modal de transporte público pensado para a Grande Vitória, passando pelo ar.

No rol de projetos do governo do Espírito Santo para melhorar a mobilidade e o transporte público da Grande Vitória está a instalação de três linhas de um teleférico, sendo duas em Vitória e uma em Vila Velha, pensado para transpor morros das cidades e facilitar o transporte das pessoas que moram nessas áreas, além de também favorecer o turismo. O teleférico também está sendo pensado para ser interligado ao Aquaviário e aos corredores exclusivos para ônibus.

A ideia é que seja um novo modo de transporte público complementar, sustentável, integrado e acessível. O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos residentes, melhorando o acesso a empregos e demais atividades, reduzindo o tempo de deslocamento, e melhorando a qualidade do ar.


Governo estuda teleférico na Grande Vitória integrado a ônibus e barcas

O projeto do teleférico é chamado de AeroGV e vai contar com três linhas, duas em Vitória e uma em Vila Velha. Na Capital, as gôndolas elétricas estão sendo pensadas para circular entre a Ilha das Caieiras e a Reta da Penha, passando por São Cristóvão.

Já a segunda linha vai do Bairro da Penha também até a Reta da Penha, na região da Rádio Espírito Santo, com estações passando por Itararé. Em Vitória, o percurso projetado é de 5,1 quilômetros.

Em Vila Velha, vai ligar a Prainha até o Crefes, na Praia da Costa, passando pelo Morro do Moreno Convento da Penha, uma extensão total de dois quilômetros. A capacidade estimada é de 4 mil passageiros por hora e por sentido. O projeto do teleférico em Vila Velha já foi pensado para os mesmos pontos na década de 1980.

Segundo o estudo, o trajeto percorre regiões de morro, onde estão comunidades de baixa renda e de extrema vulnerabilidade social e econômica, que precisam ser atendidas por um sistema de transporte público.

É um modelo com pouca desapropriação, com postes a cada 300 ou 400 metros, e podem se adequar à nossa realidade, atendendo comunidades isoladas com avenidas de pista simples com curva e perigosa, como a Serafim Derenzi. E em Vila Velha, o modelo também pode ser destinado ao turismo, bem como à mobilidade na Praia da Costa, que tem dificuldade de transporte


Pacote de projetos

O projeto faz parte de um pacote de propostas para mobilidade urbana da Grande Vitória que foram apresentadas pelo governo do Estado para o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) dentro do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana, que a Grande Vitória foi uma das 21 regiões metropolitanas contempladas.

Segundo o secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, a velocidade das gôndolas será de 30 km/h. E por não enfrentar congestionamentos de trânsito, o tempo de viagem poderá ser reduzido em até 30 minutos em relação aos ônibus que atendem as áreas de influência.

“Saindo da região da Ilha das Caieiras e São Pedro até a Reta da Penha pode levar 40 minutos de Transcol. De teleférico leva 10 minutos”, afirma o secretário.


As estações do AeroGV:

  • Linha 1 - Vila Velha - 2 km
  • Estação Prainha (integração com aquaviário e VLT)
  • Estação Convento da Penha
  • Estação Morro do Moreno
  • Estação Crefes (Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo)
Linha 1 do AeroGV, em Vila Velha. (Reprodução)

  • Linha 2 (Vitória) - 1,3 km
  • Estação Praça de Itararé
  • Estação Complexo da Penha
  • Estação Rádio Espírito Santo

Linha 2 do AeroGV, em Vitória. (Reprodução)
  • Linha 3 (Vitória) - 3,8 km
  • Estação Rádio Espírito Santo (com integração com BRT Fase 3)
  • Estação São Cristóvão
  • Ilha das Caieiras
Linha 3 do AeroGV, da Ilha das Caieiras à Reta da Penha. (Reprodução)

Custo de R$ 720 milhões

Para o sistema teleférico, o montante de investimentos para os projetos já orçados é de aproximadamente 120 milhões de Euros (aproximadamente R$ 720 milhões) para as três linhas.

Para a viabilização de recursos para implantação do sistema, o governo está em conversa com o BNDES, com a Agence Française de Développement (AFD), responsável pelo financiamento do setor público e de ONGS, e com o Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), banco da Alemanha que atua na política de desenvolvimento e na cooperação internacional.

A ideia é que o AeroGV seja um sistema integrado ao Transcol, permitindo a combinação entre diferentes modos de transporte como ônibus, bicicletas, aquaviário e teleférico e também com acesso via Cartão GV. Mas ainda não há previsão de quanto o projeto será implementado.

Para o vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU/ES), Greg Repsold, uma das soluções para a mobilidade urbana passa pelo investimento em outros modais além do rodoviário, para não dividir o espaço com carros e também incentivar que a população deixe o veículo próprio em casa e use o transporte coletivo.

Sempre fui defensor de propostas de mobilidade que não priorizem o modo rodoviário. Precisamos de soluções mais imediatas, como corredor exclusivo para ônibus que ligue terminal a terminal e investimento na malha cicloviária. As soluções precisam ser estruturantes para que efetivamente as pessoas passem a usar o transporte público

Greg Repsold•Vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU/ES),


Exemplos bem-sucedidos na América Latina

Damasceno afirma que a ideia de implementar os teleféricos em Vitória e Vila Velha vieram do exemplo de várias cidades da América Latina que implementaram a solução de transporte em áreas de restrições de acesso, como os maciços e tiveram boa adaptação.

É o caso de Medellín e Bogotá, na Colômbia, Santo Domingo e Cidade do México, que usam o modelo como transporte massivo da população e também há interligação com outros modais, explica o secretário.

Fonte: Folha Vitória 


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